“Essa cidade vai tremer
A galera vai suar
Arrea, arrea, arrea, arrea ah…”
Quando começamos a ouvir a música de Almir Rouche (um dos principais nomes do frevo no estado de Pernambuco), o corpo começa a tremer… a música entra numa vibração intensa… O sol escaldante brilha e ilumina as fantasias e maquiagens no carnaval. Eita que essa festa é boa demais!!!
Mas você já parou para pensar que algumas pessoas, muitas vezes as crianças (que não conseguem descrever o que está incomodando), sofrem no carnaval diante de tantos estímulos sensoriais?
Pois é, várias crianças apresentam diversas alterações sensoriais e o período do carnaval é extremamente angustiante para elas, que simplesmente não podem dizer que preferem ficar em casa e são expostas a situações que as levam a níveis altos de desorganizações. Vamos descrever as possíveis alterações que algumas crianças apresentam e orientações de como os pais devem proceder nesse período:
Sistema auditivo: muitas crianças, mesmo não associada a nenhum diagnóstico, apresentam uma hipersensibilidade auditiva importante. Sons inesperados, barulhos de liquidificador, secador de cabelo, é bem desconfortável e gatilho de irritabilidades. Os altos níveis de decibéis nas festas de Carnaval podem prejudicar o ouvido, por ser um órgão do sentido, muito delicado, que pode sofrer lesões caso seja submetido a uma “sobrecarga sonora”, explica o otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, Jamal Azzam.
O uso de abafadores de ouvido ajudam a proteger os ouvidos e a regular os pequenos ouvintes. Não usem algodão, porque, segundos os especialistas, além de não abafar, eles ainda correm o risco de ficar um pedaço dentro do ouvido e trazer outros problemas. Chegar mais cedo na festa, ficar tempo reduzido também auxilia nas habituações sensoriais que as crianças tanto precisam.
Sistema tátil: No comércio existem muitas opções de fantasia (uma mais linda que a outra!) cheia de brilhos, tules e acessórios. Pois é, algumas crianças não suportam esses tipos de fantasias e os pais ficam frustradíssimos, pois não conseguem colocar aquela saia de tule na menina e o chapéu de vaqueiro no menino. E isso porque o toque leve das roupas pode deixar algumas crianças bastante incomodadas. As serpentinas tocando o pescoço ou os confetes grudando no corpo suado, incomodam as crianças hipersensíveis. Como alternativa em respeito a hipersensibilidade tátil de seu filho ou da criança que você cuida, você já pensou em comprar aquelas blusas temáticas? Usar com um short confortável ou uma sainha leve?
Sistema visual: Sim, pode não parecer, mas algumas crianças ficam hiperreativas com tantos estímulos visuais nas festas; confetes caindo, o visual muito colorido nas ruas e clubes, muita decoração carnavalesca e até mesmo o sol forte nos olhos dos pequenos, pode levar aos choros intensos. Como dito anteriormente, chegar cedo ajuda muito na acomodação do ambiente (entenda a “acomodação” como o “ajudar a se acostumar”. O uso de fotos pode ser usado antecipadamente em casa, ajuda a dar mais previsibilidade do que vai acontecer na festa.
Por fim, outras dicas para viver os 4 dias de folia com os pequenos, respeitando suas idades, seus horários e suas “regulações sensoriais”:
1. Ofereça comidas leves
2. Hidrate bastante seu pequeno folião
3. Cuidado com os sprays de cabelo para não provocar alergias.
4. Passe muito protetor e tente ficar em áreas cobertas, o sol forte pode desidratar mais rápido as crianças.
5. Coloque pulseira ou crachás de identificação nas crianças com o nome dos responsáveis e telefones. Se ele tiver alguma necessidade específica (hipersensibilidade, ser diabético, ter Autismo..) pode ser bom também colocar. As guias de segurança também são legais para usar nesses locais, mantendo a criança sempre próxima para não se perder.
Bom Carnaval e divirtam-se!