Um projeto do Hospital das Clínicas de São Paulo vai ajudar, de uma forma nova, a reabilitação de pessoas que perderam movimentos do corpo.
Era uma festa de aniversário de criança, mas quando o desafio de um engenheiro se junta com o de um fisioterapeuta, não há guardanapo que resista.
“Eu tinha 5 dias para chegar a uma solução que tinha a ver com saúde, aí eu fui atrás do meu cunhado aqui que trouxe inspiração para gente fazer isso. Tinha que ser na festa de aniversário da filha dele”, explicou o engenheiro de produção e líder de inovação, Roberto Frossard.
Assim nasceu o esboço de um projeto de ponta e muito barato para ajudar na reabilitação de acidentados e deficientes físicos.
“O processo de reabilitação envolvendo exercício de fisioterapia ou exercícios de terapia ocupacional, ele necessita que o paciente realize esse exercício de forma contínua”, disse o fisioterapeuta Wagner Lopes.
Um ano e meio depois daquela conversa na festa de aniversário já é realidade no Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Realidade virtual mexendo com a vida real de pessoas que perderam movimentos do corpo.
Francisco era cirurgião, ficou tetraplégico em um acidente durante um treino de luta marcial. Há mais de um ano ele faz terapias de reabilitação: necessárias, mas cansativas. “No começo você faz tudo, mas com o passar do tempo, as repetições se tornam bem maçantes”, afirmou o médico Francisco Oliveira Lima.
Que tal então fazer os exercícios jogando? “Isso me ajudou bastante. Sou bem mais independente agora. Eu consigo me movimentar sozinho, alimentar, escovar os dentes, pentear cabelo. Tudo isso eu consegui com ajuda da terapia ocupacional e da fisioterapia e fortalecendo com essa realidade virtual”, explicou Francisco.
Os óculos de realidade virtual são feitos de papelão com lentes que custam R$ 10, mas podem ser feitos até com fundo de garrafa pet. Uma versão de baixo custo do bracelete que capta os impulsos elétricos do paciente que está jogando vem sendo desenvolvida no laboratório, que já faz próteses baratas em impressora 3D.
A equipe que está trabalhando no laboratório de reabilitação vai disponibilizar, de graça, o aplicativo do jogo que poderá ser baixado em qualquer celular. O produto, ainda em desenvolvimento, já está chamando a atenção em feiras de tecnologia, como uma em Dubai. O empenho agora é para finalizar o projeto e espalhar a novidade.
“Levar essa tecnologia para o SUS, ou seja, mesmo remotamente, paciente que esteja em outro estado, que esteja em um outro lugar, que ele tenha acesso a isso e que ele possa fazer os treinos dele junto com o profissional que tiver acompanhando em um processo de reabilitação”, disse a coordenadora do projeto, Candida Luzo.
Fonte: Jornal Nacional – Projeto de hospital em SP ajuda quem perdeu movimentos do corpo