Matheus ficou conhecido como Guerreirinho pela luta contra a paralisia cerebral (Foto: Alberto Marques/AT)

A campanha Corre Guerreirinho, no Facebook, que meses atrás mobilizou milhares de pessoas para que o menino Matheus Lima dos Santos, de 2 anos, pudesse ir aos Estados Unidos para uma cirurgia, vai continuar em ação.

Desta vez, a proposta é conscientizar sobre o direito que todo cidadão tem de se locomover com segurança. A iniciativa foi confirmada, nesta quinta-feira (5), pela advogada Sandra Neves Lima dos Santos, mãe de Matheus, o Guerreirinho, da Vila São Jorge, em São Vicente.

Ao lado do marido, o supervisor técnico Anwerton Antonio dos Santos, e com o filho no colo, ela reafirmou, emocionada, que o menino voltou dos Estados Unidos com 100% de chance de começar a andar, após a cirurgia que eliminou as sequelas causadas pela paralisia cerebral espástica. O casal retornou ao Brasil disposto a dar à campanha um rumo de conscientização sobre a mobilidade social do cidadão.

“No Brasil, milhares de pessoas sofrem para se locomover. Sentíamos a dificuldade, quando saíamos com o Matheus e tínhamos de driblar os obstáculos no caminho. Nos Estados Unidos, encontramos a solução ao problema que impedia nosso filho de andar e descobrimos uma cidade (Saint Louis) onde a mobilidade é garantida para todos”, disse Sandra, lembrando que, no Brasil, o cidadão, de forma geral, enfrenta calçadas em desalinho e muitos obstáculos pelo caminho.

A família desembarcou na quinta, pela manhã, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, e trouxe da viagem de 34 dias – reservados para a cirurgia e a fisioterapia com a equipe do cirurgião T. S. Park, no Saint Louis Children’s Hospital -, esperança, alegria, planos e gratidão por todos os que colaboraram para que a cirurgia pudesse ser realizada. Durante a campanha, o casal arrecadou os US$ 58 mil (pouco mais de R$ 182 mil) necessários para o pagamento do hospital.

Família voltou dos Estados Unidos nesta quinta-feira (Foto: Alberto Marques/AT)

Sorrisos

O cansaço era evidente, após as mais de 11 horas de voo até o Brasil. Mas nem isso tirou do rosto de Matheus o sorriso que ficou guardado na memória dos profissionais do hospital norte-americano. “Ele passou os últimos 34 dias cativando a todos com este sorriso”, comentou Anwerton, que continua ansioso em estar ao lado do filho em uma caminhada. “É o que mais quero”.

Isso, no entanto, ainda vai levar um tempo. Agora, Matheus seguirá fazendo fisioterapia e exercícios especiais para aprender a engatinhar e, depois, a andar. Antes, com o problema isso não era possível.

Mas as mudanças são visíveis. “Ele já fica sentado no meu colo. Antes, até isso era difícil. Aliás, o Matheus foi para os Estados Unidos como um bebê de colo. Voltou como um mocinho, sentado sozinho na poltrona do avião”, festejou Sandra. “É um novo capítulo na história do nosso Guerreirinho”, completou Anwerton.

Como apoio para o trabalho de fisioterapia, que será feito em clínicas em Santos e Santo André, Matheus terá longa jornada de aprendizagem em casa. Para isso, os pais trouxeram alguns equipamentos. Entre eles, um triciclo adaptado, para que ele possa treinar os primeiros passos.

“Somente quem é mãe, quem é pai, entende a emoção de se ver um filho descobrindo o mundo”, contou Sandra, com largo sorriso, e agradecendo pelo apoio obtido.

Trajetória

Logo após o nascimento, Sandra e Anwerton descobriram que o filho, Matheus, tinha paralisia cerebral espástica. O problema impedia que o menino desenvolvesse os movimentos dos membros inferiores. A constatação, no entanto, não abateu o casal, que foi em busca de uma solução.

E ela veio com a descoberta do trabalho desenvolvido pelo Dr. T. S. Park, no Saint Louis Children’s Hospital, nos Estados Unidos.

Mas, para a cirurgia corretiva, seriam necessários US$ 58 mil. Então, mais uma vez, a determinação do casal fez a diferença e, assim, surgiu a Campanha Corre Guerreirinho. Em pouco tempo, o trabalho conquistou as redes sociais e a família conseguiu o dinheiro.

No dia 1º de setembro, os três foram para os Estados Unidos, onde aconteceu a cirurgia.

“Foram meses de muito trabalho, de muita ajuda, de noites de pizza, de rifas, de campanhas e, principalmente, de muito carinho recebido de pessoas de toda a região. O jornal A Tribuna também foi fundamental para que pudéssemos dar andamento à campanha por nosso Guerreirinho. Hoje, o que era um sonho virou realidade”, disse Anwerton.

Fonte: Guerreirinho lutará pela saúde de outros com dificuldade de locomoção – A Tribuna