“Lutar pelo direito dos deficientes é uma forma de superar as nossas próprias deficiências.”

Diante dessas palavras de J. F. Kennedy, inicio um projeto do qual me orgulho muito. Para quem não me conhece me chamo Rafael Monteiro, Soteropolitano da “boa terra”, fisioterapeuta e viciado em viagens.

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Rafael Monteiro

Com muita satisfação fui convidado por Hamilton Oliveira, criador do Site CASADAPTADA para ser colaborador e escrever sobre duas coisas que me apetecem demais: ACESSILIBILDADE e VIAGENS. Então aqui estou, ansioso para descrever as viagens do ponto de vista profissional que a mim compete e do ponto de vista turístico contando as experiências pelo mundo afora. Espero colaborar com minhas vivências para que outras pessoas com dificuldades de locomoção ou não, possam usufruir de experiências semelhantes e/ou até melhores.

Tantos lugares a referenciar, mas fundamentalmente começo por um lugar que sou fascinado, não só por ter uma história pessoal que me traz maravilhosas lembranças, mas, sobretudo, por ser é uma cidade incrível que oferece uma sensação de segurança tremenda, com cidadãos muitos simpáticos, pontos turísticos marcantes e lugares belíssimos. Santiago do Chile é o ponto de “start” para muitas histórias que sucederão. Saindo de Salvador – BA, temos variadas companhias (CIAS) aéreas  que fazem esse trajeto para meu destino chileno (Aerolíneas Argentinas, AZUL, GOL, LATAM) dentre todas optei pela CIA que me permitia mais vantagens.

AEROPORTOS


De Salvador – Guarulhos – Santiago:

Saindo de SSA às 14:00hs, cheguei ao Chile à 01:00h da manhã horário local, com direito a uma interminável conexão realizada no aeroporto internacional de Guarulhos – SP. Sendo assim tive tempo para perambular pela localidade, observar várias situações e encontrar muitas pessoas com dificuldades de locomoção: temporária ou permanente, cadeirantes, obesos, gestantes, idosos, pais com bebês em carrinhos.

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Casal de idosos no aeroporto de Guarulhos

Pelo que me pareceu, todos que acompanhei tiveram um suporte das CIAS aéreas correspondentes e do próprio aeroporto. Chamou-me atenção um casal de idosos que aguardavam para serem transportados até a aeronave e logo conto o por quê.

Nos portões térreos do aeroporto de Guarulhos os passageiros tomam um ônibus que os levam até a aeronave, e logo após para subir é necessário deixar as cadeiras com os despachantes locais, tendo em vista isso o único modo de adentrar na aeronave é por meio de escadas. Curioso então eu perguntei à tripulante e a mesma prontamente referenciou um tipo de equipamento especial: STAIR TRAC ou LIFTKAR disponibilizada pelos aeroportos para todas as CIAS áreas compartilharem entre si e que somente colaboradores especializados podem manusear, pois receberam treinamento individualizado.

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Revista da companhia aérea

Teoricamente facilita o acesso de pessoas com deficiência e/ou com déficit de locomoção. Para isso na compra da passagem, faz necessário sinalizar com antecedência qual a sua dificuldade. Alguns cadeirantes que conheço trouxeram relatos que não encontraram esse equipamento, fazendo outros roteiros, e tiveram que subir na aeronave a moda antiga, ou seja no “braço”. Na própria revista da CIA aérea pode-se encontrar informações, passo a passo, sobre os procedimentos comumente usados nos aeroportos.

   SANTIAGO DO CHILE


Santiago do Chile
Vista das Cordilheiras dos Andes em Santiago do Chile

Uma cidade que proporciona demasiadas atividades turísticas não só pelo centro, mas também pelos seus arredores, bairros marginais, cerros (montes), vinhedos, cordilheiras e outras cidades próximas.

Pela segunda vez visito essa cidade encantadora, alguns pontos no centro são paradas obrigatórias por seu contexto histórico e cultural. No geral a cidade cercada pelos andes mantêm baixas temperaturas, porém no verão as tardes são quentes e as noites muito frias havendo uma variação do tempo, então melhor sair com uma garrafa de água na mão e um casaco sempre para se abrigar, já no inverno pode preparar a roupa de frio o tempo todo.

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Idosa caminhando com dispositivo auxiliar de marcha pelas ruas de Santiago

Grande parte do urbanismo de Santiago favorece o deslocamento caminhando ou em rodas, já que uma cidade bastante plana, tem lugares com calçadas regulares bem sinalizadas, são poucos lugares que verifiquei uma passagem dificultada, apesar que muitas obras em andamento criam atalhos nem sempre favoráveis a quem não consegue se deslocar sem suporte. Quando vejo cadeirantes na rua me trás uma felicidade no coração, pois encontra-los em lugares públicos é um ótimo indicativo que a cidade é bem adaptada para se transitar, afinal quem se arrisca sair em uma cidade com “armadilhas” a cada esquina.

