Carla Nascimento

Lucas Bontempo, de um ano e quatro meses, passa grande parte do dia brigando contra a gravidade, como fazem muitas crianças da sua idade, aprendendo a andar.
Que palavra ele falou pela primeira vez? “Bola”, seu brinquedo preferido. Mas, antes que possa chutá-la, como tanto tenta fazer, o menino precisa passar por uma cirurgia para vencer uma malformação congênita em no máximo sete meses para, assim, finalmente dar seus primeiros passos sozinho. O problema do pequeno, diagnosticado assim que nasceu, impediu o desenvolvimento de um osso da perna, a fíbula, e causou graves deformações no pé e no tornozelo.
Ele também não tem um dos dedinhos. Há um mês, desesperada para conseguir os R$ 400 mil que faltam para pagar pela cirurgia nos Estados Unidos, a família, que vive em Goiânia, Goiás, recorreu à internet para arrecadar doações. Foi a única forma que encontrou para tentar evitar a amputação da perna direita da criança.
                              Foto: Reprodução / Facebook
                       Lucas tem graves deformações no pé e no tornozelo, além de não ter um dos dedinhos.
             Lucas tem graves deformações no pé e no tornozelo, além de não ter um dos dedinhos.
Vendemos carro, casa e tudo o que podíamos quando recebemos o orçamento, e também pegamos empréstimos com família e amigos, mas não deu para completar o valor.
Aí resolvemos recorrer às redes e, em um mês, conseguimos mais de R$ 50 mil. As pessoas ajudam como podem, desde R$5 até R$ 1mil, e qualquer quantia para nós é muito importante — conta a mãe, Mariana Bontempo, de 27 anos, que ainda descreve o comportamento de Lucas: — Ele é muito alegre e saudável, não toma nenhum medicamento. Só tem mesmo esse problema na perninha, mas é um menino como os outros — diz.
Foto: Site
                                             Lucas posa com a mãe, Mariana:
                 Lucas posa com a mãe, Mariana: “Não vou desistir de ver meu filho andar”, diz ela.
Mariana, que deixou a carreira de fotógrafa para cuidar de Lucas, conta que a cirurgia no exterior é a alternativa que apresenta mais garantias de uma vida adulta normal para o menino e que, caso o procedimento dê certo, poderá até praticar esportes como corrida e basquete, por exemplo.
Lucas tem o tipo mais grave dessa malformação e quanto mais rápido for operado, melhor será o resultado. No consultório, o médico mostrou imagens de adultos que, quando pequenos, fizeram a mesma cirurgia que meu filho vai fazer e eles são perfeitos. A gente chorou demais. Ele vai andar, correr, pular e tudo o que quiser— revela ela, otimista.
                                 Foto: Reprodução / Facebook
                                 Lucas tem graves deformações no pé e no tornozelo, além de não ter um dos dedinhos.
                    Lucas tem graves deformações no pé e no tornozelo, além de não ter um dos dedinhos.
O procedimento é complexo e consiste em uma série de cirurgias que vão reestruturar a perna de Lucas. Para isso, Mariana e o filho terão que passar um ano nos Estados Unidos, até que o pequeno esteja pronto para voltar para casa.
É como se fossem desmontar e montar a perna dele de novo. Não é simples: as pernas esquerda e direita já têm 5cm de diferença de tamanho. Quando ele crescer, esse número deve aumentar para 23cm, isso se ele não passar pela cirurgia. A única saída seria amputar. Mas eu quero vê-lo andando com a própria perninha dele e não vou desistir — explica a mãe.

Fonte: extra.globo.com