Gente,  no dia-a-dia, as pessoas com deficiência ainda são vistas como incapazes de praticar esportes, daí muitos espaços públicos voltados para a prática do esporte e do lazer não possuírem equipamentos adaptados.

tênis de mesa- paralímpiadas - de papo com Claudinha

E esse preconceito e consequente exclusão das pessoas com deficiência é gerada pela falta de informações e pelo receio de lidar com pessoas que não se enquadram nos padrões estabelecidos. Mas, as Paralimpíadas estão aí para desfazer essas ideias preconcebidas e provar que as pessoas com deficiência estão decididas a encarar qualquer desafio e mostrar que elas também são capazes.

Daí resolvemos conversar com o Gyan, um jovem de 20 anos, que apesar de possuir limitações nos braços  é atleta profissional de Tênis de Mesa Paralímpico desde 2010 e vem trazendo muitas medalhas e troféus para casa. Então, vejam o que Gyan nos falou.

 tênis de mesa adaptado- paralímpiadas - de papo com Claudinha

Quem é Gyan?

Sou do Rio de Janeiro, Atleta Profissional de Tênis de Mesa Paralímpico desde 2010, tenho 20 anos e desenhista! Portador de Hemimelia em Antebraços, Ectrodactilia Bilateral, Anquilose Congênita de C1-C2, Escoliose Dorso Lombar!

Em questão de ser desenhista, levo isso como um hobby! Comecei a fazer desenhos mais ou menos quando tinha 7 anos de idade, no começo de tudo fazia desenhos livres como toda criança faz quando cria um desenho na escola ou em casa mas antes dessa idade nunca tinha pego uma folha com lápis/caneta pra tentar escrever.

Na verdade foi uma surpresa para todos aqui de casa pois eu e nem meus pais sabiam se eu futuramente conseguiria pelo menos escrever por causa da minha deficiência nas mãos mas graças a Deus além de escrever (Obs: Eu recebo muitos elogios por causa da letras e desenhos – Risos) Ele me deu o dom de desenhar, e agradeço a ele por tudo que fez e irá fazer de bom na minha vida!

Muitos me perguntam: como você escreve? como você desenha? Então, em escrever eu sou Ambidestro! Para quem não sabe, Ambidestro são pessoas que tem habilidade com as duas mãos… ex: escrevem com as duas…

Já em questão de desenhos hoje faço diversos desenhos, sendo eles caricaturas e desenhos animados como o Mickey, Frajola, Pernalonga etc…

tênis de mesa- inclusão- paralímpiadas - de papo com Claudinha

Mas o que eu escuto muito também é: Você coloca a folha em cima da outra folha que está no desenho e copia por cima? Na verdade, não! Eu olho a figura onde está sendo ela no computador, no papel ou as vezes só imagino a imagem e reproduzo no papel, vale lembrar que também consigo assistir um desenho na tv (em movimento) e fazer ele igualzinho no papel.

Em questão de ser atleta de tênis de mesa, eu nunca pensei em jogar… Antes eu praticava Futebol e Atletismo, mas não levava a sério nenhum dos dois, já atualmente o tênis de mesa sim!

Como foi sua infância e adolescência?

Posso dizer que dos 7 anos pra cá foi mais tranquilo, desde quando era bebê até os 7 só parava no hospital doente e com febre super alta, mas nunca meus pais sabia o motivo disso até no momento que uma médica disse que quando completasse 7 anos tudo isso iria parar, e não é que

ela estava certa? Nunca mais passei por isso, e também quando cheguei nessa idade fui operar a coluna por causa da escoliose e por causa disso tudo acabei repetindo no colégio no C.A, mas depois não repeti nenhuma série e terminei os estudos em 2014. Fora isso não tive nenhum problema na infância, na adolescência foi a melhor, fiz muitas amizades no colégio, onde treino, academia, lugares onde viajei para disputar campeonatos e etc, sou super bem recebido em todos os lugares e ainda continua assim!!!

 inclusão- paralímpiadas - de papo com Claudinha

Como o tênis de mesa entrou na sua vida?

Em setembro de 2010 foi quando tudo começou na minha carreira de tênis de mesa com 14 anos de idade, como eu disse antes eu praticava outros esportes mas nunca veio em mente jogar tênis de mesa, apesar que nem nos lugares que eu frequentava não jogava o “Ping Pong”pois, por causa da deficiência nas mãos não tinha firmeza para segurar a raquete.

Certo dia andando na rua com minha mãe e irmã para alguns problemas do dia-dia resolvi entrar numa loja de biscoito mais conhecida aqui do Bairro, e em seguida sai um senhor com uma bolsa esportiva e passa pela gente e depois ele volta e vem em minha direção e começa tentar puxar assunto comigo, eu imediatamente chamei minha irmã que estava bem próximo a mim pois não sabia qual era a intenção dele em relação a minha pessoa…

Mas ele começou a falar sobre o Centro de Treinamento que ele tinha próximo ao local que estávamos, mas no dia estávamos tão enrolado que não podia ir mas marquei outro dia.

esporte adaptado- inclusão- paralímpiadas - de papo com Claudinha

Em seguida ele relatou que o projeto em qual ele trabalhava era voltado para pessoas com deficiência física e me perguntou se eu já tentei jogar “Ping Pong” Eu disse que não e por causa da minha deficiência achava quase impossível jogar e ele disse que eu indo lá no treino arrumaria um jeito para eu jogar não o “Ping Pong” e sim o “Tênis de Mesa”.

