#PraTodosVerem: Na foto está Antonio Silva, um homem branco, de cabelos pretos e barba longa. Ele veste uma camisa preta e calça jeans e segura um microfone na mão esquerda. Está sentado. Foto: Rafael Severo/Divulgação.
Escolher uma profissão nem sempre é uma tarefa simples. Ainda mais quando dizem “é isso que você vai fazer o resto da vida”. Tenso, né? É uma escolha e sua vida está toda direcionada. Errado! Podemos e devemos mudar sempre que acharmos necessário.
Minha escolha pelo jornalismo se deu pelo fato de gostar de escrever, mas também por eliminar do meu radar tudo o que tivesse cálculos, fórmulas e planilhas, aí só sobrou direito, comunicação, filosofia, história e sociologia. Mas, como eu achava que não tinha talento para a docência, resolvi escolher o jornalismo.
Queria ser jornalista esportivo, estar perto do meu clube, acompanhar jogos de futebol, entrevistar técnicos e jogadores, de certa forma, fui, mas logo descobriria algo maior e assustador. Assustador porque haviam poucas pessoas com deficiência no meu curso, na verdade três, duas e eu. E mais assustador ainda ao olhar para o mercado e quase não ver pessoas com deficiência trabalhando na área.
E isso me despertou uma curiosidade, pois era óbvio que pessoas com deficiência estudavam jornalismo, era lógico que deveriam haver jornalistas com deficiência. Então comecei a pesquisar sobre, e aí nasceu meu tema de pesquisa, sem saber iniciava o Trabalho de Conclusão de Curso dois anos antes da formatura.
E foi ali que descobri que as pessoas com deficiência queriam e buscavam um espaço para conhecer seus direitos, reclamar da ausência deles, e contar suas histórias. Inicialmente criei um grupo no Facebook chamado “Deficiência em Foco”, pois como o próprio nome diz, eu estava focado em entender sobre deficiências e pessoas. A ideia era usar o grupo apenas para a pesquisa do TCC, mas as coisas começaram a crescer e decidi criar uma página com o mesmo nome, e nela comecei a postar conteúdos sobre leis e direitos, de forma lúdica e com linguagem acessível, deu tão certo que ainda me surpreendo com o que já fiz lá, com o alcance que ela tem e a diferença que faz na vida das pessoas.
Mas para chegar aí sofri um pouco, tive que aprender muitas coisas novas, termos, leis, fazer uma descrição da imagem, criar layouts inclusivos… Enfim, sigo aprendendo e seguirei assim pelo resto da minha vida.
Coloquei a palavra jornalista em aspas, porque ainda não me sinto um jornalista propriamente, apesar de formado, ainda sou um aprendiz da função. Talvez um dia eu posso dizer que sou JORNALISTA e também INCLUSIVO, por enquanto, eu sigo tentando ajudar de alguma forma.
Pois, fazer jornalismo é fazer a diferença na vida das pessoas, e isso, eu acho que tenho feito de alguma forma.