..Foto de um rapaz sorrindo, de óculos, barba e camiseta cinza. Atrás dele, plantas, apartamento e o que parece ser a recepção de um prédio.

Foto de um casal de namorados, rapaz e moça, juntinhos, em uma mesa de restaurante. A sua frente, cardápios e uma banana split.

Jamesson conheceu sua namorada Jaqueline, em 2018, em uma balada Down para adolescentes, promovida pela Associação Reviver Down.

Um jovem de 30 anos, com atrasos de desenvolvimento e com dificuldades para aprender, não imaginava que essas características de sua personalidade fosse relacionada a T21 (Trissomia do 21, mais conhecida como síndrome de Down). Trata-se da história de vida do assistente de produção, Jamesson Bueno França. O jovem até chegar ao diagnóstico foi tratado pelos profissionais que o atenderam como um paciente com atraso mental. Quando era pequeno Jamesson realizou o exame de cariótipo (exame que identifica a síndrome de Down), mas nada foi constado. Ele repetiu o exame por mais três vezes quando adulto, e na última vez foi constatada a síndrome de Down.

Essa descoberta já faz seis anos, e nesse tempo Jamesson escreveu um livro e encontrou o amor. Segundo Jamesson, em entrevista a UOL, contou que sua mãe Val teve uma gravidez tranquila sem qualquer intercorrência. Ele nasceu no dia 5 de janeiro de 1990. E aos três meses, de acordo com sua mãe, ele parou de mamar porque não tinha forças para sugar. Com o passar do tempo a mãe notou um atraso para firmar o tronco e o pescoço. Mesmo sem nenhum fenótipo (característica) evidente, aos oito meses de idade, ele realizou o exame de cariótipo para identificar a síndrome, quando seu pediatra suspeitou da condição. Durante toda sua vida sua mãe buscou o fechamento do seu diagnóstico, pois o jovem tinha dificuldade de aprendizagem e pelo fato dele não se desenvolver como as outras crianças da dua idade. Mas os médicos diziam que ele tinha penas um atraso mental.

Avaliações

No início de seus estudos, ele foi encaminhado para uma classe de ensino especial, mas diante de seu desempenho melhor do que dos seus colegas ele fez um teste e foi para a classe de ensino regular. No ensino fundamental I, ele não aprendeu tanto quanto os outros alunos, mas evoluiu dentro do possível. Na escola, ele tinha dificuldade para lanchar, diante da situação a diretora o levava para a sala dela para comer e depois deixava ele no recreio com os outros alunos. Jamesson conta que não tinha muitos amigos próximos, mas todos o tratavam bem, que ele nunca sofreu bullying.

Já no ensino médio, uma das professoras achava que ele não se esforçava para aprender. A professora insistia, mas ele não entendia a disciplina e isso o desmotivava a continuar estudando. Em casa, o jovem era muito dependente da mãe e tinha dificuldade para fazer coisas básicas, como amarrar o cadarço e colocar a roupa do lado certo. Ele fazia terapias com psicólogos para desenvolver a autonomia e auto-estima. Além de natação, judô e teatro para socialização e ser mais independente, mas quando cresceu sua insegurança aumentou.

Tinha medo de atravessar a rua e de sair de casa sozinho. Minha mãe sempre tentou descobrir o que eu tinha, ela sabia que havia algo de diferente em mim. Em 2013, ela ficou sabendo que os convênios passaram a cobrir alguns exames genéticos. Procurou uma geneticista, ela fez um exame clínico aprofundado e notou alguns traços bem leves de síndrome de Down.

“Minha mãe disse que eu já tinha feito o exame quando bebê, mas a médica explicou que a medicina havia evoluído muito em 20 anos e pediu três novos exames. Os dois primeiros deram negativo e o terceiro confirmou o diagnóstico, do tipo translocação (saiba mais – https://www.criancasespeciais.com.br/as-diferentes-formas-da-sindrome-de-down/). Descobri que tenho síndrome de Down aos 22 anos de idade. Aceitei numa boa, nunca me revoltei ou vi como algo ruim. A notícia pegou toda a família de surpresa. A médica não indicou nenhum tratamento, apenas pediu para fazer um acompanhamento clínico periodicamente”, relatou Jamesson.

Livro e namoro

Com o diagnóstico, ele começou a se interessar mais pelo mundo T21 e escreveu um livro infanto-juvenil Sobrevivendo à Escuridão. O livro conta a história de quatro amigos, dois com Down e dois sem, que passam por várias aventuras juntos. A mensagem do livro é chamar atenção para a inclusão social das pessoas com a síndrome na sociedade.

Durante o processo de se reconhecer, encontrou a Associação Reviver Down e passou a participar de palestras e a ter mais contato com pessoas com a síndrome. Em 2018, a associação promoveu uma balada Down para os adolescentes. Ele não foi. Já na segunda, ele conheceu Jaque, sua namorada hoje. “Nós conversamos de mãos dadas, dançamos e nos tornamos amigos. Alguns meses depois, a levei ao cinema e a pedi em namoro. Nosso namoro é como de qualquer outro casal. Quando estamos juntos, vamos ao shopping, cinema, restaurantes e balada”, contou Jamesson.

“Com o diagnóstico da Síndrome de Down, minha vida só melhorou. Amadureci bastante e hoje sou uma pessoa mais segura. Estudei inglês, morei dois anos com minha mãe, meu padrasto e minha irmã, em Londres. Em 2018, consegui meu primeiro emprego em uma multinacional, trabalho no setor de almoxarifado. Estou com 29 anos e hoje tenho um entendimento melhor do meu eu, das minhas limitações e dos meus pontos fortes. O diagnóstico era uma resposta que faltava na minha vida”.

“Meu sonho é lançar meu livro para que a minha mensagem chegue a mais gente, para que tenhamos uma sociedade que acolha melhor as pessoas com Down, com mais respeito e menos preconceito”, finaliza Jamesson.

Fonte: https://www.criancasespeciais.com.br/jovem-descobre-aos-22-anos-que-tem-sindrome-de-down/