Confesso que fiquei um pouco com um pé atrás nessa história achando que o cara queria passar a perna em mim mas chegando ao clube que não era nada disso… Ao entrar lá vi já algumas mesas montadas e conheci um outro técnico, e começamos a conversar e eles bolaram um jeito de como adaptar a raquete no meu braço.

Na verdade uso uma raquete normal igual como os outros jogadores, só que no começo usava duas munhequeiras de punho para segurar a raquete em minha mão, já hoje uso uma munhequeira de punho e outra dedal.

acessibilidade- tênis de mesa- inclusão- paralímpiadas - de papo com Claudinha

O que o esporte representa para você?

Melhor condicionamento físico, alimentação regular, aprender a trabalhar em equipe, enfrentar medos e limitações e fazer amigos

Quais as maiores dificuldades enfrentadas por você no início da carreira?

Minha primeira dificuldade no início da carreira foi só tendo mais ou menos 45 dias de treino já tinha um torneio oficial em São Paulo, as Paralimpíadas Escolares de 2010…

Só esse 45 dias de treino eu não sabia muita coisa, vamos dizer que sabia o “Feijão com Arroz” Mas resolvi encarar esse desafio e fui muito bem, conseguindo a segunda colocação nos jogos escolares.

Outra grande dificuldade que tive no início da carreira e ainda estou tendo é a falta de patrocínio, até que no começo nem tanto pois o evento das Paralimpíadas Escolares era tudo bancado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, mas agora não posso mais disputar esse torneio pois terminei os estudos e fora que já passei da idade que era só até os 18 anos na época…

Agora tenho que disputar torneios mais elevados como o Brasileiro e a Copa Brasil e o Estadual e é por nossa conta e fica super puxado bancar tudo pois o Brasileiro e a Copa Brasil são várias etapas em estados diferente e o Estadual é o que menos gasto. tênis de mesa- medalhas- paralímpiadas - de papo com Claudinha

Na sua opinião, que benefícios as Paralimpíadas trarão para nosso país?

Incentivar ao público voltado a portador de deficiência física a praticar algum esporte pois aprática de atividade físicas é essencial para que essas pessoas melhorem sua condições cardiovasculares, aprimorem a coordenação motora, o equilíbrio, aumentem a autoestima e se tornem mais independentes, também é fundamental para o aspecto social, para interação do cego com pessoas que possuem ou não alguma deficiência.

tênis de mesa- trofeu- paralímpiadas - de papo com Claudinha

medalha- paralímpiadas - de papo com Claudinha

Quais seus planos para o futuro?

Minha primeira meta é conseguir uma vaga nas Paralimpíadas de 2020, já que de 2016 não consegui realizar esse plano, fora do esporte é fazer Faculdade de Ed. Física.. Poderia está fazendo, mas fica puxado pra mim por causa dos treinos e questão financeira.

 Obrigada, Gyan pela oportunidade de poder falar um pouco da sua vida, de sua experiência como atleta.

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PARTICIPAÇÕES E RESULTADOS:

Campeão – V Circuito de Tênis de Mesa FTMERJ – Park Shopping (Campo Grande)/RJ – 2016

 

Campeão – VII Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico – SESC S.J. Meriti/RJ – 2015

 

Vice-campeão – Olimpede Nacional – Volta Redonda/RJ – 2015

 

Vice-campeão – IV Circuito de Tênis de Mesa FTMERJ – Park Shopping (Campo Grande)/RJ – 2015

 

3º colocado – Copa Zona Oeste – Casino Bangu/RJ – 2015

 

3º colocado – Paraolimpíadas Escolares – São Paulo/SP – 2013

 

Campeão – Olimpede Nacional – Volta Redonda/RJ – 2013

 

Vice-campeão – II Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico – SESC S.J. Meriti/RJ – 2013

 

Vice-campeão – I Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico – SESC S.J. Meriti/RJ – 2013

 

Atleta aprovado na 1ª Detecção de Talentos Paraolímpicos 2012 – São Paulo-SP – CBTM

 

Vice-campeão – Paraolimpíadas Escolares – São Paulo/SP – 2012

 

2ª Colocado – Ranking Estadual 2012 – FTMRJ

 

Campeão – 1º Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro – SMEL – Jacarepaguá/RJ – 2012

 

Vice-campeão – III Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico – SESC S.J. Meriti/RJ – 2012;

 

Vice-campeão – II Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico – SESC S.J. Meriti/RJ – 2012;

 

Vice-campeão – I Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico – SESC S.J. Meriti/RJ – 2012;

 

1ª Colocado – Ranking Estadual 2011 – FTMRJ

 

Vice-campeão – III Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico. – SESC S.J.Meriti/RJ – 2011;

 

Campeão – II Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico. – SESC S.J.Meriti/RJ – 2011;

 

Vice-campeão – I Etapa Estadual de Tênis de Mesa Paraolímpico. – SESC S.J.Meriti/RJ – 2011;

 

Campeão – Olimpede Nacional – Volta Redonda/RJ – 2011

 

Campeão – Paraolimpíadas Escolares – São Paulo/SP – 2011

Vice-campeão – Paraolimpíadas Escolares – São Paulo/SP – 2010.