A jornalista Odara Gallo tinha dúvidas sobre o comportamento do filho quando descobriu o distúrbio no menino

por FELIPE CARVALHO

Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)
Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)

Quando existe aquela dúvida lá no fundo se o filho faz birra ou se sofre com algum problema, é hora de investigar a fundo o que acontece. Foi pensando assim que a jornalista Odara Gallo procurou ajuda para decifrar o mundo enigmático do filho, Franco, hoje com quatro anos, que foi diagnosticado com autismo.
 
“A sensação foi de alívio. Já estávamos há mais de um ano investigando os sinais que ele apresentava e esse período é o mais complicado. Muitas das características do autismo podem ser confundidas com birra ou malcriação, então gera essa dúvida todo o tempo: ele tem algum problema ou é mimado demais?”, explica ela.
 
A ideia de criar o blog “Que Cê Qué?”  surgiu quando Odara relatou sua experiência em uma entrevista e, em meio a um turbilhão de descobertas, passava horas lendo e assistindo a palestras na internet sobre o assunto.
 
“Era um mundo novo, mas que eu já me sentia dentro dele por me identificar com tudo o que era dito. Pensei: ‘Acho que tenho muita coisa pra falar sobre isso’. Escrevi dois textos e coloquei no blog. O retorno foi maravilhoso. Não apenas de amigos que não sabiam da condição do Franco, mas também de pessoas desconhecidas que começaram a se identificar e mandar mensagens lindas. Muitos pedem ajuda, trocam experiências e é sempre emocionante saber que eu consigo tocar as pessoas de alguma forma”, relata.
 
Odara se recorda de momentos incríveis que já passou com o filho, como quando recebeu uma simples resposta “sim” para a pergunta “você me ama?” que foi um motivo de grande alegria para a mãe que via o garotinho sempre calado. “Só essa palavrinha já bastou”. Ela também se lembra de momentos difíceis que enfrentou como as crises de Franco. “Ele queria fazer ou pegar algo e chorava desesperadamente. Dá pra ver que alguma coisa se desorganiza em sua cabecinha e ele não consegue se conter”.
 
A jornalista acredita que ainda falta muita informação sobre o autismo. “Não adianta tentar fingir que não existe. Pais, professores, profissionais da área médica, todo mundo precisa saber tudo o que puder sobre o autismo. Muitos profissionais não conseguem fazer o diagnóstico e nem mesmo orientar a investigação sobre o caso precocemente, o que é uma perda irreparável para muitas famílias. Tivemos que insistir até encontrar uma profissional que identificasse os sinais e desse o diagnóstico. Então ainda faltam muitos avanços na área”.
 
Para finalizar, Odara diz que seu blog — que ganhou este nome por repetidas vezes perguntar o que o filho queria — é para mostrar que as mães não são super-heroínas e que medo, angústia, raiva, alegria são sentimentos normais para quem está aprendendo sobre o autismo (e está tudo bem!).
 
“Você aprende com aquilo e se reorganiza. Isso só é possível quando o amor é o norte principal da relação, mas os textos também ajudaram muitas pessoas que estavam com dúvida sobre os sinais dados pelos filhos e que passaram por todo o processo que nós também passamos. Muitos mandam mensagens agradecendo ou mesmo para tirar dúvidas. Acho que colocar a coisa de uma forma humana e natural ajuda as pessoas a compreenderem e aceitarem melhor o que acontece com seus filhos”, fala.
 

Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)
Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)

Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)
Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)

Odara Gallo e o filho, Franco, quando ainda não havia sido diagnosticado com autismo (Foto: Arquivo pessoal)
Odara Gallo e o filho, Franco, quando ainda não havia sido diagnosticado com autismo (Foto: Arquivo pessoal)

Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)
Odara Gallo e o filho, Franco (Foto: Arquivo pessoal)

O menino Franco (Foto: Arquivo pessoal)
O menino Franco (Foto: Arquivo pessoal)

Fonte: revistaglamour.globo.com