#PraTodosVerem: Imagem de um galeto em desenho. Serve para ilustrar a ideia do texto. Fonte: Google Imagens/Divulgação

 

 

Antes de tudo preciso me desculpar, pois quebrei o juramento de não usar a horrenda expressão “pcd” em um texto, mas nesse caso ela é muito necessária para entendermos o conceito.

Desculpas e explicações dadas. O que vou descrever aqui é real (não só porque aconteceu comigo), mas porque já ouvi relatos parecidos de diversos amigos.

Eu sou o “pcd perfeito” é isso mesmo, você não leu errado, não estou tendo uma crise de ego ou algo do tipo, estou apenas constatando o que o mercado pensa sobre mim e sobre outras pessoas como eu.

É fácil ser o “pcd” perfeito, afinal eu não tenho deformidades, não tenho grandes dificuldades, não tenho perdas intelectuais… Sou um belo “galeto, um bife raro” no buffet do mercado. E foi esse mercado que me definiu assim, pois, afinal “Sentado eu sou Normal”.

A busca pelo “pcd perfeito” é mais comum do que se imagina. Basta olhar quantos de nós estão no mercado de trabalho (1% num universo de pelo menos 24% da população brasileira).

A busca pelo “pcd perfeito” faz com que empresas desrespeitem a Lei de Cotas, paguem multas milionárias, entre outros abusos sob a desculpa de “não conseguimos pessoas” quando na verdade gostariam de dizer “não conseguimos o “pcd perfeito””.

No entanto, a busca pelo “pcd perfeito” vale tudo isso.

Ele não precisa de acessibilidade, e mesmo que precise, ele aprendeu a improvisar e se superar. 

Ele não precisa de inclusão, afinal se incluiu sozinho sendo um herói. 

Ele não precisa de um bom salário, pois só de estar trabalhando já venceu na vida. 

Ele não precisa de nada, ele é apenas um número, uma sigla, um objeto da pseudo diversidade corporativa. 

Diversidade essa que nunca entra na porta da alta liderança, invariavelmente composta por machos, brancos padrão, que alimentam esse padrão excludente de sociedade.

Bom se você chegou até aqui você deve ter entendido que não sou o “pcd” perfeito, pois ele não pensa assim, eu penso e pago o preço, às vezes, caro, às vezes, nem tanto.

O que nos salva dessa tristeza toda é que nada no mundo é perfeito e que somos frutos da imperfeição, seja “pcd” ou não.