Gente, todos os dias os jornais e a TV apresentam notícias da Lava Jato, de desvios de dinheiro da merenda escolar, etc. E todas essas denúncias geram uma revolta tremenda em toda a população, inclusive em mim.
Entretanto, o que é mais espantoso é que, apesar dessa compreensão generalizada a respeito da corrupção, o debate sobre os motivos e as possíveis soluções ainda são poucos e deficientes. Daí vem algumas perguntas como:
1) O que é corrupção?
2) Será que ela é uma exclusividade dos deputados, senadores, vereadores, prefeitos etc?
3) Será que também não somos corruptos?
4) E como as pessoas com deficiência (con)vivem com a corrupção?
Maiko Rafael Spiess, nos informa que segundo “(…) a ONG Transparência Internacional, a corrupção pode ser definida como ‘o abuso de poder político para fins privados’ Essa é a definição mais aceita e conhecida do termo e pode ser aplicada à maior parte das notícias sobre a corrupção que vemos diariamente”. Ou seja, as práticas de corrupção são formas de obter vantagens (financeiras ou não), apesar das leis. E falando em regras e/ou leis como você reage diante de um proibido estacionar na vaga destinada às pessoas com deficiência? Diante de um é proibido atravessar a rua fora da faixa ou com o semáforo fechado para pedestres? Ou é proibido fumar no restaurante, no barzinho, etc ?
Roberto Da Matta em sua obra O que faz o brasil; Brasil?, nos lembra que ingleses, franceses e norte-americanos obedecem às leis, pois nesses países “(…) a lei é um instrumento que faz a sociedade funcionar bem(…)” Já no nosso país “(…) a lei sempre significa o ‘não pode’(…) que submete o cidadão ao Estado de forma geral e constante.”
E entre o “pode” e o “não pode” o brasileiro escolheu juntar o “pode” com o “não pode” e dessa junção surgiu o “jeitinho brasileiro,” que segundo Roberto Da Matta “(…) é um modo simpático, desesperado ou humano de relacionar o impessoal com o pessoal; nos casos – ou no caso- de permitir juntar um problema pessoal (…) com um problema impessoal. Em geral, o jeito é um modo pacífico e até mesmo legítimo de resolver tais problemas, provocando essa junção inteiramente casuística da lei com a pessoa que a está utilizando.”
Roberto Da Matta ainda nos lembra que o “jeitinho brasileiro” tem toda uma malevolência, uma ginga, uma simpatia. Características do malandro e que todos os brasileiros possuem a possibilidade de agir como tal em todos os lugares. Nesse sentido, o malandro “é um papel social que está a nossa disposição para ser vivido no momento em que achamos que a lei pode ser esquecida ou até mesmo burlada com certa classe ou jeito.”
Daí quando eu fui a Brasília encontrei muitas malandras nos banheiros adaptados passando a perna nas pessoas com deficiência e cometendo um ato de corrupção. O meu vôo fez uma escala no Rio de Janeiro e ao descer lá precisei ir ao banheiro, detalhe é que ao chegar o mesmo estava ocupado. E eu fiquei ali rezando para minha bexiga suportar, para o avião não sair sem mim e que saísse de dentro daquele banheiro uma outra mulher com deficiência.
Deus apenas ouviu minhas preces em relação a bexiga e ao avião pois,do banheiro acessível saiu uma mulher, sem nenhuma deficiência aparente, arrastando um bocado de malas e ao me encontrar na porta abriu um sorriso amarelado. Todavia, minha bexiga não permitiu que eu explicasse a ela que aquele banheiro é reservado às pessoas com deficiência.
Já em Brasília, durante a Conferência de Políticas Públicas para as Mulheres, após uma manhã de trabalhos, precisei ir ao banheiro e para minha surpresa a mulherada sem deficiência estava usando o banheiro adaptado. Aproveitei para explicar as mesmas as seguintes questões:
1)Que aquele banheiro é nossa única opção e que ele é mais espaçoso pois, a cadeira para as pessoas com deficiência tem que caber lá dentro. Já para as pessoas cegas que precisam da ajuda do cão-guia também necessitam de um espaço maior porque não cabe o cachorro e seu dono naqueles cubículos.
2) Já as barras de apoio servem para os cadeirantes fazerem a transferência da cadeira para o vaso sanitário e se manterem firmes.
3) Também é muito ruim sentar num vaso sanitário todo imundo por outras pessoas sem deficiência e sem educação. Imagine você ter que utilizar um vaso, no qual outras mulheres subiram nele e deixaram as marcas de seus sapatos de grifes lá. E a situação complica para as meninas que fazem cateterismo e que ficam mais propensas a contrair infecções urinárias. Já num banheiro com menos uso, o risco de contaminação é bem menor. Vejam, no vídeo abaixo, uma forma das mulheres fazerem o cateterismo vesical.