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Fernando Fernandes - Divulgação/Globo
Fernando Fernandes
 
Colaboração para o UOL, em São Paulo
 
Tetracampeão mundial de paracanoagem, Fernando Fernandes não gosta de ser chamado de ‘exemplo de superação’. O atleta, que também já foi jogador de futebol, modelo e que participou da segunda edição do BBB, reiterou seu posicionamento diversas vezes em sua participação no Bola da Vez, da ESPN Brasil, que foi ao ar hoje (22).
 
Fernando Fernandes encara sua condição de cadeirante como uma característica e acredita que seu exemplo de superação já passou há muito tempo. Hoje, ele luta para ser visto como um trabalhador excelente e capaz.
 
“Eu tenho um posicionamento, não aceito os preconceitos. Você não vai me olhar achando que é melhor que eu e eu usei e mostrei isso para a sociedade. Mas realmente tem muitos preconceitos que precisamos transformar. Mas tem muito a ver com a postura. Eu não gosto de ser chamado de exemplo de superação. Eu realmente superei um momento difícil, mas isso foi há dez anos. Agora eu ajo, eu trabalho com excelência, força, capacidade. Outra coisa que eu não gosto é o fato de as pessoas se aproximarem de mim e darem exemplos de conhecidos cadeirantes. Teve até um fato engraçado comigo: conversando com uma loira, ela me disse que teve um namorado cadeirante. Eu respondi que já tive uma namorada loira. São características. A cadeira é minha característica hoje em dia. E eu não preciso me sentir menor por isso. Ao contrário, os cadeirantes devem se sentir mais homens ou mulheres por sobreviverem sentados em um mundo que impõem tantas dificuldades”, declarou.
 
Apaixonado por esportes radicais, Fernando Fernandes ainda brincou sobre sua limitação de movimento, fazendo uma comparação sobre as limitações da medicina.
 
“Não passa mais pela minha cabeça levantar da cadeira de rodas. Eu sou muito realista dos fatos de como as coisas acontecem. Qual é o poder do esporte na sociedade? Você conseguir a voz, o espaço. A partir do momento que não somos incapazes, ganhamos voz. Com essa voz, você consegue transformar o cenário. Uma brincadeira que eu faço é: quem é o incapaz: eu ou a medicina, a ciência? Eu pulo de uma cachoeira de quinze metros, a ciência, a medicina não conseguem ligar dois pontinhos que fariam eu andar de novo”, disse.
 
A edição de hoje do Bola da Vez foi apresentada por André Plihal e contou com a participação dos jornalistas Guilherme Costa e Fernando Nardini.