#PraTodosVerem: Desenho de um homem branco, de camisa verde, barba e cabelos ruivos, e óculos. Ele está com a mão esquerda no queixo e ao lado estão três pontos de interrogação, simbolizando a dúvida. Fim da descrição. Foto: Google.

 

Muitas pessoas buscam respostas, fórmulas e certezas para por em prática estratégias de inclusão. Quando me perguntam isso, sempre respondo “tenha dúvidas”. Não tenho certezas, não dou certezas e nem aponto para hipóteses concretas.

E não digo para ter dúvidas simplesmente para dar uma resposta, digo para ter dúvidas, pois são elas que movem o mundo. Basta pensar um pouquinho para sabermos que tudo o que temos e o que podemos vir a ter são frutos de dúvidas e inquietações. Assim deve ser com a inclusão, pois a partir das dúvidas, vamos buscar respostas e com isso criar soluções em conjunto com quem realmente precisa.

Certezas demais nos acorrentam, certezas demais nos tornam burocráticos, pragmáticos, certezas fazem com que sejamos âncoras, ou seja, aquilo que se fixa em um lugar. As dúvidas são o oposto disso, elas nos tornam mais humanos, sensíveis e com elas criamos raízes, ou seja, temos segurança, mas não paramos de nos mover.

Por isso, na hora de pensar em incluir, tenha menos certezas e mais dúvidas e, principalmente, compartilhe essas dúvidas com as pessoas com e sem deficiência que estão com você, pois assim todos participarão do processo de inclusão. Incluir pelo conhecimento e troca de experiências é um bom caminho para a inclusão de fato, sem estigmas ou arestas.

Eu, por vezes, defendo que as políticas de inclusão se norteiem pela dúvida, pelo simples fato de que a dúvida sempre abre portas. Já as certezas fecham portas, enrijecem discursos, bloqueiam ideias.

Basta observar aqueles que se inflam para dizer que são consultores, influenciadores, gestores, mas que não ouvem seus semelhantes, que não oferecem o básico de acessibilidade nas suas páginas e produtos.

E assim, ficamos presos a conceitos vazios, antiquados ou futuristas, presos em ideias. Quando bastava ouvir as pessoas, aceitar questões, contradições, críticas.

Precisamos do diálogo como forma de inclusão.