Foto que mostra as pernas “tortas” do Garrincha. Internet/Divulgação
O silêncio sobre a deficiência de Garrincha pode ser vista sob vários vieses, pois há de se considerar a época, já que naquele momento (assim como hoje) não se discutia a deficiência abertamente e com profundidade, ficando apenas na ótica da “incapacidade”, “superação” e tudo aquilo que já estamos cansados de ouvir e falar.
Outro ponto é o sucesso: campeão no clube, campeão na seleção, melhor jogador do mundo, reconhecido pelo desempenho em campo. Então por que falar sobre isso? Por que falar sobre pólio e suas sequelas? Por que desconstruir o mito do “Anjo das Pernas Tortas” e trazer à tona um cidadão vítima social de uma doença e de um governo que sempre deixou a população mais pobre à margem da sociedade?
Inúmeras são as razões para o silêncio social da época sobre o “apagamento” da deficiência do Garrincha, mas hoje discutir a deficiência dele, seu posicionamento e o posicionamento social sobre é fundamental, pois só assim vamos avançar em políticas de inclusão, visibilidade e identidade da pessoa com deficiência.
Quantos Garrinchas nós temos hoje sem identidade, sem referência, sem oportunidade. O “Anjo das Pernas Tortas” poderia ter iluminado a vida de muitos e mostrado que diagnóstico não é destino, e principalmente, que o melhor caminho para a inclusão é o diálogo.