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Eu não costumo expor o que tenho feito já a quase três anos dentro do curso de Urbanismo e Arquitetura da UFSJ, mas dessa vez quis abrir uma exceção. E quis por se tratar de um assunto que gostaria de estender posteriormente não somente para além da minha disciplina, mas também para além do curso e da universidade.

DEBORA FERNANDES (4)Eu precisei sentir a dor de trincar o pé em um acidente de bicicleta para de fato abrir os olhos a uma problemática que fingimos não ver.

Infelizmente, foi só quando aconteceu comigo, e pesou no meu mundinho, quando me vi chorando em casa sozinha por não poder ir à festa ou atividade que gostaria, que percebi e descobri a dimensão do tema #Acessibilidade e #Inclusão. As ruas não são acessíveis, não há rampas ou calçadas táteis o suficiente, os passeios esburacados e desnivelados.

Todo mundo sabe disso! Mas por que fazem de conta que não? Resultado disso?

A pessoa limitada deixa de ter liberdade, têm direitos restringidos e se prendem em casa simplesmente por que não conseguem sair.

E de nada adianta ter um quarto incrível, uma casa super adaptada, se ela se torna uma espécie de prisão. Por mais bacana que seja, ainda sim é uma prisão, diante um mundo externo de possibilidades a ser explorado!

Eu, estudante de um curso que “ensina o tema”, não dava a mínima importância até então para tal. Nós não damos a mínima, somos egoístas, preguiçosos, e não vem dizer que não. E se não é de nossa responsabilidade criar espaços e ambientes acessíveis, é de quem então? Do Estado? Também!

Mas pára com essa de terceirizar tudo pro governo, é também sua responsabilidade como (futuro) arquiteto e urbanista sim, é óbvio, e não tem discussão. E você espectador fora da profissão, também tem responsabilidade nisso. Sim, é sério! E sabe como contribuir? Garantindo que sua calçada seja acessível. É tão facinho, e faz uma diferença imensa, você não imagina.

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E aquele espaço público – que também é seu, é de todo mundo – que você não der conta de arrumar, comunica com o poder público. Ah, e não deixa de ficar em cima, cobrando. E se você sente que não tem força sozinho, chama o vizinho, o amigo, aquela família cujo filho quebrou o pé, o vô anda de muleta, ou a sobrinha acabou de ter um bebê e precisa de locais para circular com o carrinho – tá vendo como acessibilidade não é apenas para cadeirante? -, essas pessoas sabem da importância do acesso, e as vezes não lutam por não acreditarem que podem mudar.

O que é mentira! Que não aceitemos cadeirantes ou pessoas com qualquer limitação dentro de seus caixotes (casa) aprisionados por falta de acessibilidade. Não seja egoísta como fui, que precisei que doesse em mim – e doeu – para enxergar de fato a questão.

Teve intervenção sim, teve futuros arquitetos e urbanistas andando de cadeira de rodas e muleta sim, e nem precisa reclamar, por que já vai ter de novo.

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Por Débora Fernandes
CTAN: Campus Tancredo de Almeida Neves – UFSJ.
Estudou na instituição de ensino Arquitetura e Urbanismo – UFSJ
Trabalha na empresa Escritório de Práticas Projetuais Alternativas
Mora em São João del-Rei