A história da estimulação epidural

100% das receitas angariadas na Wings for Life World Run financiam projetos de investigação, como é o caso do estudo “A Grande Ideia” (The Big Idea), que pretende capitalizar cinquenta anos de pesquisa sobre a tecnologia da estimulação epidural e terapia para ensaios clínicos. Poderá um dia ser esta a cura para que os pacientes com lesões na espinal-medula voltem a andar?

E aqui tens o que teve de acontecer para chegarmos a este ponto. É uma viagem através do tempo, com pequenos passos e um grande objetivo.

1965
Foi o ano em que surgiu a teoria de “Controlo das Portas da Dor” (the gate control theory) pela mão de dois professores, o Prof. Melzack, do Canadá, e o Prof. Wal, dos Estados Unidos da América. Uma teoria que explora a ideia de que os sinais de dor podem ser controlados e reduzidos quando certos estímulos são aplicados na espinal-medula.

1969
Na Suécia, o Professor Grillner descobre uma rede de nervos na coluna – “o centro de locomoção” – que controlam o movimento.

1971
Nos Estados Unidos, na clínica Gundersen sob a liderança do Professor Shealy, foi implantado na espinal-medula o primeiro estimulador epidural, com o objetivo de tratar a dor crónica.

1981
Na Suécia, o Professor Grillner volta a dar um passo na história ao apresentar a estrutura e função do “centro de locomoção da coluna” e denomina-o de “Gerador Central de Padrões” (CPG).

1987
No Canadá, o Professor Rossignol descobre que aplicando um certo estímulo sensorial no CPG de um gato paralisado, permite que este se consiga levantar e volte a andar.

1992
Um ensaio clínico conduzido pelo Professor Werning em Bona, na Alemanha, descobre que o treino intenso de movimentos melhora a capacidade de andar em pacientes com paralisia incompleta.

1994
Neste ano, o CPG parece dar cartas da sua funcionalidade quando o Professor Calancien, nos EUA, vê a hiperextensão dos quadris desencadear um movimento de andar num paciente com lesão medular crónica.

1998
Em Houston, nos Estados Unidos da América, o Professor Dimitrijevic usa pela primeira vez um estimulador epidural num paciente completamente paralisado. Este provoca movimentos rítmicos na perna, sob a qual o paciente não tem controlo.

2004
A Wings for Life junta-se à missão de encontrar uma cura para as lesões na espinal-medula. Num dos primeiros projetos apoiados pela Wings for Life, uma investigação levada a cabo em Viena pelo Professor Dimitrijevic e pelo Professor Kern, mostra que a estimulação epidural também altera a resposta muscular das pernas.

2006
Desta vez no Canadá, o Professor Rossignol descobre que a resposta sensorial ao CPG significa que os pacientes poderiam adaptar os seus movimentos para se adequar ao ambiente, de forma a evitar obstáculos e a adaptarem-se a superfícies irregulares.

2009
Na Suíça, com a orientação do Professor Courtine, alguns ratos paralisados conseguem fazer o movimento relativamente coordenado de andar e de suportar o seu próprio peso, sob efeito da estimulação epidural.

2011
A Professora Harkema ajuda um paciente com paralisia motora completa e com paralisia sensorial parcial a recuperar movimentos voluntários, após sete meses de tratamentos de estimulação epidural e de treino para se “manter” em pé.

2014
A terapia experimental combinada da Professora Harkema ajuda mais três dos seus pacientes a ter melhorias no sistema nervoso autónomo.

2015
Na Suíça os Professores Lacour e Courtine desenvolvem um estimulador flexível – o e-Dura – composto por suaves polímeros e ouro maleável. O e-Dura não só se adapta à forma e ao movimento da espinal-medula, como ainda liberta substâncias farmacológicas localmente.

2016
A Grande Ideia (The Big Idea) – um estudo clínico que envolve 36 pacientes – vai começar no início do ano, sob a orientação da Professora Harkema.

Source: A história da estimulação epidural