Rede de salões Jaques Janine e Associação Laramara ensinam técnicas adaptadas a mulheres com deficiência visual

Foto: Felipe Rau/Estadão
Chloé Gaya (no centro), maquiadora e consultora de imagem do Jacques Janine, coordenou o time de maquiadoras que deu aulas
 
Olhar no espelho e ter certeza de estar passando a maquiagem do jeito correto é um dos passos básicos para a maioria das mulheres que se produzem. No caso das pessoas com deficiência visual, o ritual muda. É preciso tocar o próprio rosto e sentir onde sobrancelha, lábios, olhos começam e terminam para passar sombra, blush e batom. Para ajudar mulheres cegas a se sentirem mais independentes e bonitas, a rede de salões de beleza Jaques Janine e a Laramara (Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual) criaram um curso de automaquiagem ministrado por especialistas.

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Uma parte essencial do curso de automaquiagem para mulheres com deficiência visual é identificar com as mãos cada detalhe do rosto

A primeira turma foi encerrada na quarta-feira, 15, e já existe uma fila de espera de 40 pessoas para a próxima, prevista para agosto. Em seis aulas teóricas e práticas, as alunas aprendem desde preparação da pele, passando pelas funções dos produtos, até truques de como delinear os olhos – um dos grandes desafios da maquiagem para qualquer um.

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O curso ensina técnicas de automaquiagem específicas para mulheres com deficiência visual

“Esse curso me fez pensar a maquiagem de uma maneira diferente. Faz você se sentir mais bonita independentemente de você estar se vendo ou não. Nós que estamos nos vendo sempre no espelho nunca pensamos nisso”, diz Chloé Gaya, maquiadora e consultora de imagem do Jacques Janine.
 
Geisa Souza Santos, 37 anos, ficou cega aos 26 em decorrência de um glaucoma, e afirma que o curso elevou sua autoestima. “Ganhei mais autonomia e independência. Fiquei dez anos sem tirar os óculos escuros, mas agora me encorajei”, conta. “Posso me maquiar e me sentir tão bonita quanto as outras mulheres.”

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Após o curso de automaquiagem, Geisa perdeu a vergonha de mostrar os olhos

Para a massoterapeuta Débora Perossi, de 56 anos, a maquiagem ajuda também no âmbito profissional. “Estou me sentindo mais confiante com minha aparência para atender meus clientes”, afirma. A Laramara percebeu que as pessoas com deficiência visual atendidas pela associação tinham a necessidade de aprender mais sobre automaquiagem durante as atividades da vida cotidiana.
 
“Sabemos que não é só a maquiagem que vai definir a autoestima de uma pessoa, mas ela contribui muito para elas se sentirem mais felizes”, coordenadora do Programa do Jovem e do Adulto, Cecília Maria Oka. A instituição Laramara também ensina técnicas para que pessoas com deficiência lidem com situações do cotidiano, como limpar a casa, cozinhar, estudar e cuidar da própria higiene pessoal.

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A Vult Cosmético doou os produtos de maquiagem que receberam uma identificação em braille (sistema de leitura e escrita dos cegos)

Fontes:  emais.estadao.com.br – cantinhodoscadeirantes.com.br