Banheiro é outro fator importantíssimo para o cadeirante e necessitam ser usuais para todas as pessoas. Andando pelo centro encontrei banheiros “públicos”, que custam $450 pesos chilenos, aproximadamente 2,20 reais, estes possibilitam o uso por cadeirantes, assim como muitos estabelecimentos são apropriados estruturalmente. Porém mesmo com banheiros pela cidade me impressionou a quantidade de poças de urina por muitos lugares do centro, como se fosse ali o lugar certo para tal coisa (¿que passa?).

Banos Santiago
Banheiro público e elevador de acesso

Sempre digo que para conhecer uma cidade é necessário caminhar sem compromisso, olhando cada local como se tivesse tirando “fotos mentais”, sendo assim, podemos apreciar locais mais históricos e culturais como o Palácio de La Moneda a sede da presidência da república do Chile, onde com sorte podemos presenciar a troca de guarda que ocorre a cada 2 dias. No subsolo do Palácio, acessado também por um elevador, está o Centro Cultural La Moneda.

Palácio De La Moneda
Palácio de La Moneda – Ao fundo a troca de guarda

A Plaza de Armas onde está localizado o marco zero e de onde se desenvolveu Santiago é um ponto importante a se conhecer, assim com a Catedral Metropolitana de Santiago, Museu da Memória, Museu Nacional de Belas Artes que sempre apresentam exposições de todo o mundo (para quem é amante da arte não pode deixar de conhecer).

Uma opção gastronômica é visitar o Mercado Central conhecido pelo o caranguejo gigante chamado Centolla (prepara o bolso +/- $200,00 reais cada) outra opção mais econômica é a Rua Jose Vitorino Lastarria (Barrio Lastarria) conhecida pela sua gastronomia e artes de variadas.

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Bairro Lastarria e Mercado Central

Para quem aprecia a natureza há também belíssimas áreas verdes como o Parque Florestal e os Cerros Santa Lucía e San Cristóbal, presentes dentro da cidade e como já diz o ditado popular “são as cerejas do bolo”. Esses últimos locais tenho que fazer uma ressalva com relação ao acesso a seus pontos.

CERRO SAN CRISTÓBAL

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Cerro San Cristóbal (Imagem da Virgem Imaculada Conceição) e espaço reservado para orações e homenagens aos pés da Virgem

Este é o cerro mais procurado, por se tratar de um dos maiores pontos da cidade e faz parte do Parque Metropolitano de Santiago, vi muitas pessoas fazendo atividades físicas, algumas subiam correndo (se for sedentário não recomendo nem andando, rs).

A outro meio de subir no cerro San Cristóbal é através de táxi (melhor opção para cadeirante), porém o meio mais rápido e não acessível é o funicular, um tipo de bondinho que funciona no local e custa ida/volta adulto +/- $2.000 – $2.600 pesos, a depender do dia que visite.

Tem a opção também de conhecer o zoológico que fica no mesmo lugar porém, este possui muitos degraus que dificultam o acesso ao funicular. Ainda no perímetro acessível ao cadeirante no primeiro mirante do cerro tira-se fotos incríveis da cidade (rezar para não ter neblina devido a poluição) e o pôr do sol do lugar é uma dádiva da natureza. 

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Subida no funicular e o pôr do sol no mirante do cerro San Cristóbal

CERRO SANTA LUCÍA

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Cerro Santa Lucía

Se trata de um cerro menor em extensão e tamanho, mas não perde em nada em beleza. Muitos Santeguinos e turistas visitam o Santa Lucía porque apresenta uma atmosfera muito agradável, onde casais se encontram, amigos e familiares realizam piqueniques, além de deter um dos monumentos mais bonitos da cidade a fonte Terraza Neptuno. Complementando no mesmo cerro pode-se conhecer o Castelo Hidalgo (pena que pouco acessível também por conta de escadas).

Há uma entrada principal pela rua Santa Lucía por onde sobe carro, e a uns 100 metros existe um elevador panorâmico belíssimo, mas o que me chamou atenção não pela beleza do seu design e sim pela sua pouca funcionalidade, já que para chegar a esse se faz necessário subir escadas (como?). Apesar da pouca acessibilidade pela superfície de suas dezenas, digo milhares de escadas é um local que vale a pena conhecer pelo parque e suas belezas naturais. Ainda na parte acessível à cadeira existe um pátio onde se vê uma boa parte da cidade.

