Se para andar pelas ruas de Belém, muitos pedestres ficam atentos aos diversos obstáculos que surgem pelo caminho, para as pessoas com alguma dificuldade de visão, os desafios são ainda maiores.

“Tem que ter essa organização pra gente se encontrar e não se machucar. Em casa a gente se garante e fora também, mas na rua…é um sufoco!”, conta a professora Núbia de Freitas, que assim como o marido Thonnys Athos Moraes, possui baixa visão e por isso organiza tudo dentro de casa como forma de garantir a autonomia do casal.

E foi pensando em soluções que podem facilitar o cotidiano de deficientes visuais que o estudante de engenharia da computação Paulo Tássio Melo dedicou-se durante um ano a uma criar uma luva especial: ela tem sensores ultrassônicos que emitem ondas magnéticas, de maior ou menor intensidade, e um motor que provoca vibrações, iguais as de um telefone celular. O equipamento ajuda a identificar qualquer obstáculo.

“Se vibrou mais forte, o obstáculo está mais próximo. Se vibrou com uma intensidade menor, quer dizer que o objeto está mais distante. Então, conforme eu vou caminhando na rua, essas vibrações vão me identificando até no máximo de um metro e meio de onde estão os objetos”, explica o estudante

Thonnys topou participar de um teste e rapidamente entendeu como o mecanismo funciona.

“Aqui tem alguma coisa….parece um poste”, afirma o funcionário público.

Ele relembra as diversas dificuldades pelas quais passou ao se deslocar pelas ruas.

“Eu já bati em orelhão, cai em buraco, bueiro, carro… Já me bati, encarei bicicleta, e isso tudo na calçada”, detalha o jovem, que estava meio desconfiado no início da experiência, mas logo aprovou o equipamento.

De acordo com o professor e orientador do projeto, Johelden Bezerra, afirma que a luva nem custou tão caro e que pode ficar ainda mais barata.

“O desenvolvimento do software, entre comprar alguns componentes, sai a R$ 150. E se esse protótipo for aprovado, pode ter custo reduzido”, declara.

As pesquisas ainda continuam, e a luva deve ficar menor e mais confortável. Thonnys também dá suas sugestões:

“De repente uma pulseira, um relógio, uma coisa que seja assim mais discreta… Vai chamar muita atenção na rua”, brinca.

É quando o criador do projeto dá a boa notícia:

“A versão final você vai ganhar uma de presente”, garante o estudante, enquanto abraça o novo amigo.

Paulo foi selecionado para apresentar o projeto em uma feira de ciência e tecnologia no Rio de Janeiro e fala sobre essa experiência.

“Uma das coisas que mais satisfaz o desenvolvedor é ver que realmente não só o seu trabalho ele tá tendo reconhecimento , mas como ele está realmente atingindo o seu objetivo, que é ajudar as pessoas”, conclui.

Fonte: G1