Philippe Croizon é quádruplo amputado mas isso não o impediu de já ter atravessado a nado o canal da Mancha, entre outras aventuras. Agora, ao volante de um Buggy adaptado, vai estrear-se no mítico rali que arranca no dia 2 de janeiro
Para Philippe Croizon não existem impossíveis. Quádruplo amputado na sequência de uma forte descarga elétrica que sofreu quando arranjava uma antena de televisão, aos 26 anos, o atleta francês vai mais uma vez superar-se e estrear-se no Dakar 2017, que arranca no dia 2 de janeiro em Assunção, no Paraguai, ao volante de um Buggy devidamente preparado para a sua deficiência.
Apaixonado por automobilismo, a ideia surgiu há cerca de ano e meio. “Disse à minha mulher que queria participar no Dakar. Começamos do zero e entretanto conhecemos Yves Tartarin [proprietário da equipe] e pusemos o projeto em marcha. Fomos somando patrocinadores e conseguimos tornar o sonho real. Felizmente a tecnologia permite que hoje possa conduzir”, contou numa entrevista ao jornal espanhol Marca.
A ajuda financeira de Nasser Al-Attiyah, príncipe qatari que participa com regularidade no Dakar, acabou por ser decisiva, ao interessar-se pelo projeto e a contribuir com cem mil euros para tornar possível o sonho de Philippe Croizon.
O francês vai conduzir um Buggy especialmente construído para se adaptar à sua deficiência, no qual se destaca um joystick que serve de volante. “Controlo tudo com o braço direito, com o esquerdo quase não tenho de fazer nada, a não ser ligar as luzes e pouco mais. O joystick permite-me acelerar, travar e rodar o volante. É quase como jogar um videojogo num ecrã gigante”, revelou, ele que já testou o carro no verão, na Baja de Aragão, e em outubro participou no Rali de Marrocos, na categoria Open, em que terminou na 14.ª posição. Sempre com a preciosa ajuda do copiloto Cédric Duplé.
Esta não é a primeira grande aventura deste francês de 48 anos. Em setembro de 2010 tornou-se o primeiro quádruplo amputado a atravessar a nado o canal da Mancha, percorrendo os cerca de 34 quilômetros em pouco mais de 13 horas. Em 2012 cumpriu mais uma façanha, concluindo travessias a nado em vários estreitos espalhados pelo planeta.
“Antes do acidente não praticava desporto. Mas um dia, ainda no hospital, vi na televisão um nadador a cruzar um canal e decidi que queria fazer o mesmo. Precisei de tempo para tomar consciência da minha nova realidade, mas num centro de reabilitação aprendi que o impossível só está na nossa mente”, contou.
Philippe Croizon admite que esta aventura no Dakar pode acabar em livro, mas primeiro vai lançar um mais humorístico, em março, onde se propõe a contar situações que viveu em virtude da sua deficiência.
Quando lhe perguntam se já está a pensar no próximo grande desafio depois da aventura no Dakar, Croizon responde meio a brincar: “Chegar à Lua. Estou preparado.”
Fonte: Desafio – Philippe quer chegar à Lua… mas o próximo desafio é o Dakar