Na mais recente seleção de trainees da gigante de auditoria e consultoria PwC, foram selecionadas pelo país 40 pessoas com deficiência de uma só vez, número recorde para a empresa e que chama a atenção em qualquer processo seletivo. A medida não é acaso nem tomada para atender a lei, a inclusão tornou-se diretriz da multinacional no Brasil.
Nos últimos dois anos, todo cargo vago nas áreas técnicas e administrativas na companhia tem de ser preenchido , preferencialmente, por uma pessoa com deficiência.
Para 2018, a empresa pretende adotar outra medida inclusiva pouco comum, alocar orçamento específico para acessibilidade e inclusão.
O recurso, ainda sem estimativa de valor, será tanto para a adoção em suas unidades de mudanças arquitetônica como para implantação de tecnologia de apoio ao trabalhador com deficiência.
O dinheiro será usado também para a compra de equipamentos pessoais que possam melhorar a performance do empregado, como cadeiras de rodas modernas, óculos especiais para deficientes visuais, aparelhos auditivos para surdos, entre outros.
“Nossas equipes estão focadas no tema inclusão e a conscientização para ir além acontece no dia a dia. Não abrimos mão da competência, ninguém entra pela porta dos fundos, mas também não nos conformamos com a mentalidade de que não há gente capacitada. O trabalho é pró-ativo em busca desses profissionais”, afirma Marcos Panassol, sócio da PwC.
Três dos 15 funcionários com deficiência visual da empresa receberam óculos de inteligência artificial que fazem, entre outras coisas, reconhecimento facial e leitura de documentos. Cada unidade custa R$ 15 mil.
Segundo os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2015, 403,2 mil pessoas com deficiência atuam formalmente no mercado de trabalho, correspondendo a 0,84% do total dos vínculos empregatícios.
Cerca de 10 milhões de brasileiros com deficiência teriam capacidade de preencher vagas de emprego por meio da Lei de Cotas, em estimativa do ministério.
Para Tabata Contri, consultora de inclusão da Talento Incluir, “as empresas estão entendendo que incluir não é apenas contratar”.
“Inclusão não é caridade, e sim troca. Pessoas com deficiência podem trazer resultados se forem olhadas como profissionais, se prepararmos os gestores com informações suficientes para que se sintam capazes de fazer a gestão de qualquer pessoa, se olharmos que acessibilidade é importante para o mundo, não só para quem tem deficiência.”
Fonte: Folha de São Paulo