Foi muito legal e desafiador ao mesmo tempo. Eu tinha apenas uma ideia do que era porque assistia aos vídeos do TEDx no YouTube.

Foto da Nathalia Blagevitch sentada em uma scooter em um palco. Ela está em um auditório. Ao fundo, há um telão que mostra Nathalia usando luvas de boxe, em pé, na frente de um homem que também está usando luvas de boxe.

Nathalia Blagevitch no auditório do TEDxDanteAlighieriSchool. Foto: Facebook / TEDxDanteAlighieriSchool

Palestrar no TEDx Talks no dia 15 de setembro de 2018 foi um grande sonho realizado. Eu não achava que aconteceria neste ano, mas fui surpreendida. Cheguei até a mencionar sobre essa possibilidade com meu ex-chefe no dia em que me desliguei do curso que trabalhava. “Vou me preparar para dar mais palestras e, algum dia, você ainda vai me ver falando no TEDx”, disse. E, para minha surpresa e alegria, veio o convite para palestrar no TEDxDanteAlighieriSchool dois meses depois.

Foi muito legal e desafiador ao mesmo tempo. Eu tinha apenas uma ideia do que era porque assistia aos vídeos do TEDx no YouTube. Percebi que, ao vivo, a coisa é totalmente diferente. O tempo para falar foi bastante reduzido e tive que ser mais objetiva na minha fala (imagine reduzir uma palestra de uma hora para até quinze minutos!). Dei um jeito de falar tudo o que era importante sobre o tema, que foi “A eficiência na deficiência: tipos de movimento”. Participei de muitos ensaios e tive vários feedbacks durante a preparação, como aprender a respirar (para o microfone não captar respiração), não falar de marcas, vícios na fala, etc.

Logo que recebi o convite, vi a proposta e tive um impacto logo de cara. Não perdi tempo e liguei para a organização para saber se eles estavam certos do pedido, se eu era a pessoa escolhida, porque eu tenho 100% do movimento corporal por causa da paralisia que limita a mobilidade da parte direita do meu corpo. E eles responderam que sim, era realmente pra mim, afirmando que criei outras formas de movimento.

Pensar nisso foi mais do que desafiador, porque eu gosto de estar no movimento e não necessariamente de me movimentar. Gosto de fazer parte de movimento de mudança de consciência. De ter uma vida movimentada, de assistir ao movimento, não só de participar dele.

Eu abordei isso de duas formas no TEDx. Uma delas foi contando sobre o movimento #Defitness, que idealizei com Hamilton Almeida (Casa Adaptada) e Paulo Oliveira (Amigos Cadeirantes). A ideia da iniciativa foi incentivar o movimento – não importa se é da maneira convencional, fazendo exercícios ou de uma maneira que traz bem-estar. E também tem o aspecto sobre a falta do movimento também, que é a questão das calçadas da cidade de São Paulo. Dei o seguinte exemplo na palestra: “Se o açúcar da minha casa acabar, eu não tenho como ir na casa da vizinha porque as calçadas são horrorosas e impedem que eu desloque até lá. E se eu quiser comprar um pão na padaria, eu também não consigo”.

Um dos insights que tive foi perceber que eu ressignifiquei a palavra movimento. Eu não preciso necessariamente movimentar os meus braços e pernas, mas posso criar movimentos verbais e movimentos de mudança de consciência.

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O que me motiva a dar palestra

A primeira palestra que dei foi graças ao convite da mãe de um amigo. Fiquei com borboletas no estômago e foi a melhor sensação da minha vida. Penso que a palestra já vai ser válida se eu tocar o coração das pessoas de alguma forma, nem que seja por dez segundos. Eu também aprendo muito com as perguntas e os apontamentos que são feitos ao longo dessa vivência. É uma experiência única de troca.

Sentir o calor que eu senti no TEDx foi muito especial. Na hora que entrei, todo mundo me aplaudiu e senti uma energia que vou levar para sempre no meu coração. Principalmente quando eu tiver dúvidas do que faço ou nos momentos desafiadores. Nem sempre tudo sai 100% do jeito que a gente imagina. É dar um jeitinho ali e continuar. Isso é um desafio que vou levar para o resto dos meus dias.

Assista à minha palestra completa no TEDxDanteAlighieriSchool: