Fala galera, é chegada a época das Eleições 2018, e preparamos uma série de entrevistas com candidatos “pessoas com deficiência”, que lutam pela causa da inclusão e que esperamos que nos representem nesse nosso Brasil que todos queremos, hoje começamos com o candidato estadual da Bahia, o Rafael Medeiros, que tem uma história de vida incrível, autor de livros, cadeirante, esposo e agora futuro pai, íntegro e que já ajuda muitos outros pcds na bahia, independente da política, assim fizemos contato e ele prontamente nos atendeu, e respondeu majestosamente nossos questionamentos, segue abaixo nossa entrevista:

 

  • Quem é Rafael Medeiros?

Rafael Medeiros é uma pessoa simples e determinada. Tenho 34 anos, sou natural de Irecê, interior da Bahia. Quando tinha 17 anos, meu pai saiu de casa e foi morar com uma amante que o assassinou. Sete anos depois, sofri um acidente no qual fiquei cadeirante e também morreram a minha mãe irmã e primo. Nessa época, fiquei até mesmo sem dois reais para cortar o cabelo. Assim, tive a ideia de vender trufas e tempero em supermercado, vender chocolate quente e pintar camisa. Mas teve um dia que resolvi voltar a estudar, conseguindo me graduar em enfermagem e em direito. Aí passei em diversos concursos, sendo auditor do PLANSERV, do Hospital do Pedro de Alcântara e enfermeiro das prefeituras de Irecê e Salvador. Além de fundar empresas e escrever alguns livros. Hoje, com o dinheiro proveniente da veda dos livros, faço doação de cadeira de rodas motorizadas e adaptações de casas para as pessoas com deficiência.

  • Por que você quer ser Deputado Estadual da Bahia?

Fiquei um ano trancando no quarto em estado de depressão. Durante esse período, entendi que viemos ao mundo para um ajudar o outro. Hoje, com o meu projeto, conseguimos ajudar um número restrito de pessoas, pois uma cadeira motorizada custa mais de R$ 10.000 (dez mil reais). Assim, caso eleito, vamos ajudar muito mais pessoas. Eu garanto que vamos mudar a vida das pessoas com deficiência na Bahia. Dinheiro o Governo tem, só não é bem utilizado. Uma prova é uma denúncia que fiz referente aos R$ 42.000.000 (quarenta e dois milhões de reais) que os CEPRED´s da Bahia não utilizaram para fazer concessão de órteses, prósteses e materiais especiais (OPME) para as pessoas com deficiência. Ou seja, milhares de pessoas pegam filas de mais de dois anos para conseguir uma cadeira de rodas, eles têm o dinheiro mas não usam. É um absurdo e uma falta de respeito e compromisso com as pessoas com deficiência.  Caso eleito, vamos mudar isso, vamos regionalizar essa concessão.  Vamos fazer com que em todas as regiões da Bahia tenham CEPRED´s.

 

  • Quais são suas prioridades dentro de tudo o que um estado precisa? Nós temos aqui alguns itens: saúde, educação, segurança, lazer, habitação, transporte público e previdência. Como você as colocariam numa ordem de prioridade?

A Bahia precisa urgentemente de uma organização na concessão das OPME. Tem pessoas que não saem em casa porque não tem uma cadeira de rodas. Na minha opinião, o direito de locomoção é o mais nobre defendido pelo Estado. Ter o direito de se locomover, de sair, de ir uma praça é fundamental para o ser humano. A human rights watch acabou de divulgar um relatório referente a pessoas com deficiência. Nele, os pesquisadores citam o caso de um rapaz da cidade de Salvador que tem o sonho de ir a praia, apesar de morar a apenas a 200 metros do mar, ainda não o realizou porque não tem uma cadeira de rodas. Por esse motivo, minha principal prioridade será a concessão dos equipamentos para as pessoas com deficiência.

A ordem das prioridades serão: saúde, educação, habitação, transporte público e previdência. Adiciono também a essa lista o emprego, pois nós, pessoas com deficiência, temos que entrar para o mercado de trabalho.

Se você for eleito Deputado Estadual, qual será sua primeira medida ao tomar posse, quais propostas pretende apresentar no início do mandato?

Tenho mais de 15 propostas para melhorar a vida das pessoas com deficiência. Tenho certeza que iremos mudar para melhor a vida de todos. Quer quiser ver todas as propostas de forma detalhada, basta acessar o site www.euvotocomocoracao.com.br ou baixar o aplicativo Rafael Medeiros no Google Play. 

