Crédito: Loja Mercur

Presente em um a cada mil nascimentos em todo o mundo, a Síndrome de Down (SD) é uma das doenças genéticas mais pesquisadas por especialistas tanto na infância quanto em fases mais tardias do ciclo de vida humano.

Mas quando o tratamento realmente começa? Segundo o neuropediatra Dr. Clay Brites, especialista da Neuro Saber, após a confirmação diagnóstica, a família deve já incluir a criança com Síndrome de Down em vários eixos de cuidados e intervenções para assegurar adequado crescimento e desenvolvimento.

Brites ressalta que, atualmente, a medicina já dispõe de um planejamento terapêutico mais completo e que leva em consideração cuidados em todas as fases de sua vida, do recém-nascido ao idoso, com a finalidade de garantir qualidade de vida a longo prazo.

O especialista diz que, devido as suas peculiaridades, esta síndrome pode levar ao comprometimento de vários órgãos e sistemas de funcionamento desde a primeira infância. Por isso, é fundamental os pais terem muito atenção em diversos fatores”.

Um deles diz a respeito das alterações cardíacas. O neuropediatra explica que esse problema está presente na maioria dos pacientes. É comum, por exemplo, encontrar casos de malformações cardíacas, que levam a modificações estruturais e no funcionamento deste órgão.

– Isso traz variadas consequências para a criança com Down, como dificuldades de ganho de peso e restrição aos exercícios e movimentos – destaca.

Outro ponto são os problemas hormonais e de crescimento. A baixa estatura é uma constante além de problemas hormonais, como hipotireoidismo e déficit de hormônio de crescimento. Brites explica que conta disso é frequente observar a obesidade nestes pacientes. “Assim, é necessário uma alimentação saudável e reposição hormonal para correção destas alterações desde cedo”.

Além disso, essas pessoas possuem um risco elevado de infecções e complicações. O especialista diz que crianças com SD tem baixa imunidade e costumam ter déficits de fatores imunológicos.

– Há necessidade, assim, de serem submetidos a esquemas vacinais exclusivos e vigilância constante quando a condutas mais prudentes em caso de virem a desenvolver alguma infecção – alerta.

Eles também apresentam riscos de desenvolver leucemias e outros tipos de tumores. Problemas cognitivos e comportamentais são também muito comuns. Segundo Brites, todos as pessoas com SD possuem Deficiência Intelectual nos mais diversos níveis de intensidade. Além disso, podem apresentar Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade -TDAH- (40-50% dos casos), Autismo (10% dos casos) e outros transtornos psiquiátricos, como psicoses, TOC e fobias. “As escolas, portanto, devem dar o devido suporte com medidas de inclusão e atenção especial”.

– Além disso, alguns podem ter problemas ortopédicos e posturais. De 5 a 8% desses pacientes, podem ter epilepsia também – alerta.

Na idade adulta os cuidados são redobrados. Dados de pesquisas de 2015 debatidas na Primeira Conferência Internacional da Sociedade de Pesquisa em Síndrome de Down, mostraram que 50% destes pacientes desenvolvem Mal de Alzheimer e o aparecimento é mais precoce (em torno dos 40 anos). “Hoje já sabe que a SD é a causa genética mais comum de demências”.

– Apesar do avanço científico, sabemos que a mortalidade destes pacientes é bem maior do que da população em geral devido aos problemas cardíacos. Por isso, os cuidados com eles devem ser redobrados, desde muito novos – ressalta.