Foto do senador Vanderlan Cardoso, homem branco, com cabelos curtos e escuros. Veste paletó e gravata de cores pretas, camisa branca, está sorrindo. Crédito: Divulgação.

Mais uma vez a Lei de Cotas (Lei n° 8.213/1991) está em risco. O PL 1.052/20 do senador Vanderlan Cardoso (PSD) quer permitir a contratação dos pais de menores com deficiência, a medida também vale para responsáveis legais, quando não houver no município pessoas com deficiência habilitadas para a função.

A proposta está na agenda do Senado e pode ir à votação nesta terça-feira (27). E pode dificultar ainda mais o acesso da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho.

Essa proposta vai contra a inclusão da população com deficiência no mercado de trabalho, viola a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão. Além disso, já parte de uma premissa errônea e discriminatória, pois não considera que existem, em todas as cidades do Brasil, pessoas com deficiência capacitadas para trabalhar.

Definir se uma pessoa com deficiência é “habilitada” ao trabalho ou não é algo muito subjetivo. Quem será capaz de dizer que uma pessoa está apta ou inapta ao trabalho? O empregador que busca se desobrigar da contratação e da necessidade de garantir um ambiente de trabalho plenamente acessível? O poder público, e assim violar o direito subjetivo da pessoa com deficiência a um trabalho digno e decente e de sua livre escolha?

No entanto, não é a primeira vez que ações governamentais atacam a Lei de Cotas. Em 2019, o PL n° 6159 enviado para a Câmara através do Ministério da Economia também propunha uma série de mudanças na Lei que prejudicavam o acesso da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho. Após pressão dos movimentos das pessoas com deficiência o mesmo foi “congelado” pelo então presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (Democratas).

Projeto de Lei do Governo Bolsonaro afeta o acesso ao trabalho para pessoas com deficiência

As dúvidas que ficam são “por que há tanto esforço em mudar a Lei de Cotas? A quem isso interessa? E o trabalho dos parlamentares é defender interesses pessoais ou coletivos da população?”

O PL n° 6159/2019 fere de morte essa política pública de inclusão por meio do trabalho”, alerta Giguer

O que não podemos esquecer é que em 2022 teremos uma nova oportunidade de mudança, não esqueça disso!