BAIXE AQUI

  • Redesenho da Rede de Concessão de OPME
  • Implantação de CER em todas as regiões da Bahia e oficinas ortopédicas
  • Oficinas Ortopédicas
  • Passe de transporte unificado
  • Isenção Zona Azul
  • Isenção de IPTU
  • Diminuição carga horária para responsável de pessoa com deficiência
  • Apresentar como sugestão a ampliação do Benefício de Prestação Continuada
  • Atuar para aprovação do Auxílio-Inclusão
  • Incentivo Empreendedorismo
  • Cotas funcionários comissionados
  • Subsidio compra veículos
  • Indicação SAC
  • Indicação Delegacias das Pessoas com Deficiência e Idosos
  • Cadastro Estadual Pessoas com Deficiência

 

 

  • Toda a população baiana espera mudanças e todo candidato traz no seu discurso “essa mudança”.Como mudar nesse cenário tão engessado, um ambiente formado por muitas pessoas do tempo de 1900 e vovô no auge? Ou seja, como você pretende promover essa mudança?

Realmente é muito difícil. Mas a mudança que pretendo fazer é mais organizacional. O que as pessoas com deficiência  precisam é apenas de um representante preparado de verdade. Leis e dinheiro temos, o que não temos é uma pessoa interessada de verdade na solução dos problemas das pessoas com deficiência. Só quem tem uma deficiência sabe de verdade o que é ser deficiente, o que é ser discriminado, o que é ir a um hotel e não poder ficar por falta de acessibilidade, ser eliminado de um concurso apenas pelo fato de ser deficiente. A partir do momento em que tivermos uma voz ativa, a vida das pessoas com deficiência irá melhorar em toda a Bahia. Isso eu garanto.

  • O que as pessoas com deficiência da Bahia podem esperar de novo, em relação à inclusão, em seu mandato?

 

As pessoas com deficiência não precisarão mais vir a Salvador apenas para ser avaliado para “pegar” uma cadeira de rodas no cepred. Isso é uma humilhação, uma falta de respeito com o ser humano. Pessoas com deficiência vêm em ambulâncias, viajam mais de 12 horas, ficam em filas na porta do cepred de 4h da manhã até meio dia. E muitas dessas pessoas nem dinheiro para comer têm. Após o atendimento, elas pegam a ambulância e viajam mais 12 horas de volta a sua cidade. Essa é a realidade hoje das pessoas com deficiência no Estado da Bahia.

  • A Bahia ainda tem desafios gigantescos para promover acesso às pessoas com deficiência à escola, ao mercado de trabalho e à vida social básica. De que forma no seu mandato você poderá contribuir para melhorar essa realidade?

 

 As pessoas com deficiência precisam de um representante na assembleia legislativa. Para se ter uma ideia, temos uma superintendência que não tem verba fixa destinada mensalmente, dessa forma não é possível nem mesmo planejar. Analisando a lei orçamentária anual, podemos constatar que foi “previsto” a destinação de apenas R$ 30 mil reais para o Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, enquanto para outros conselhos, a verba foi de R$ 500 (quinhentos mil reais), uma diferença enorme.

Vamos organizar e chamar atenção para as pessoas com deficiência. Temos que ter uma integração entre os governos municipais, estaduais e federal. Eu não sou direita e nem esquerda, eu sou uma pessoa com deficiência e luto pelos direitos das pessoas com deficiência. Ponto. Quando fui doar uma cadeira de rodas do meu projeto social, nunca perguntei qual era o posicionamento político da pessoa.

Esses dias, por exemplo, fui conversar com uma pessoa da esfera governamental sobre a dificuldade de transporte das crianças que moram no Jardim das Margaridas, em Salvador, para irem a escola. A pessoa me respondeu que o transporte era de competência da prefeitura. No mesmo momento eu disse que não era bem assim, e mostrei que o Estatuto da Criança e do Adolescente diz que em seu parágrafo 4o que

Art. 4º “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.

Ou seja, o estado e toda a sociedade é omissa quando as nossas crianças não têm acesso a escola, saúde…

Assim, sendo eleito, serei um defensor atuante dos direitos das pessoas com deficiência. Vamos mudar para melhor a vida das pessoas com deficiência no Estado da nossa Bahia.

  • Qual o seu diagnóstico acerca da fiscalização e cumprimento da inclusão e acessibilidade hoje no estado?

 

Péssimo. Não tem fiscalização. Faço um desafio peço para qualquer um me indicar 3 hotéis com pelo menos um quarto adaptado para pessoas com deficiência na cidade de Salvador. Fui dar um palestra, tive que percorrer quase todos os hotéis da cidade para encontrar um com um quarto adaptado. Se nas duas cidade maiores da Bahia a situação é precária desse jeito, imagine nas outras cidades.

Deixei para falar do cumprimento da inclusão depois pois fui vítima de preconceito quando fui assumir o concurso que estou hoje na prefeitura de Salvador. O médico perito me eliminou do concurso pelo fato de eu ser cadeirante. A minha sorte foi que quando ele começou a me agredir com palavras preconceituosas, eu comecei a gravar a conversa. Ele falava para eu calar a boca, mandou eu ficar em pé mesmo sabendo que era impossível por causa da minha lesão, mandou eu tirar toda a roupa sentado na cadeira de rodas e perguntou se eu tinha ereção. Pergunta sem fundamento para o exercício da profissão de enfermeiro.

