#PraTodosVerem: Em uma avenida está um homem branco de óculos, boné e roupas pretas em uma cadeira de rodas, ele está sob uma faixa de segurança. No seu colo está uma bolsa do serviço “Uber Eates”. Foto: LUCINEY MARTINS/O SÃO PAULO

Essa semana a BBC Brasil publicou uma matéria de uma pessoa em cadeira de rodas que trabalha como entregador para um serviço de aplicativo. Na reportagem ele relata que com as entregas consegue juntar cerca de R$ 400,00 por mês.

– A matéria em si não apresenta erros terminológicos ou grandes ações capacitistas, porém, se mostra rasa e não informa sobre a lei de cotas, por exemplo. Quando a compradora da mercadoria diz ser “incrível um entregador cadeirante”. Deveria-se aproveitar a oportunidade para questionar as oportunidades de emprego e mesmo a construção de políticas públicas e o fortalecimento da referida lei, assim como a melhor oferta de vagas;

– Ao mesmo a matéria justifica o trabalho pela dificuldade econômica do país, mas não relata os motivos e nem aponta soluções;

– A questão do exemplo de superação é externa a matéria, e surge a partir dos compartilhamentos e comentários. E isso é extremamente negativo, pois só somos “exemplos, heróis e outros”, justamente porque nos faltam oportunidades.

– Apesar de “gerar emprego” essas empresas são responsáveis pela precarização do trabalho e a romantização da exploração da capacidade de trabalho das pessoas com ou sem deficiência vendendo a ideia de “liberdade” de trabalho quando na verdade elas estão sendo exploradas e recebendo quantias irrisórias pelo seu trabalho;

Além disso, outros pontos e acontecimentos recentes fazem com que a gente repense algumas questões ligadas ao trabalho e a construção social.

– As reformas trabalhistas e da previdência não geraram empregos, não movimentaram a economia, apenas favoreceram grandes corporações e precarizaram os direitos do trabalhador;

– Fica evidente a necessidade de proteger e lutar pela ampla aplicação da Lei de Cotas (Lei n° 8213/91). E sobretudo lutar contra o PL n° 6159/2019 que praticamente destrói a lei;

– Precisamos fortalecer as políticas públicas e as iniciativas de trabalho para as pessoas com deficiência;

– Somente com mais direitos e garantia de oportunidades vamos incluir de fato as pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Importante:

Cabe destacar que esse comentário não é uma crítica a BBC muito menos a personagem da matéria, pois todo o trabalho é digno. A construção desse texto deve-se a necessidade de refletirmos sobre os rumos da sociedade e a perda eminente de direito sob a hipótese de “termos muitos” ou de “melhora na oferta de trabalho”, ou seja, dois mitos que estão atrasando o Brasil.

FONTE: O que podemos aprender com a pessoa em cadeira de rodas que trabalha como entregadora em serviços de aplicativo – Deficiência em Foco