Gente, as Paraolimpíadas demonstraram que as pessoas com deficiência encaram qualquer desafio.Afinal de contas, teve cadeirante desafiando a gravidade e descendo uma megarrampa sentado na cadeira de rodas, atleta biamputada dançando ao lado de um robô industrial, fazendo uma coreografia com traços de balé e até sambando, né?!

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Mas, as Paraolimpíadas terminaram e eu fui conversar com a Paola Klokler, atleta paralímpica, que sentada numa cadeira de rodas dá um show de dribles e arremessos nas quadras e por isso já participou de duas paraolimpíadas vestindo a camisa da Seleção Brasileira de Basquete em cadeira de rodas. Ela também fala da sua carreira de modelo e os seus planos para o futuro. Então, vejam o que ela nos falou.

Quem é Paola Klokler?

Paola Klokler … é atleta (Atleta Paralímpica , 2 paraolimpíadas, 8 anos consecutivos defendendo a seleção Brasileira de Basquete sobre Rodas), Modelo e Palestrante…

Qual a sua deficiência?

Eu nasci com má formação congênita na perna esquerda.

E como você, seus pais, familiares e amigos entenderam, essa condição humana?

No início foi um grande Baque para todos …minha família nunca havia tido contato com deficientes e de repente ali, um bebezinho! Foi muito complicado. Porém, com o passar do tempo fui mostrando que minha deficiência não me impedia de fazer nada…

Como foi sua infância e adolescência?

Tive uma infância normal , tirando as várias cirurgias … que foram necessárias por causa da má formação… sempre fui muito ativa e meus pais nunca me esconderam do mundo, sempre foram verdadeiros e diretos comigo! Cresci sabendo perfeitamente do que poderia ou não fazer e tentava me desafiar a cada dia…Minha adolescência foi nas quadras.Sempre fui muito ligada ao esporte e por isso não gostava muito de festas, baladas, e bagunça .

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Quando e como o esporte entrou na sua vida?

Aos 7 anos fui a um médico na AACD onde eu fazia tratamento e pedi que ele me indicasse para o esporte, e assim eu fui parar na minha primeira aula de natação…. 1 mês depois já nadava os 4 estilos com perfeição e agilidade.
Fui parar na equipe competitiva da AACD, fui campeã brasileira, paulista e regional, com 8 e 9 anos.Foram três anos de muitas conquistas e vitórias!!!
Aos 10 anos descobri o grande amor da minha vida… O basquete em cadeira de rodas, na ADD Associação Desportiva para Deficientes.Entrei na segunda equipe infantil de basquete em cadeira de rodas do Brasil na ADD, me apaixonei, evolui, e cresci…

Foi quando apareceu a oportunidade do meu primeiro Brasileiro Feminino.Me tornei titular em uma equipe que já era formada.Conheci atletas que me inspiraram… Joguei, me destaquei e no ano seguinte fui convocada para minha primeira fase de treinamentos da seleção. E o melhor fiquei entre as 12 melhores atletas do Brasil.

Eu estava ao lado daquelas que me inspiravam…

A partir deste momento não parei mais … todos os anos convocada!!!

Copa das Américas … mundial … parapanamericano … e a glória para todo atleta, minha primeira paraolimpíada! Londres 2012

A paraolimpíada de Londres foi para mim o maior sonho realizado! Entrar naquele ginásio lotado e ver as pessoas gritando nossos nomes… sentir cada parte do corpo se arrepiar….

Depois dela ainda vieram mais 4 anos consecutivos até hoje … 8 anos de seleção brasileira e brigando pela vaga para estar no Rio 2016.

Nesse caminho ganhei muitos títulos, nacionais e internacionais.Jogo em times masculinos e deixo muitos homens no banco. Mas sem dúvida, jogar uma paraolimpíada em casa foi a melhor experiência da minha vida!

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O que o esporte representa para você?

O Esporte é minha carreira , minha paixão, minha vida!

Quais as maiores dificuldades enfrentadas por você no início da carreira?

Acredito que não só no início mas durante toda a carreira, pois a falta de patrocínio, a falta de apoio. E é muito difícil tentar manter o esporte e pagar as contas! Eu provavelmente não conseguiria sozinha!

Qual a sensação de participar de uma Paraolimpíada?

Acredito que foi uma das melhores sensações da minha vida!!! Sentir o clima, ouvir meu idioma, ver as arquibancadas lotadas e gritando meu nome … nossa é inexplicável!!! Foi Maravilhoso poder ver minha família bem ali… apoiando, cantando, sentir esse calor humano que somente os brasileiros tem!

Na sua opinião, que benefícios as Paraolimpíadas trouxeram ou ainda trarão para nosso país?

Com certeza hoje as pessoas sabem que nós existimos!!!A Paraolimpíada trouxe um boom de informações para as pessoas…  isso pode trazer mais atletas… mais crianças… e quem sabe até mais Patrocínio!!! Hoje as pessoas não tem desculpa … não podem dizer que nunca ouviram falar, vejo as crianças interagindo, querendo participar e entender nosso esporte e isso é Fantástico!!!

Como você se tornou modelo?

Na verdade comecei a trabalhar como modelo justamente para ajudar com as despesas do Basquete…  Fora que existe um outro lado em mim longe das calças de tactel e das roupas largas do Basquete!!! Sempre gostei de me maquiar e me arrumar.Sou muito vaidosa…

Como modelo e atleta, o que você achou da campanha publicitária com Cléo Pires e Paulinho Vilhena para incentivar as pessoas a irem assistir os Jogos Paralímpico?

Na verdade não vi nada de errado… sim concordo quando dizem que poderiam ter colocado pessoas com deficiência fazendo a mesma campanha.Temos pessoas lindas!!! Sim, também concordo, mas fico pensando se causaria o mesmo impacto.Acredito que o mais  importante é realmente divulgar o paradesporto…

Quais seus planos para o futuro?

Na verdade eu já venho pensando nisso a algum tempo e já comecei a colocar em prática… Adoro dividir com as pessoas … não só minha história de vida, mas aquilo que aprendi com o esporte.  Por isso , as Palestras… Através das palestras consigo alcançar um número maior de pessoas, divulgar  e conscientizar…  Mostrar que muitas vezes achamos que tudo está acabado e na verdade não! Nossos problemas são pequenos… Nós é que os tornamos mais complicados do que realmente são.

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Que mensagem você deixa para os leitores do blog?

Eu desde pequena tenho uma frase que falava para os meus avós… Minha Avó me perguntava, “Filha se Deus te desse uma segunda chance … como você escolheria voltar?”

E eu sempre respondia “Oma, (avó em alemão), eu não ia querer mudar nada… queria vir assim … igualzinha!!!”

Minha deficiência me deu o mundo!!!Passei por muitas coisas complicadas assim como a maioria das pessoas eu apenas soube enxergar isso de forma positiva e tirar proveito delas!!!  Talvez olhar o mundo de forma positiva seja o início para mudar um momento difícil!!!

Paola,muito obrigada por compartilhar sua história e por nos alimentar com a sua mensagem. E se você gostou curta, compartilhe e me acompanhe nas redes sociais Facebook// Instagram//Twitter