Amor é um direito humano (sexo também?)

Não é uma novidade o anseio social de ditar regras para o desejo do outro, que pode se manifestar em um comportamento quase doentio de disciplinar os corpos alheios. Muitas vezes ignoramos – por desconhecer ou por desejar usurpar o direito do outro – que a sexualidade se manifesta no ser humano e pode se expressar através da construção de gênero, do desejo e do estabelecimento de relações afetivas e sexuais.

Isso faz com que a discussão sobre tal assunto ainda esbarre em diversos tabus. Tais bloqueios são ainda mais intensos quando o tema sexualidade vem associado à deficiência, de modo que, em grande parte pela falta de conhecimento, são propagados e perpetuados mitos, tais como:

  • pessoas com deficiência não podem ter uma vida sexual ativa;
  • são incapazes de manter um relacionamento amoroso ou sexual;
  • não podem ser atraentes;
  • não sentem desejo sexual;
  • não podem sentir prazer,
  • só podem gerar filhos com deficiência;
  • não são capazes de cuidar dos seus filhos.

Estes “rótulos”, tão presentes na nossa cultura, servem apenas para limitar nossa percepção sobre um ser humano que é único – afinal: quando nada é certo, tudo é possível; desconsiderando a diversidade de características que o compõem bem como o contexto social, educacional e econômico no qual ele está inserido.

Sim, nós (f)podemos

A ideia da felicidade idealizada está relacionada a padrões classificados como “normais” referentes à beleza, estética e porte físico e aqueles que não os atendem estão fadados a permanecer à margem da vida social, limitando o pleno direito de exercer sua sexualidade.

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Descrição para cego ver: Amanda está deitada em um travesseiro com o colo e os ombros cobertos por plumas.

Não sei o que você pensa sobre isso, não sei se você já teve alguma oportunidade de refletir sobre os seus padrões, o que eu sei é que um pouco mais de informação e uma análise mais profunda nos ajuda a perceber que cada ser humano é capaz de construir a sua própria realidade, experimentando e descobrindo as infinitas possibilidades que se apresentam ao longo da vida. Desta forma, à medida que as barreiras psicológicas vão sendo desconstruídas, é possível compreender que, ainda com as particularidades e características de cada um, todas as pessoas podem, conseguem e merecem viver de maneira plena, escolhendo, ou não, o desejo de despertar o interesse amoroso, a atração sexual e suprir os seus anseios e desejos sexuais e amorosos. Compreender isto é fundamental para superar os preconceitos que a nossa sociedade ainda insiste em reproduzir, além de nos ajudar a perceber que não há qualquer anormalidade na possibilidade de um relacionamento amoroso entre uma pessoa com e outra sem deficiência ou entre pessoas com deficiência.

“Onde não puderes amar, não te demores”. É isso, não me Kahlo.

Fonte: EU AMO, TU AMAS, ELES AMAM – SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA