Nascida no Méier, seu lugar de coração sempre foi Coroa Grande/RJ, onde tinha uma casa de veraneio que depois se tornou sua residência em definitivo. Cercada pela natureza e seus muitos animais de estimação resgatados das ruas, encontrou ainda mais inspiração escrever.
Em seu romance mais recente, em especial, apresenta uma temática necessária para um maior desenvolvimento da empatia para a inclusão e acessibilidade. Meu porto, tua estrada conta a história de dois personagens que moram em uma mesma cidade, embora não se conhecessem. De um lado João, um jovem que tinha uma vida ativa e se depara com um acidente que o deixa paraplégico, acidente este provocado por um motorista embriagado. Lidar com um acontecimento que muda sua vida por completo e com o fato de ser fruto de uma ação irresponsável de terceiros certamente é algo que irá requerer dele muito esforço e força interior.
Do outro lado da história temos a personagem Letícia, uma jovem que sempre sonhou viver da música e que alcança esse objetivo depois de anos de “estrada”. Por mais que cantar seja sua paixão, ao alcançar a fama ela se depara com grandes mudanças em sua rotina. Ela de certa forma perde o acesso aos lugares que tinha mais tempo de frequentar, passa a ter de lidar com uma agenda apertada, com exigências de quem passou a cuidar de sua carreira.
E é nesse ponto de vida em que esses dois personagens se encontram. Um show que Letícia fez por primeira vez em sua cidade, pouco depois de ter assinado o contrato com a gravadora. O destino fez com que esses jovens se conhecessem, se apaixonassem e a trama segue com essa grande questão: Como pessoas com contextos de vida tão diferentes farão para viver esse amor?
Para escrever essa história eu tive de partir do zero, pesquisar o dia a dia dos cadeirantes, fazer contato com alguns deles e assim, conhecer esse universo e os desafios que enfrentam. Fiz grandes amigos e cresci como ser humano. Outro diferencial é que o modo como inseri essa temática dentro do livro, pois nem na capa nem na sinopse há o indicativo de que se tratará de um romance em que um dos personagens é cadeirante.
Antes de uma cadeira, existe uma pessoa! Embora essa afirmação possa parecer óbvia, na prática infelizmente não é assim que funciona. Nesses quatro anos de elaboração desse romance recebi relatos que nunca me esquecerei de exemplos de como as pessoas adotam posturas e falas ofensivas e preconceituosas com pessoas que possuem alguma deficiência.
O resultado que tenho tido com os leitores tem sido os melhores possíveis. Vejo uma maior empatia para a questão da acessibilidade, ampliando o olhar para como as cidades são planejadas, se há um esforço de inclusão e como essa luta deve ser de todos.