Em constante renovação, Comitê Paralímpico Brasileiro contará com nomes como Carol Santiago, Vinícius Rodrigues e Mariana D’Andrea na missão de manter hegemonia nas Américas

Olho neles! Conheça três brasileiros estreantes no Parapan que podem brilhar em Lima

Ale Cabral/CPB

A partir desta sexta-feira, o Brasil começa a defender sua hegemonia nos Jogos Parapan-Americanos. Desde 2007, quem manda no quadro de medalhas da competição é a delegação verde-amarela, que não conhece outro resultado que não a primeira colocação. E na esteira dessa liderança, o paradesporto brasileiro conta fundamentalmente com o aspecto da renovação. Como em toda edição dos Jogos, em Lima, a delegação brasileira terá, claro, sua leva de estreantes. E três desses debutantes surgem como candidatos a dominar os holofotes na capital peruana: Carol Santiago, da natação; Daniel Martins, do atletismo; e Mariana D’Andrea, do halterofilismo.

Carol Santiago, a estreante recordista mundial

O Brasil chega aos Jogos Parapan-Americanos de Lima com 40 representantes na natação. E, nessa leva, a pernambucana Carol Santiago, da classe S12 (deficiência visual), é a que conhece a modalidade paralímpica há menos tempo. Apesar de uma doença chamada Síndrome de Morning Glory (alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão), Carol Santiago começou na natação bem cedo, ainda criança.

Competiu convencionalmente na modalidade, desde a categoria mirim. Já mais velha, venceu algumas vezes campeonatos norte-nordeste e nordeste e até conquistou um terceiro lugar no Campeonato Brasileiro. Só que, aos 18 anos, teve uma piora considerável da visão em função de um problema na retina. Foram nove anos sem competir. Voltou à natação aos 27 anos, mas enfrentou dificuldades em função da visão comprometida, se lesionava com pancadas na borda das piscinas.

Carol Santiago, da natação paralímpica — Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Carol Santiago, da natação paralímpica — Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Em outubro de 2018, seu técnico atentou para a possibilidade de uma transição para o paradesporto. Foi o gatilho para uma nova fase na carreira da nadadora. Esse ano, Carol já bateu dois recordes mundiais nos 100m peito em sua classe e obteve índices para as principais competições da temporada.

Para que se tenha ideia do feito, é o primeiro recorde mundial da natação feminina paralímpica brasileira desde 2004, quando Fabiana Sugimori faturou os 50m livre nos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004. Em Lima, Carol se prepara para competir fora do Brasil pela primeira vez. Detentora de um recorde mundial, chega à capital peruana como candidata ao ouro Parapan-Americano em sua categoria.

Vinícius Rodrigues: Terezinha Guilhermina como “anjo da guarda”

Assim como Carol Santiago, Vinícius Rodrigues também chega a Lima com a pompa de detentor de recorde. O velocista de 24 anos se tornou no GP de São Paulo de atletismo o único do mundo na classe T63 (amputados acima do joelho) a correr abaixo dos 12 segundos (11.95) nos 100m rasos. Para chegar até esse estágio, contou com um importante incentivo após um trauma.

Vinícius sofreu um grave acidente de moto em setembro de 2013, quando tinha 19 anos. Perdeu a perna esquerda. Enquanto se recuperava no hospital e tentava digerir o fim do sonho da carreira militar, recebeu a inspiradora visita de ninguém menos que Terezinha Guilhermina, oito vezes medalhista paralímpica. Além do status de ícone do esporte paralímpico brasileiro, Terezinha carregava também a coincidência de ser da cidade natal de Vinícius, Maringá.

Terezinha não hesitou em incentivar Vinícius, mostrando-o vídeos do alemão Heinrich Popow, dono de nove medalhas paralímpicas em provas de velocidade e salto em distância na Classe T42. O futuro velocista entrou em contato com Popow através das redes sociais, pedindo ajuda e incentivo. A fome de Vinícius pelo ouro em Lima pode ser explicada também por uma decepção em 2016. Na corrida pelos Jogos Paralímpicos do Rio, o velocista bateu na trave e ficou fora da competição no Brasil.

Vinícius Rodrigues, velocista paralímpico — Foto: Ale Cabral/CPB

Vinícius Rodrigues, velocista paralímpico — Foto: Ale Cabral/CPB

Mariana D’Andrea, a pequena notável do halterofilismo

Portadora de nanismo, Mariana D’Andrea é a detentora do recorde das Américas no levantamento de peso. Na categoria até 67kg, a paulista ergueu 120 quilos na final do Mundial de Halterofilismo Paralímpico em Nur-Sultan, no Cazaquistão, em julho. O feito se deu um dia após sua convocação para o Parapan de Lima.

Na ocasião, Mariana melhorou em um quilo sua própria marca continental. Ficou com a quarta colocação na competição, a apenas um quilo do pódio. O feito, no entanto, a credencia a forte candidata ao pódio e até mesmo à medalha de ouro em Lima. A paratleta de Itu (SP) foi descoberta por seu atual técnico, Valdecir Lopes, que ao vê-la na rua em 2015, decidiu convidá-la para praticar o halterofilismo.

Mariana D'Andrea, do halterofilismo paralímpico — Foto: Alexandre Urch/MPIX/CPB

Mariana D’Andrea, do halterofilismo paralímpico — Foto: Alexandre Urch/MPIX/CPB

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