Wilson Faustino

As doenças neurológicas afetam milhões de pessoas e, com o envelhecimento da população, a expectativa é que o número cresça exponencialmente. A epilepsia, por exemplo, principal manifestação de disfunção cerebral, já afeta mais de 50 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A epilepsia não tem cura, mas especialistas alegam que 70% dos casos podem ser “controlados” com medicamentos farmacológicos convencionais*. Para outros pacientes que aquele tratamento não tem o efeito esperado, pode ser indicado o tratamento com canabidiol (CBD). O produto, importado dos Estados Unidos, pode ser custeado pelo governo brasileiro, desde que haja prescrição médica e sejam atendidos os requisitos solicitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
 
No Brasil, a primeira permissão para importação do canabidiol foi concedida pela Anvisa em abril de 2014, após a solicitação de Katiele Fischer, mãe de uma menina de cinco anos, com CDKL5, síndrome que, entre outras manifestações, ocasionava mais de 80 convulsões por dia na criança. “O pedido de Katiele surgiu depois que ela encontrou a página no Facebook de Penny Howard, uma americana, mãe de Harper, uma menina com CDKL5. Penny usou CBD para tratar Harper e contou que ela conseguiu reduzir a incidência de convulsões da filha de 40 por dia para zero em um período de pouco mais de 60 dias, o que permitiu à criança voltar a se desenvolver fisicamente e reestabelecer a relação com a família”, explica Stuart Titus, P.h.D e CEO da Medical Marijuana, Inc., empresa pioneira na fabricação de produtos à base de canabidiol.
 
 
“Ao contrário do que se pensa, o canabidiol não é uma substância derivada da maconha. O extrato é extraído do cânhamo e, embora a maconha e o cânhamo sejam da mesma família, a cannabis, são plantas diferentes. Enquanto a maconha é baixa e espessa, o cânhamo é alto e longo. Além das diferenças físicas, a maconha contém grandes quantidades do canabinóide psicoativo THC (tetrahidrocanabinol) e o cânhamo pode conter quantidades relativamente grandes do canabinóide não psicoativo CBD”, esclarece Titus.
 
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária já autorizou a importação da substância para o tratamento de pacientes com epilepsia refratária (desordem cerebral que gera convulsões repetidas), mal de Parkinson, dor crônica (incluindo dor de cabeça da enxaqueca), doença de Alzheimer, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Déficit de Atenção e Déficit de Atenção e Hiperatividade, autismo, esclerose múltipla e dores do câncer (na recuperação pós-quimioterapia). Além do Brasil, o canabidiol já é utilizado para o tratamento de doenças em mais de 40 países, entre eles, Estados Unidos, Reino Unido, Israel, México.