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Mirante do Cerro Santa Lucía e subida para o mirante

TRANSPORTES PÚBLICOS E PRIVADOS.


Transitar por Santiago não é uma tarefa tão difícil como acontece em alguns lugares do Brasil, o sistema de transporte favorece as pessoas que utilizam cadeiras de rodas e possuem outras dificuldades de mobilidade. Em certa ocasião verifiquei a presença de mães com seus filhos em carrinhos de bebês dentro dos ônibus, porém talvez pela própria pressa da mãe em descer na parada, o motorista não acionou manualmente a rampa de acesso que a ajudaria. Algumas paradas no centro são elevadas para ficarem paralelas e na altura do ônibus e dentro dos mesmos existem espaços reservados como acontece por aqui também.

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Transporte público reservada ao cadeirante e ônibus articulado na mesma altura da parada

Assim como acontece com o ônibus, o metrô também apresenta um bom sistema de acessibilidade, com a maioria das estações seguindo fielmente as normas, até as linhas mais antigas como a linha 1 e 2 passaram por reformas e atualmente são acessíveis melhorando o deslocamento de quem tem mobilidade reduzida. O próprio site do metrô de Santiago https://www.metrosantiago.cl/ciudad/accesibilidad disponibiliza aos habitantes e turistas o mapa de suas estações com acessibilidade.

 

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Elevador no metrô de Santiago

Sobre o sistema de táxi, uber e carros alugados não tenho como referenciar, pois não utilizei nenhum serviço. Mas existem muitas agências que realizam transporte particular que fecham “pacotes” e geralmente possuem carros maiores que facilitam transportar também a cadeira de rodas. E ainda falando em carros me vem à cabeça algumas situações que me deixam possesso de raiva! Aquelas em que verificamos carros estacionados em locais proibidos e/ou restritos para um determinado grupo de pessoas que necessitam.

Pois bem, alguns carros por onde andei estavam estacionados sem o selo no para-brisa (nem tudo é perfeito). Pesquisando o valor da multa descobri que é uma infração menos grave $21.620 – $43.240 pesos chilenos equivalente a 107,85 – 215,69 reais.

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Placa de vagas reservadas e carro respeitando a vaga
carro sem sinalização estacionado em local proibido, selo de acesso no para-brisa do carro
Carro sem sinalização estacionado em local proibido e a sinalização de acesso no para-brisa do carro

 OUTROS BAIRROS


Bairros famosos pela sua diversidade cultural, bares, restaurantes e pela noite chilena. Bellavista e Providencia são locais certos para visitar. Quem gosta de experimentar a culinária local, tomar drinks exóticos tem passaporte carimbado no Pátio Bellavista. Pisco souer, vinhos, empanadas, parrilladas e outras pedidas estarão esperando por você. Trata-se de um bairro muito turístico, a maioria dos hotéis ficam ao redor e por isso talvez tenha uma acessibilidade melhor, pois não é difícil ver algum cadeirante circulando por esses bairros.

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Sky Costanera

O shopping mais conhecido e sofisticado de Santiago provavelmente é o Costanera Center localizado no bairro Providencia, com sua torre de observação gigantesca, maior da América latina, a SKY Costanera que tem vista panorâmica de toda a cidade. Dentro do shopping o cadeirante não vai encontrar maiores problemas para se locomover, pois o mesmo é bem moderno e conta com uso da tecnologia para sanar os problemas de mobilidade encontrados em algumas localidades.

Na contramão, se quer algo mais sossegado vai encontrar no bairro Las Condes o Parque Araucano, totalmente arborizado com áreas de lazer para todos os públicos, shopping Parque Arauco e o povoado simples de Los Domínicos conhecido pelo artesanato chileno e seu espaço cultural que é usado para eventos e mais parece um labirinto de tão grande. Se quer comprar alguma lembrança exótica para alguém, passe em Los Domínicos que sairá certamente com algum artesanato muito lindo de madeira, metais e/ou pedras. Única nota a se fazer sobre o mercado em Los Domínicos é que o terreno é de terra batida então em alguns lugares há um desnível, que não torna o local com totalmente acessível.

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Entrada do Centro Cultural Los Domínicos
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Terreno acidentado do Centro Cultural e banheiro com acesso no local.

