#PraTodosVerem: Sob fundo azul está o personagem Homer Simpson, ele está apoiado no braço direito, representando dúvida e pensamento. Foto: Internet/Divulgação.

 

É contraditório. Eu sei. Mas faz muito sentido quando falamos em pessoas com deficiência. É socialmente aceito que somos menos capazes que os outros, uma forma sutil de capacitismo. Porém quando se tenta mudar isso muitas vezes a forma é errada.

Primeiro transforma-se a pessoa em alguém super capaz, um exemplo de superação, outro capacitismo, mas, né? Ou se faz o oposto, transforma a pessoa com deficiência num infeliz, mais um capacitismo… Seguimos.

A questão aqui é, que na maioria das vezes acreditam na gente desacreditando. Sim, isso mesmo. E é muito fácil perceber isso, pois a sociedade acha extraordinário ver uma pessoa com deficiência fazendo o que elas fazem ou até melhor.

Mas como essa mesma sociedade ensinou as pessoas sem deficiência que nós pessoas com deficiência somos “menos” capazes que elas, qualquer ato que nos equipare, torna-se extraordinário.

Já passei por inúmeras situações assim. Identificava nas atitudes e na expressão das pessoas que elas desconfiavam do que eu fazia ou falava, muitas vezes tive que provar de mais de uma maneira que eu estava correto, e em outras, deixei as pessoas descobrirem isso depois.

O irônico aqui é que essas mesmas pessoas eram aquelas que diziam “vá em frente”, “eu acredito em você”, “você é capaz”. Frases que na cabeça delas são motivacionais e até inclusivas, mas que na realidade não passam de discursos vazios repetidos de outras pessoas.

Já que elas acreditavam em mim, por que duvidavam na mesma proporção? Por que buscavam confirmar o que eu afirmava? Por que duvidavam da minha formação ou da minha capacidade de desenvolver algum processo?

Porque inconscientemente elas foram educadas para isso. Ou melhor não houve uma educação realmente libertadora e inclusiva a ponto de todos entenderem que corpos não definem nossas capacidades. E que as nossas diferenças nos fazem verdadeiramente humanos.

Ao contrário do que se pensa, não nivelamos nada por baixo, mas sim somos vítimas de uma sociedade que prega uma igualdade fantasiosa e até preguiçosa quando deveria de fato valorizar as diferenças e construir a sociedade a partir delas.

É por acreditarem desacreditando que vivemos a margem de diversos capacitismos sem mesmo saber o que isso significa.