POR STÉFANO SALLES

Parte do elenco que representará a Andef na competição – Ana Branco / Agência O Globo

NITEROI – Depois de um ano inteiro de treinamentos, fruto da falta de calendário estadual para a modalidade, a equipe de basquete de cadeira de rodas da Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef) está pronta para a disputa do Campeonato Brasileiro. A competição ocorrerá de 3 a 9 do mês que vem, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, e terá outras 11 equipes. Única representante do Rio na competição, a Andef tem um objetivo claro: ficar entre os três primeiros colocados.

Obter um lugar no pódio da competição pode significar um alívio financeiro para alguns dos 12 atletas da equipe: o direito de pleitear o acesso ao pagamento da Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte. O coordenador Alexandre Rodrigues, que joga como pivô, explica:

— Nossos atletas só podem pedir esse benefício se a equipe estiver entre as três melhores do Brasil. Não há um ranking individual de atletas. E o Rio só tem outras duas equipes de basquete em cadeiras de rodas, o que torna difícil o desenvolvimento do esporte aqui. Em São Paulo há calendário cheio, com pelo menos 12 times. Assim, eles conseguem se desenvolver e dominam o esporte. Nós precisamos furar esse bloqueio com resultados. E este ano os recursos foram cortados em 50%.

 

A Andef buscou reforços para a disputa da competição nacional, para a qual só confirmou participação após a renovação do apoio mensal oferecido pela Loterj, em setembro. Eles se juntam a um time experiente, que conta com o pivô Sandoval, capitão do elenco há dez anos e integrante da seleção brasileira que disputou os Jogos Paralímpicos de Atenas (Grécia) em 2004 e de Pequim (China) em 2008.

— Será um campeonato muito equilibrado, mas estamos com uma expectativa boa. Os times de São Paulo saem em vantagem por terem mais adversários, calendário e ritmo de jogo, além de a competição acontecer lá, mas é algo que estamos tentando reverter com treinamento e trabalho muito duro, todos os dias, em nossa sede no Rio do Ouro — explica.

EM JOGO, AS LOTERIAS

O futuro da equipe é uma preocupação constante da entidade. O coordenador Alexandre Rodrigues demonstra preocupação com o desejo do governo federal de privatizar as loterias instantâneas e apostas esportivas para aumentar a arrecadação.

— A Loterj, que é vinculada ao governo do estado, nos apoia há muitos anos. Mas, se o setor for privatizado, não haverá o que fazer nesse sentido e, provavelmente, perderemos o apoio da empresa, que já está conosco há muitos anos. É algo que é fundamental. E nós precisamos de mais apoios também, porque hoje os atletas são amadores. Eles treinam, mas não vivem do esporte: suas receitas vêm de outras fontes de trabalho — afirma.

Embora seja o time mais forte do estado, a Andef nunca foi campeã brasileira. Sua melhor classificação na disputa foi o terceiro lugar que espera repetir.

Fonte: Andef disputará Brasileiro de Basquete em cadeira de rodas – Jornal O Globo