 CONCHA Y TORO


 

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Entrada principal da Concha y Toro

Nessa última ida ao Chile tinha que marcar presença nas vinícolas e provar um bom vinho Chileno. A vinícola escolhida foi também a mais conhecida e desenvolvida. A Concha y Toro, responsável pelos vinhos mais saborosos do mundo. No próprio site da vinícola mostra como pode-se chegar ao local. Optei por algo mais seguro e confortável procurando uma agência que disponibilizasse o translado e o ingresso, mas há opções de chegar de carro alugado e até mesmo uma combinação de metrô e ônibus.

A vinícola se localiza aos arredores de Santiago e no caminho, assim como em alguns lugares pelo mundo, observa-se que as construções vão mudando, os prédios luxuosos vão dando lugar a prédios e casas mais simples, porém o que me chamou muito atenção foram que as calçadas ainda assim permitiam acesso só que com menos rampas, sinalizações e piso tátil.

Chegando a Concha y Toro logo me deparo com um estacionamento amplo com algumas vagas acessíveis, e zanzando pela “viña” através do tour pode-se dizer que grande parte do caminho pode ser visitado por todos os públicos. Entre andadas e degustações passamos por chão batido de terra, porém com largura suficiente para um cadeirante transitar e até dentro das instalações livre acesso inclusive com banheiros próprios para pessoas com mobilidade reduzida.

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Estacionamento reservado e praça com acesso na Concha y Toro

Porém em um ponto alto do tour me deparo com escadarias que não permitem acesso à parte subterrânea por cadeirantes, e ao questionar à funcionária responsável pela visita, obtive como resposta de que se tratava de um lugar muito antigo e não haveria possibilidade de modificar. Como assim? Bateu a sensação de ir nos parques da Disney e não tirar foto com o Mickey, rs. Mesmo sem essa parte, o tour tem degustação de vinhos tintos e brancos, além disso se pode comprar variados tipos e sabores que são encontrados em uma adega bem charmosa nas estruturas da vinícola.

Tour no subsolo da vinícola e o tour nas plantações de uvas

 VALLE NEVADO


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Complexo de hotéis do Valle Nevado

As Cordilheiras dos Andes, mais especificamente as estações de esqui no inverno (junho a outubro), são os destinos mais procurados no Chile sobretudo por Brasileiros interessados em “conhecer” a neve e se divertir esquiando. A mais de uma hora de automóvel de Santiago, no Chile estão localizadas várias e famosas estações de esqui, tais como Valle Nevado, El Colorado, Farellones e La Parva. Para chegar às estações é necessário passar por um árduo caminho com uma subida infindável que possui mais de 60 curvas sinuosas e chegando a 3.000 metros de altitude, cercada de muita neve (inverno) e montanhas íngremes.

Chegando ao cume conheci a estação do Valle Nevado, mais famosa entre as demais e cercada de montanhas por todos os lados. Estive no Valle Nevado em 2014 e infelizmente não me motivou a ideia em voltar ao local pelo simples fato de que não havia neve na época, parecia um deserto com montanhas em volta (coisa de cinema tipo o filme de terror iluminado, mas sem neve, rs).

Agora em outra visita ao Chile, o pouco tempo não me permitiu visitar o Valle Nevado no inverno, mas havia pesquisado sobre um projeto magnifico que fazem os profissionais do local. Algo que facilita para quem tem uma deficiência participar das atividades de esqui, possibilitando as essas pessoas a oportunidade de interagir em um processo inclusivo nas atividades desportivas e de lazer. No próprio site disponibiliza a opção de aula particular e classifica as opções de esporte lazer pela limitação apresentada pelo cliente assim como nas outras estações são disponibilizadas informações referentes a esse tipo de modalidade.

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Deficiente Visual e Amputado em membro inferior (FONTE: www.google.com.br)
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Cadeira de esqui adaptada para pessoas com deficiência em membros inferiores (FONTE: www.google.com.br)

VALPARAÍSO E VIÑA DEL MAR


Na minha primeira visita a Chile tive a oportunidade de conhecer a costa do pais cercado ao leste pelo oceano pacifico, nesse local conheci duas cidades conhecidas pelo turismo são elas, Valparaíso e Viña del Mar.

Para ir contratei um serviço de transfer dentro do mercado central que disponibilizava também o motorista/guia (hablando muito portunhol). Mas para os aventureiros a possibilidade de alugar um carro e pegar a estrada em perfeitas condições por 1 hora mais ou menos.

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Praça de Valparaíso – Monumento a Los Héroes de Iquique

A primeira parada foi o porto de Valparaíso, rota para variados produtos que saem e chegam ao Chile pelos navios cargueiros ali ancorados. Neste local tem uma praça acessível com lindas esculturas históricas da cidade que garantem uma boa foto. Em seguida rumamos para o alto, pois a cidade, diferente de Santiago não é plana, Valparaíso é rodeada de ladeiras que me trouxeram até uma certa familiaridade, já que a arquitetura das ruas, casas coloridas e centro histórico lembravam muito as ruas do Pelourinho em Salvador.

