Cadeira foi financiada há um ano. Homem paga parcela de R$ 175 por mês e consegue dinheiro entregando comida.
 
Por Jamile Santana, G1 Mogi das Cruzes e Suzano
 
Levino Martins da Silva mora em Mogi das Cruzes e entrega marmitex para pagar financiamento de cadeira motorizada (Foto: Antonio Simões/Astral Fotos)
Levino Martins da Silva mora em Mogi das Cruzes e entrega marmitex para pagar financiamento do KIT LIVRE (Foto: Antonio Simões/Astral Fotos)
 
Um entregador de marmitex tem chamado a atenção e conquistado clientes em um restaurante da área central de Mogi das Cruzes nos últimos meses. Levino Martins da Silva, de 62 anos, não faz as entregas de moto, nem a pé, nem de carro e muito menos de bicicleta. De segunda a sexta, das 11h às 14h, ele entrega as encomendas aos clientes em sua cadeira de rodas motorizada.
 
O ‘bico”, como chama, começou há cerca de cinco meses. Dois dos nove filhos de Levino já trabalhavam no restaurante – uma filha como atendente e um filho como motoboy.
 
O pai, que perdeu o movimento das pernas há quase 17 anos, começou a guardar carros para ganhar uns trocados. O dinheiro que recebe pelo novo trabalho é usado para pagar a prestação do kit.
 
“Um dia eu precisei fazer uma entrega urgente e não tinha entregador suficiente. Era próximo ao restaurante, que fica na área central da cidade. Um motoboy perguntou se ele podia chamar o pai dele. Levino veio, entregou direitinho e, a partir dai, comecei a chamá-lo todos os dias”, contou o empresário Francisco Nivaldo de Macedo.
 
Levino não é registrado, mas já está aposentado por invalidez. Com o dinheiro do benefício paga o aluguel da casa. Os filhos e a esposa ajudam com outros custos da família. Agora, os R$ 20 que recebe por dia vão para pagar a parcela mensal de R$ 175 da cadeira motorizada financiada.
 
“Meu filho comprou a cadeira para mim por R$ 8,6 mil há um ano. Ela é financiada. Eu fiquei muito feliz porque me deu uma mobilidade muito maior, e eu pude começar a pensar em como ganhar dinheiro fazendo alguns trabalhos. Por quase 17 anos eu fiquei só dentro de casa, mas nunca consegui ficar parado. Eu fazia tudo. Limpava a casa, lavava quintal, até assentar bloco de concreto eu já assentei”, detalhou.
 
O sonho dele, que é ex-caminhoneiro, é voltar para a estrada. “Agora tem tanta tecnologia, tem caminhão adaptado. Eu não recuso trabalho não. Quero voltar para estrada, mas se não for possível, aceito outro emprego, até como este, de entregador”, conta.
 
Acidente
Levino tinha 47 anos quando sofreu o acidente que o deixou sem o movimento nas pernas. “Eu tinha sofrido um AVC, então estava com o movimento dos braços e pernas comprometidos. Eu estava fraco. Um dia fui subir no caminhão durante o trabalho, estava chovendo, escorreguei e cai. Dai soube que o osso da coluna quebrou e que não andaria mais”, detalhou.
 
Fonte: g1.globo.com