#PraTodosVerem: A imagem é uma obra de arte de um rosto com várias cores feito com traços circulares. Ela está cercada de corpos tipo pictogramas na cor branca. Fim da descrição. Foto: Divulgação.

 

Todos já passamos por um caso de Bullying. Em uma sociedade com valores contraditórios, o preconceito aparece de várias formas. Comigo não foi diferente, mas demorou.

Na infância sofri pouco preconceito no meio escolar, como já contei aqui, cheguei na escola alfabetizado. Então me destaquei não pela deficiência, mas por já saber ler e escrever. As poucas vezes que passei por um episódio de exclusão foram em passeios e visitas a outras escolas, mas nada de grave e tranquilamente superado.

O caso mais “sério” de bullying que passei foi já no ensino médio, quando passei por uma pequena turbulência na minha vida pessoal. Ali um grupo de colegas se aproveitaram da minha fragilidade para se “divertir” as minhas custas.

Poucas vezes reagia as ações, achava que ignorando poderia anulá-los, mas não funcionava. Dia a dia eu era alvo das risadas dos colegas, e apesar do constrangimento momentâneo, aqui não me afetava psicologicamente (os anos e anos de psicóloga serviram para alguma coisa).

No entanto, tudo na vida é passageiro. O ano foi passando, e eu sempre estive tranquilo com a aprovação, pois era do tal grupo dos “bons alunos”. Já os colegas do bullying faziam parte da turma do fundão, aquela turma que achava que eles iam “passar” na malandragem, mas a vida é dura com malandros.

E tudo aconteceu na aula de inglês, na época estudávamos Past Simple, ou passado simples, no qual os verbos regulares usavam a expressão “ed” para mostrar que estavam no passado. Um conteúdo relativamente fácil, pois era composto com frases e construções simples. Na época impressionei a classe por criar analogias de textos e imagens para facilitar a compreensão da utilização desses verbos.

Eu estava relativamente tranquilo. Mas a turma da malandragem não, e foi aí que o inesperado aconteceu. Eles me pediram ajuda. Nesse momento passou um filme com todas as vezes que fui a diversão deles, todas as mágoas, os risos, a vergonha.

Poderia negar ajuda, poderia me vingar, poderia enfim devolver todas as humilhações e dizer que não ajudaria. Mas se fizesse isso, estaria me igualando a eles, a vingança sobretudo, é um espelho. A raiva nos impede de pensar e a dor de termos compaixão.

Ouvi o apelo deles com atenção, respirei fundo e disse que ajudaria. Daquele momento em diante expliquei como eles poderiam trabalhar, expliquei a ação do verbo. Eles entenderam, fizeram um bom trabalho e foram aprovados.

Daquele momento em diante conquistei o respeito, a admiração e a gratidão deles. O bullying se transformou em apenas uma lembrança ruim.

Não construímos ali uma relação de amizade, mas uma relação humana e isso se leva para a vida inteira.

Em casos de bullying denuncie!