21 de Setembro é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Neste dia, é natural que aconteçam algumas celebrações, postagens ou até mesmo gente que nos “parabenize” por esse dia. Por mais irônico que seja, é a mais pura verdade.

Mas afinal, para que serve essa data? Foi criada a partir da Lei nº 11.133, de 14 de julho de 2005, mas já era celebrada a nível extraoficial desde 1982. Seu objetivo é conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Mais que uma Lei ou uma data, precisamos pensar sobre como estamos incluindo e como podemos incluir. Esse dia não é dia de “parabéns” ou celebrações pontuais. Esse dia deveria ser um dia de autocrítica, de reflexão e aprendizado das pessoas sem deficiência sobre nós.

Pense em quantas pessoas com deficiência estão no teu círculo social: Quantos colegas de escola, de universidade, de trabalho ou até no “futebolzinho” de sábado são ou mesmo convivem com pessoas com deficiência.

O caminho para a inclusão ainda é longo, e infelizmente, temos o hábito de dar um passo para frente e dois para trás. Basta pensar que, para que possamos ser inclusivos, precisamos da presença das pessoas.

E o cenário que temos é muito, mas muito longe do ideal, quando tracei o “Perfil do Trabalhador com Deficiência no Brasil” ficou claro que grande parte das empresas, apenas querem cumprir a cota (sempre o caminho mais fácil), e isso acarreta em diversos problemas:

–  Pessoas com deficiência que têm os menores salários;

– Ocupam os menores cargos, não possuem um plano de carreira ou mesmo perspectiva de crescimento;

– Não são vistas como importante nas organizações e não tem seu trabalho valorizado;

– Acessibilidade é tratada como gasto, quando deveria ser um investimento para TODAS as pessoas;

– Por conta disso e de tantas outras exclusões nos tornamos alvos fáceis de doenças relacionadas a saúde mental, como depressão e ansiedade;

– Precisamos conviver diariamente com ações capacitistas como: ser chamado de exemplo de superação, infantilização, desvalorização, ausência de protagonismo e representatividade.

Não bastasse isso e muito mais. As empresas vivem um processo que costumo chamar de “instagramlização da inclusão”, processo este onde gestores buscam fórmulas mágicas e rápidas para “incluir”, mas sequer se dão o trabalho de ouvir as pessoas com deficiência.

Além disso, é preciso lidar com o desconhecimento geral sobre o cenário social das pessoas com deficiência. Já ouvi absurdos como “as pessoas preferem benefício ao trabalho”… O detalhe é que quem fala isso, geralmente, relativiza a presença das pessoas com deficiência, acha que acessibilidade é custo e busca “gurus” de Instagram para solucionar seus problemas.

Se mesmo depois de ler isso, você acha que pessoas com deficiência ainda merecem parabéns no dia de hoje, sugiro que comece a desconstruir seus capacitismos.