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Área externa da casa do poeta Chileno Pablo Neruda

Depois de subir muito tivemos uma parada obrigatória em um dos pontos turísticos mais conhecidos por essas bandas, uma das casas do Poeta Chileno Pablo Neruda. Confesso que fiquei encantado com a casa cheio de esculturas e detalhes, além da vista maravilhosa que ela proporciona porém, em termo de acessibilidade fica muito a desejar. No tour há a opção de conhecer a área externa somente ou incluir a área interna da residência, porém não me pareceu muita atrativa a parte interna. Na mesma rua tem umas lojinhas de artesanatos com muitos souvenirs e lembranças para os colecionadores de carteirinha, fica a dica que a pechincha é alma do negócio.

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Acesso a praia em Viña del Mar

Seguindo o rumo fomos para a vizinha Viña del Mar, ponto turístico e lar de veraneio nos finais de semana de todo Santeguino. Uma cidade praieira com uma energia muito boa, organizada e limpa. Primeira parada foi no famoso relógio jardim para constar uma foto no álbum, por curiosidade atravessei a rua e fui ver a praia (a pergunta que fiz: Onde estão as rampas?).  Em seguida paramos para almoçar no trajeto em ponto turístico em um prédio que mais parecia um castelo, lugar muito bonito, porém com centenas de degraus que limitam o acesso a todas áreas, principalmente aos mirantes.

Adiante uma parada no Cassino, que leva o nome da cidade, para jogar todo o meu dinheiro (nem que tivesse algum!!) se tem algo que não combina comigo é sorte no jogo. A entrada principal do cassino apresenta acesso, mas a posterior possui escadas para variar, né? Se esta a fim de realizar seu sonho e puxar a alavanca e ver as moedas caindo feito chuva no seu bolso, é a sua chance.

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Praia de Viña del Mar

Tivemos a oportunidade de descer na praia de Renaca, e me trouxe uma boa impressão com algumas rampas de acesso a praia e bares no calçadão que eram acessíveis. Muitos chilenos tomavam banho de sol, porém banho no mar poucos se arriscavam. Falei poucos? Me incluam nesses, pois bem resolvi tirar a prova e não fiquei muito contente com o que me esperava. Talvez uma banheira com gelo seria menos congelante que as águas do pacifico. 

Depois de ter quase ter tido uma hipotermia última parada no museu de arqueologia e história para conhecer o Moái, uma escultura muito conhecida por todo Chile, muitos iguais a este encontram-se na ilha de páscoa, um outro destino muito procurado para “turistar” pelo pais.

RESPEITO AOS CADEIRANTES


Toda vez que vou a um lugar gosto de me sentar alguns minutos, até horas (quando sobra tempo, é claro) em lugar movimentado e observar os cidadãos locais, seus hábitos e sua cultura, como estes hábitos são empregados aos seus próprios conterrâneos, ao ambiente, a natureza e aos visitantes e turistas. Em Santiago tenho que salientar a educação e a simpatia que o povo transmite, o respeito com o próximo é algo que queria muito que estivesse sempre espalhado em todo canto do mundo.

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Protesto reivindicando os direitos do cidadãos com deficiência nas ruas de Santiago – 2014

Em 2014 na primeira ida ao Chile me deparei com uma marcha de pessoas com deficiência que reivindicavam seus direitos em umas das principais vias que cortavam Santiago, na ocasião até me perguntei o por quê daquela marcha, já que a estrutura da cidade favorece tanto o deslocamento. Hoje entendo que não é questão da estrutura adequada para quem necessita uma locomoção especial, mas são necessárias também atitudes educacionais que esclareçam e fortaleçam as políticas de acesso.

O pensamento do povo é primordial para o desenvolvimento de uma cultura em que todos convivam de maneira a respeitar as diferenças, e do meu ponto de vista, as normas foram respeitadas em quase todos os lugares por onde passei em Santiago. Salvo engano em isoladas situações, o que não tira o mérito de uma cidade como Santiago ser atrativo turístico para qualquer pessoa com deficiência.

Espero que tenha contribuído para que se torne destino de muitas pessoas daqui para frente que anseiam em conhecer lugares novos e acessíveis. Que cada vez mais instituições governamentais e privadas não vejam a acessibilidade como obrigação, e sim como um instrumento de sociabilidade que garante ao cidadão um dos seus primordiais direitos… ir e vir.