JOSILENE MARTINS, UMA MULHER AUTODIDATA

Hoje iremos apresentar a vocês a Josilene Martins, uma leonina, de 33 anos, natural de Leopoldina – MG, que nasceu com Atrofia Muscular Espinhal tipo II e nunca conseguiu andar sozinho. E em razão, da falta de informação da família e de médicos especializados na cidade, só teve o diagnóstico da doença em 2013.

 JOSILENE MARTINS

Como foi sua infância e adolescência?

Tive minha infância e adolescência tranquila, nunca fui de questionar o porquê de minha condição e sempre tentei levar uma vida normal apesar de minhas limitações.

JOSILENE MARTINS- LEOPOLDINA MGComo foi sua vida escolar e acadêmica?

Tenho só até a antiga 8ª série do Ensino Fundamental, pois onde moro não tem mais os anos seguintes e como não temos carro e nem ônibus adaptado aqui, não pude mais dar continuidade aos estudos. Mas sou muito autodidata, leio bastante e sempre fui uma das primeiras alunas da classe.

Qual a sua profissão?

Sou uma empreendedora, trabalho em casa e pela net.

JOSILENE MARTINS- CASADAPTADA

 

Como você cuida da sua beleza?

Eu me amo como sou, acredito ser a “menina dos olhos de Deus”. Sou vaidosa, tento me cuidar como dá. Na verdade nunca fui a um salão de beleza, prefiro sempre chamar a cabeleireira, depiladora e manicure para me atenderem em casa, pois assim posso contar também com a ajuda da minha mãe.

Você acredita que as pessoas te veem a partir da maneira como você se sente e se percebe?

Procuro não me preocupar em como as pessoas me vêem, pois a maioria delas não sabem um terço do que tenho que fazer para alcançar algo, então, procuro sempre ser eu mesma em qualquer situação e jamais me diminuir por ter deficiência, até porque nem me vejo assim.

E quando o assunto é a sexualidade das mulheres com deficiência, ainda existem muitos empecilhos?

Existem sim, mas esses empecilhos na minha opinião estão na mente humana preconceituosa que trata o deficiente, em especial a mulher com deficiência, como uma coitadinha. Esquecendo-se que também temos sentimentos, sensações e vontades próprias e que, portanto, devem no mínimo ser respeitadas.

JOSILENE MARTINS - ATROFIANo tocante a saúde da mulher com deficiência, os consultórios ginecológicos estão preparados para nos receber?

No momento não tive problemas em consultórios ginecológicos. Só encontro mais dificuldade com relação a acessibilidade nos lugares na qual preciso fazer o ultrassom de rotina recomendado pela ginecologista, são super apertados e não há espaço suficiente para o movimento da cadeira de rodas, sendo preciso ser carregada nos braços para a realização do exame.

Que recado você deixa para nossos gestores e para a sociedade em geral, incluindo os que visitam a Casadaptada?

Para os gestores peço que todas as vezes que forem construir algo, pensem no projeto como se fossem ou se tivessem cadeirantes em sua família (mesmo não tendo), pois sou da opinião que algo só é pensado em mudança, quando se tem necessidade própria, do contrário, constroem como se a sociedade fosse feita apenas por pessoas “andantes” e sem nenhuma deficiência.

Para a sociedade em geral recomendo que tenham mais respeito ao próximo e ajudem no que for necessário, pois quem não vive para servir, não serve para viver. E a todos que visitam o Casadaptada sintam-se a vontade para conhecerem um pouco mais da vida de pessoas com deficiência e as que também são deficientes e encontram o site, sejam bem vindas e sintam-se em casa, pois aqui falamos a “mesma língua”. 

DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES-CASADAPTADA

 

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