Paratleta Edson Vieira mostra as dificuldades de se locomover entre Rio Largo e a capital alagoana.
 
Por Ricardo Oliveira e Waldson Costa, G1 AL
 
Resultado de imagem para Desconforto, calçadas irregulares e ônibus quebrado; G1 acompanha cadeirante em viagem pela Grande Maceió
Ônibus intermunicipal quebrado atrasa viagem do atleta Edson Vieira e dos passageiros. (Foto: Jonathan Lins/G1 AL)
 
Com um serviço de transporte público deficiente na região metropolitana de Maceió, se locomover é um desafio diário e desconfortável para muitas pessoas que dependem dos transportes coletivos. Porém, o problema é ainda pior quando o passageiro possui alguma limitação de mobilidade.
 
No dia 18 de setembro,  cadeirantes fizeram um protesto para cobrar mais acessibilidade nos transportes públicos do Estado. Diante disso, a reportagem do G1 decidiu acompanhar um cadeirante usuário de transporte público no trajeto entre a cidade metropolitana de Rio Largo e Maceió.
 
No percurso de 26 km, desconforto, calçadas irregulares e ônibus quebrado foram apenas alguns dos problemas enfrentados pelo paratleta Edson Vieira na viagem que levou mais de 2 horas.
 
Click AQUI para ver o vídeo. 
 
A situação persiste mesmo diante da Lei de Acessibilidade, que entrou em vigor em 2000, que diz que qualquer pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida deve ter autonomia de se locomover, seja em locais públicos ou privados.
 
Em 2010, a prefeitura de Maceió, lançou uma cartilha com recomendações, com base na Lei de Acessibilidade, que institui o Código de Urbanismo e Edificações do município. A cartilha fornece orientação para construção uniformes de calçadas e passeios públicos, bem como para construções de locais públicos e privados.
 
Cabe ao município de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (Semscs), fiscalizar se a lei está sendo cumprida.
 
Via-crúcis
 
O ponto de partida da viagem foi a casa do paratleta, que fica no Residencial Jarbas Oiticica, em Rio Largo. O ponto final, o Pavilhão do Basquete, no bairro de Jaraguá, em Maceió, onde Vieira treina três vezes por semana.
 
Edson Vieira saiu de casa no dia 22 de setembro às 11h55 da manhã e só chegou ao seu destino às 14h15 após superar calçadas irregulares, pontos de ônibus inadequados, ônibus quebrado, outro cheio, desconforto e olhares nada agradáveis de passageiros que, com pressa, preferiam que o cadeirante optasse por outros ônibus, já que o embarque e desembarque dele leva mais tempo para acontecer.
 
“Esse é o dia a dia do cadeirante. Tem dias que os ônibus não quebram, mas espero que melhore 100% como demanda a lei, tendo as adaptações. Atualmente [o transporte coletivo] é um caos”, diz Vieira.
 
O que diz a SMTT
A SMTT de Maceió diz que está providenciando um cronograma de visitas nos terminais de ônibus duas vezes por semana para identificar os problemas e notificar as empresas que não estão com veículos adequados.
 
O órgão não soube precisar o número específico de ônibus que estão com elevador quebrado, mas divulgou a quantidade de veículos que cada empresa possui e quantos são adptados para cadeirantes (veja logo abaixo).
 
São Francisco
Quantidade de ônibus: 142
Ônibus sem elevador: 11
Real Alagoas
Quantidade de ônibus: 275
Ônibus sem elevador: 2
 
Veleiro
Quantidade de ônibus: 94
Ônibus sem elevadores: 50
Cidade de Maceió
Quantidade de ônibus: 168
Ônibus sem elevadores: 3
 
Diante disso, a SMTT afirma que 90% da frota em Maceió tem acessibilidade.
 
O diretor operacional de Mobilidade Urbana da SMTT, Dogival Ferreira, disse que além das fiscalizações diárias nas garagens das empresas, os agentes também ficam nos terminais e tomam providências imediatas em caso de alguma irregularidade nos ônibus.
 
“Eles testam o movimento, de subida e descida e, se tiver tudo certo, o ônibus é liberado. Qualquer falha nesse elevador, nós não liberamos o ônibus. Temos também equipes que vão aos terminais urbanos e quando há uma reclamação ou quando o ônibus chega até a plataforma de embarque, nossos fiscais também fazem uma fiscalização”, explicou o diretor.
 
“Caso esse elevador não esteja funcionando, a gente contata o responsável da empresa e ele, de imediato, tem a obrigação de substituir o ônibus. Isso é uma rotina da SMTT”, ressaltou Ferreira.
 
Fonte: g1.globo.com