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“Quando você acha que já fez tudo o que podia, espere por mais cinco segundos. Muita coisa pode mudar num instante”.

A frase que o astro Paralímpico italiano
carrega como lema para sua vida diz muito sobre a sua trajetória. Após perder as pernas em um acidente durante uma etapa da Fórmula Indy em 2001, o ex-piloto de automobilismo dedicou-se ao ciclismo de estrada e conquistou dois ouros em Londres 2012 – triunfos que o tornaram um dos atletas com deficiência mais conhecidos de todo o mundo.

Com os Jogos Rio 2016 na mira, Zanardi contou, em entrevista exclusiva ao rio2016.com, como foi seu processo de reabilitação e sua expectativa para ver o Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos – que, de acordo com ele, têm tudo para ser os mais originais da história.

Londres deixou um grande legado, mas acho que seria um erro tentar fazer Jogos melhores que os britânicos apenas copiando o que eles fizeram. Vocês têm que ser os mais originais. Se as competições forem de uma maneira bem brasileira, copiando das outras edições somente o necessário para uma organização boa e eficiente, tenho certeza que vocês irão atingir o objetivo.

Os Jogos devem ter marcas diferentes dos outros, e o Brasil é o país com maior potencial para aceitar e vencer esse desafio”, afirmou Zanardi.Zanardi ficou com o ouro nas provas de ciclismo de estrada e contrarrelógio em Londres 2012

(Foto: Bryn Lennon/Getty Images)

Foi em 2012, nos Jogos de Londres, que Alex Zanardi entrou para a história Paralímpica – a jornada até suas duas medalhas de ouro, no entanto, começou muito antes. Em setembro de 2001 (exatos 11 anos antes), Zanardi corria a etapa de Lausitz da Fórmula Indy, na Alemanha.

Em uma temporada ruim, o italiano largou naquela prova da 22ª posição de um total de 27 carros. Conseguiu chegar à liderança da prova após uma grande corrida de recuperação – aquela no entanto, não seria sua reabilitação mais importante. Faltando 13 voltas para o fim da prova, se envolveu a mais de 300km/h com o canadense Alex Tagliani no acidente que lhe custou as pernas.

“Não foi fácil voltar com uma adversidade tão inesperada. Demorei um ano para me reabilitar completamente e conseguir usar minhas próteses de maneira eficiente”, contou.

Inspiração para mais vitórias

No socorro aos pilotos, o médico Terry Trammel conta ter visto algo no chão que, em um primeiro momento, achou ter sido óleo; era sangue de Zanardi. Do acidente até o hospital, percurso feito dentro de um helicóptero, o italiano chegou a perder 70% do sangue do corpo e sofreu diversas paradas cardíacas.

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Os médicos sabiam que sua sobrevivência era improvável. Era a ressureição de um grande campeão. De uma experiência que poderia ser traumática, Zanardi tirou forças e inspiração para mais vitórias.“Nunca pensei em desistir do esporte. Mesmo no hospital, logo após o acidente, eu sabia que eu era a mesma pessoa, o mesmo piloto, o mesmo atleta de antes de perder minhas pernas.

A natureza nos dá as pernas por uma razão, e eu entendi o acidente como uma oportunidade de investigar de que outro modo eu poderia usar meus talentos, agora só com braços e mãos. E mesmo assim eu consegui vencer corridas tanto de automobilismo, como de ciclismo para pessoas com deficiência”, afirmou o italiano, que, após sua recuperação, voltou a Lausitz para completar as 13 voltas que restavam da prova em que se acidentou.

Sua aventura no ciclismo começou com um convite para participar de um evento para promover a Maratona de Nova York, uma das mais famosas do mundo. Ele aceitou, mas com uma condição: participar da prova, com sua bicicleta. Terminou em quarto lugar naquele ano; em 2011, foi campeão.

“Quando deixei o automobilismo de lado para me preparar para o ciclismo pensando em disputar os Jogos de Londres, até minha esposa duvidou de que eu estivesse fazendo a coisa certa. Mas o ponto é que ‘coisa certa’ não existe, ou pelo menos muda, de acordo com aquilo que você realmente deseja fazer.

Na minha vida eu aprendi a sincronizar os desejos do meu coração ao meu cérebro, e não o contrário. Vencer em Londres foi incrível, mas os três anos de preparação anterior aos Jogos é que têm o grande valor, porque ali eu estava apenas fazendo o que amo fazer, eu estava fazendo o que realmente escolhi fazer. Eu não pulei na minha handbike porque eu queria vencer em Londres. Eu venci simplesmente porque queria muito andar naquela bicicleta”, contou.Locais de competi