#PraTodosVerem: Na foto está o atleta Rogerinho, um homem branco, de cabelo preto escuro. Ele está com o fardamento da seleção brasileira de amputados. Camisa amarela, calção azul e meia branca. Foto: Internet/Divulgação.
Falar que o esporte é uma potente ferramenta de inclusão é chover no molhado. As Paralímpiadas e eventos de esporte paralímpicos provam isso ano a ano. Mas ainda é preciso mais, nem só de esporte paralímpico vivem os atletas com deficiência.
O futebol é um desses esportes, além disso, é considerado a “paixão nacional”. Foi nesse cenário que Rogerinho se encontrou. Mas antes ele precisou se conhecer e conhecer sua realidade enquanto pessoa com deficiência física “nasci com uma malformação congênita, foi diferente para a família que não estava preparada para receber uma pessoa com deficiência”. Conta.
O fato de ter nascido com deficiência fez com que Rogerinho tivesse um outro olhar sobre a sociedade, desde as dificuldades do dia a dia até a presença no mesmo ambiente que outras pessoas era um desafio “pra mim foi tudo diferente, venci muitos traumas na vida”, e isso o fortaleceu, principalmente, por ter apoio familiar. E foi com esse apoio que ele ganhou sua independência “comecei a andar com 5 anos de idade. Meu pai ganhou um par de muletas e ali ganhei minha independência”. Lembra.
Além disso, o fato de ser pessoa com deficiência era “novidade” para ele, sua família e pessoas que o cercavam “comecei minha trajetória sem saber nada sobre pessoas com deficiência”. E foi na escola que as coisas começaram a mudar “com 7 anos fui para a escola, e meus pais sempre me trataram como uma criança igual às outras. O primeiro desafio foi a matrícula, pois não tinha acessibilidade e o diretor não queria me aceitar, porque a escola tinha mais de 40 degraus. Eu era a única criança com deficiência, ninguém tinha contato, as crianças perguntavam porque não sabiam lidar com aquilo. E isso me machucava muito.” Relata.
E foi por meio do esporte que Rogerinho venceu esses desafios “a partir da 4ª, 5ª série comecei a ser incluído pelos professores no esporte”, no início ele conta que seus amigos e colegas aceitavam do jeito que ele é, mas os adversários não “os adversários tinham pena, dó e eu arrepiava nos jogos”. Relata.
Foi no esporte também que ele também descobriu os desafios da inclusão “quando entrei na escolinha estava feliz treinando, mas descobri que não poderia competir porque tinha deficiência, isso com 12 anos”, mas nem tudo estava perdido já que um professor resolveu incluí-lo “aí um professor teve uma ideia de criar um campeonato para que eu pudesse jogar. E desde ali não parei mais.” Relembra.
O FUTEBOL PARA AMPUTADOS
A descoberta do esporte foi através do vôlei sentado “Prof. Ronaldo do SESI, era responsável por trazer o vôlei sentado e eu disse “eu gosto de jogar futebol” e nem falei de amputados. Aí ele me apresentou o esporte, campeonatos e seleções”. Conta.
Mas não foi de imediato que ele se tornou o Rogerinho R9, durante um tempo, ele praticou os dois esportes “Em 2001 fiz vôlei e em paralelo jogava futebol. Em 2006 decidi focar no futebol e chegar na seleção. Em 2009 fui convocado pela seleção e para a primeira Copa América na Argentina.” Explica.
Surgido em 1980 nos EUA, chegou ao Brasil em 1986, tornando-se uma importante ferramenta de inclusão para pessoas com deficiência física.
Os jogos são disputados em campo society, com dimensões mínimas de 60mX38m.
• Cada equipe tem sete jogadores: O goleiro é amputado ou com deficiência em de um dos braços e os atletas de linha são amputados ou com deficiência em uma das pernas.
• Os atletas não podem tocar na bola de forma intencional com a perna ou braço amputado.
• As partidas são divididas em dois tempos de 25 minutos com intervalo de 10 minutos.
• Os técnicos podem pedir um tempo de um minuto para orientar seus atletas a cada etapa da partida.
• A muleta não pode tocar na bola de forma intencional.
• O tiro de meta não pode ultrapassar o meio campo
• O goleiro não pode sair da área, se sair, por qualquer motivo (com a bola rolando) ele receberá a advertência com cartão amarelo.
• O lateral é cobrado com o pé.
• Não há limite para substituições e os jogadores substituídos podem voltar ao jogo sem necessidade de parar o tempo, com a exceção do goleiro, que precisa que o cronômetro seja parado para ser substituído.