Assim, irei fazer programas para educar a população e reciclar servidores públicos para atenderem as pessoas com deficiência de forma digna e respeitosa.

  • Como melhorar o transporte coletivo e torna-lo efetivamente inclusivo?

 

Transporte coletivo é um problema crônico. Vemos ônibus com o adesivo de acessibilidade apenas de enfeite. A primeira medida será lutarmos para proibir essa enganação. Depois vamos fiscalizar para o cumprimento da acessibilidade em todas as rodoviárias da Bahia, pois nós, pessoas com deficiência, já cansamos de ser carregadas para entrar nos ônibus. Queremos ser tratadas com dignidade e respeito.

Quanto as ônibus urbanos, vamos fiscalizar os coletivos de forma efetiva. Já o metrô de Salvador, eu só posso parabenizar pela acessibilidade e o atendimento dado às pessoas com deficiência.

E é claro quando se fala em transporte para pessoas com deficiência, não posso deixar de falar o passe para as pessoas com deficiência. Vamos lutar para unifica-lo, fazer com que apenas um passe dê direito as pessoas com deficiência terem acesso a todos os transportes municipais, intermunicipais e interestaduais.

  •  Quantas pessoas com deficiência você pretende empregar como seus assessores?

 

Faremos núcleos das pessoas com deficiência em nosso gabinete. Os coordenadores de todos esses núcleos serão pessoas com deficiência. Enquanto as empresas escolhem as pessoas com deficiência apenas para ocuparem cargos de menor importância, vamos colocar nos principais cargos. Vamos mostrar que temos capacidade para gerenciar uma equipe e com competência.

  • Como vê o empreendedorismo e empregabilidade da pessoa com deficiência?

 

Apenas 1% das pessoas com deficiência está no mercado de trabalho. Isso já mostra a péssima situação da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Esse foi o assunto de minha monografia do curso de direito. Acredito que umas principais formas da real inclusão da pessoa com deficiência é o trabalho. Empreender é produzir, faz com que a pessoa com deficiência se sinta útil para a sociedade. Meu segundo projeto social, eu fazia doação de mil reais para as pessoas com deficiência que quisesse abrir algum pequeno negócio, como por exemplo, vender trufas. Me lembro que foi a maior dificuldade do mundo juntar R$ 300 (trezentos reais) para comprar os materiais para fazer as trufas para eu vender assim que fiquei cadeirante. Assim, incentivo as pessoas com deficiência empreenderem, abrirem um pequeno negócio até mesmo serve de terapia para evitar um depressão ou qualquer outro problema de saúde.

Há também um grande problema que inibe as pessoas com deficiência, pois uma grande parte das pessoas com deficiência recebe o Benefício de Prestação Continuado, que é suspenso caso o beneficiário comece a trabalhar. Aí eu pergunto: quem, em sã consciência, quer deixar de receber 1 salário mínimo do governo para ir à rua, pegar chuva, sol, transporte sem acessibilidade e receber o mesmo 1 salário mínimo? Ninguém, é claro. Temos que lutar para que seja aprovado o auxílio-inclusão, que será um dinheiro extra para a pessoa com deficiência. Aí sim será um atrativo e incentivará à pessoa com deficiência sair de casa para trabalhar, pois além do salário do empregador, poderá receber mais um salário do governo.

 

  • Você como enfermeiro sabe das dificuldades e desafios enfrentados no dia a dia, quais propostas são necessárias na promoção da saúde da pessoa com deficiência e fornecimento de materiais descatáveis, como cateter hidrofílico, além de remédios, cirurgias e atendimento pelo SUS?

 

A situação está péssima e caminha para pior. O congelamento dos gastos públicos por 20 anos com a saúde foi um tiro de misericórdia no SUS. Fila imensas, falta de material e desvio de dinheiro colocaram a nossa saúde na UTI. Sabemos que tem o dinheiro, o problema é a má gestão e o desvio desses recursos. Esses dias mesmo gravei um vídeo falando dos R$ 42.000.000 (quarenta e dois milhões de reiais) que os CEPRED´s da Bahia não utilizaram para a concessão de cadeira de rodas e outros materiais para as Pessoas com Deficiência. É um absurdo.

Temos que fazer uma reunião entre as três esferas de governo, traçar suas obrigações e cobrar para que sejam implementadas. Não podemos mais viver nesse descaso, não podemos mais viver nessa história de um faz de contas. Pessoas com deficiência passando necessidade, sem materiais essenciais para a manutenção de sua saúde, apenas pelo fato de uma organização na rede. Temos que fazer essa reestruturação, fazer com que o dinheiro seja realmente investido na melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência. Iremos mudar para melhor a vida de todos no Estado da Bahia. É essa a minha missão. Com fé em Deus iremos conseguir!

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