Giulia Bottini Jardim

A síndrome de Down é uma doença genética que ocorre quando uma divisão celular irregular resulta em um material genético extra no cromossomo 21. Ela causa uma aparência facial específica, deficiência mental, retardos no desenvolvimento e pode estar ligada a doenças da tireoide e do coração.
 
Três são os fatores que podem representar maior chance de uma gestante ter um bebê com a síndrome: a fertilização in vitro, o chamado mosaico genético e a idade avançada (mais de 35 anos). Esse ultimo foi o que fez com que Julie McConnel – uma mulher que vive nos Estado Unidos – tivesse não apenas um, mas dois bebês com síndrome de Down.
 
Quando Julie conheceu seu marido Daniel, ela já tinha três filhos de um casamento anterior: Gabrielle, Carson e Hailey. Porém, o novo marido nunca tinha tido filhos, então quando o casal se casou em 2010, eles decidiram que teriam um juntos. Mas mesmo depois que tiveram Andy, eles sentiram que um não seria o suficiente e pensaram em lhe dar uma irmãzinha.
 
                            
 
A mulher sabia que na sua idade as chances dela ter bebês gêmeos ou com síndrome de Down eram muito maiores. Mas o que ela nunca esperava é que ambos acontecessem. Então, em um exame de ultrassom, ela teve a grande notícia: além de gêmeos, seus bebês tinham a síndrome.
 
“Nós também sabíamos que nossas chances de ter um bebê com síndrome de Down eram maiores, então decidimos fazer testes pré-natais na 11º semana, onde eles podem dizer com 99% de exatidão se seu filho tem síndrome de Down. O teste voltou positivo, mas eles não podiam nos dizer se era um ou ambos os meninos, então decidimos fazer um outro exame – mais invasivo – na 15º semana. O procedimento foi complicado e o ultrassom já mostrou vários problemas, incluindo manchas em seus corações e acumulação de fluido extra, por isso não ficamos surpresos quando recebemos a notícia duas semanas mais tarde de que ambos os meninos tinham síndrome de Down . Foi o momento mais estressante e agonizante de nossas vidas”, revela Julie ao Mirror.
 
No início, o casal ficou desesperado com a ideia de criar duas crianças com essa deficiência, visto que eles já tinham idades avançadas e poderiam não dar conta do trabalho que os bebês exigiriam. Além disso, eles já tinham outros quatro filhos para cuidar, então acabaram cogitando a ideia de colocá-los para adoção.
 
Com a ajuda da Rede Nacional de Adoção para crianças com síndrome de Down, eles encontraram uma família amorosa que pudesse cuidar dos meninos. Mas acabaram enrolando e passaram meses lutando com essa ideia e adiando a papelada que tinham que assinar.
 
Enquanto isso, Julie e Daniel começaram a se educar sobre como seria sua vida se decidissem manter os gêmeos. Então foram a um pique nique, onde puderam conhecer outros pais que passam por situações parecidas e terem exemplos do que seria necessário para manterem uma boa vida para as crianças.
 
 
Após conhecerem bem essa condição e compartilharem experiências com as famílias – no início do 9° mês de gestação – Julie e Daniel decidiram que iriam ficar com seus filhos e cuidar muito bem deles. Então, eles começaram a se preparar para a chegada dos meninos, lendo todos os livros que podiam ter em mãos e certificando-se de que tinham tudo para recebê-los.
 
“Você pode ter expectativas de como a vida vai ser, mas ela pode não funcionar da maneira que você imaginou. Agora que eu tenho Charlie e Milo, eu entendo isso e tenho mais compaixão que eu já tive antes. Você ama seus filhos, não importa como. Quando finalmente decidimos que não íamos deixar nosso medo se interpor no nosso caminho, foi fácil tomar a nossa decisão”, disse Julie ao Mirror.
 
Então os bebês nasceram. Ao vê-los, Julie soube imediatamente de que tinha tomado a decisão certa ao ficar com eles. Ela disse, ao Mirror:
 
 
“Meu coração saiu do meu peito quando eu os vi. Eu estava tão apaixonada, eles estenderam a mão e pegaram meu coração. Eles pareciam tão pequenos e tão perfeitos”.
 
A mãe disse que os bebês são muito queridos por todos, mas que ela teme que quando cresçam não sejam tão aceitos pelas outras pessoas. Por isso, ela e seu marido planejam enviar os gêmeos para uma escola específica quando envelhecerem, para que eles possam fazer amigos, fazer parte da comunidade principal e serem incluídos de todas as maneiras possíveis.
 
 
“Em todo lugar que nós vamos, as pessoas amam os meninos porque eles são especiais, mas eu sei que não será sempre assim quando eles forem mais velhos e pensar nisso me machuca muito”, disse a mãe ao Mirror.
 
Por agora, o casal está aproveitando cada momento com os pequeninos e comemorando cada uma de suas conquistas.
 
“Nossos outros filhos cuidam muito bem deles e Andy, nosso filho de três anos, adora apresentar seus irmãos gêmeos para todos. É difícil imaginar a vida sem eles, mas acho que sentiria falta deles todos os dias se decidíssemos coloca-los para a adoção”, disse Julie ao Mirror.
 
Ainda bem que o casal fez uma escolha sabia e resolveu cuidar de seus pequenos bebês. Agora eles estão muito felizes e podem dizer a todos que não há motivo para ter medo de cuidar de crianças com a síndrome de Down, eles são muito carinhosos e só querem uma oportunidade para serem felizes.
 
Fonte: bestofweb.com.br  – fotos: Mirror