E fez. Em 2001, saiu da empresa de gastronomia e foi empreender em uma área bem diferente – um posto de gasolina, localizado na cidade litorânea de São Sebastião (SP). Só que em vez das meninas com calças colantes, Pires contratou pessoas em cadeiras de rodas como frentistas. A medida despertou o interesse dos moradores da cidade. “Os clientes perceberam que a gente não abastecia só o carro. A gente abastecia a alma das pessoas”, afirma Pires.
Posteriormente, Pires mudou de bandeira – da extinta Hudson para Petrobras –, cedeu parte do negócio a amigos e comprou o terreno do posto. A partir daí, tudo começou a melhorar.
Em 2012, com vontade de repetir as ações de inclusão para outras empresas, Pires criou a Consolidar. Além disso, firmou uma parceria com a rede Frango Assado. A empresa abriu uma unidade no mesmo terreno e assumiu a operação do posto. “Graças a eles, agora eu tenho tempo suficiente para a Consolidar”, afirma o empreendedor.
Contratar o cadeirante, não a cadeira de rodas
Atualmente, as empresas brasileiras têm que reservar um porcentual de suas vagas para portadores de deficiência. De acordo com Pires, o objetivo da Consolidar é que essas pessoas não sejam contratadas apenas para obedecer à cota, mas por serem merecedoras daquele emprego. “Ao cumprir a lei, as empresas contribuem para uma causa muito nobre.”
A Consolidar atende empresas de todos os tipos – de gigantes como a Odebrecht até uma pequena padaria em Sorocaba (SP). A iniciativa não faz uma capacitação detalhada para cada uma das empresas, mas treina o lado comportamental dos portadores de deficiência. O trabalho da Consolidar pode parecer óbvio, mas é importantíssimo para quem nunca teve um emprego formal. “Eliminamos comportamentos viciosos, de quem se considera uma vítima, como mentiras e falta de comprometimento, e valorizamos as virtudes de quem se prepara com a gente”, diz.