CONFIRA ESTE INCRÍVEL ENSAIO DA JUCIANE DE ALMEIDA

Detentora de um sorriso largo e corpo escultural, eu só consegui pensar em uma palavra ao conhecer a Juciane, “Eita“, simpatissíssima e comunicativa, amante de motos e viagens viu a vida dar uma reviravolta após um acidente de moto e ser arrastada por um caminhão, passar por inúmeras cirurgias, medos e receios, mas superou os contratempos com muita força de vontade.

Catarinense, moradora de Joaçaba, município localizado no interior estado de Santa Catarina, a Ju luta contra as dores no dia a dia, os olhares curiosos e a mobilidade reduzida com muita fisio, hidro e pilates, após 3 anos de lesão, encarou um ensaio fotográfico lindíssimo e nos mostra o quão nossas cicatrizes podem ser belas, confira:

A Ju nos escreveu contando sua história

No dia 21 de Janeiro de 2014 sofri um grave acidente automobilístico, de lá pra cá quase 4 anos se passaram e ainda estou me tratando em Porto Alegre – RS. Na época eu resolvi mudar de emprego e procurar algum que tivesse assistência médica, (Unimed). Sentia que precisaria ter essa garantia na vida.

Neste novo trabalho já, tive um dia muito corrido, bastante coisas na cabeça, chegou meu intervalo de almoço, neste trajeto o acidente aconteceu, uns 3 min depois que bati o cartão ponto. Ninguém espera que algo ruim vai acontecer, pois é aconteceu comigo. Foi desesperador ver tudo… “uma carreta cortou minha frente e me arrastou por alguns metros esmagando minha perna direita”.

Consigo lembrar de tudo no acidente, lembro que só pensava em me salvar, pedir socorro apesar da dor imensa, lembro de ver minha perna em pedaços, até que o corpo foi amortecendo de tanta dor. Na hora de tudo vi pessoas correndo para me salvar avisando o motorista que eu estava em baixo, vi pessoas pegando toalhas para que eu não queimasse mais no asfalto, mas infelizmente vi algumas só filmando meu sofrimento para divulgar depois, triste realidade hoje para qualquer acidentado. Mas nessa hora eu aprendi que na dor extrema o corpo atrofia e amortece.

No hospital eu vivi meus momentos de terror, dependia de cuidadores 24 horas por dia, usava fraldas, sentia muita dor, curativos que duravam horas para serem feitos, muitas cirurgias, sem saber como eu realmente iria ficar, nem pele sabia de onde iriam tirar para o enxerto ser feito, sabia dos riscos de amputação, da trombose, de infecções graves devido ao tamanho da lesão mas sempre tive muita fé e esperança de que iria melhorar sempre. Nunca acreditei que perderia minha perna, minha fé era maior que tudo, sabia que estava viva por um milagre de DEUS, que com certeza fui salva por algum motivo, mesmo chorando muito e em desespero as vezes, sabia que não estava morta por um livramento de Deus.

Para vários médicos era um caso novo, diziam não ter visto nada igual. Sempre tive muitas dúvidas, e via no rosto deles o pavor em ver algo tão grande e destruído, por várias vezes me disseram que não tinha mais o que fazer, cada um com sua opinião. Quando tive a alta do hospital aprendi eu mesma me fazer os curativos sabia que precisava me ajudar, para melhorar.

Então iniciamos a maratona de recuperação em casa com fisioterapia, reaprendi a andar, nesse dia vi que ninguém poderia fazer por mim o que só eu poderia, então fui a luta. A cada pequena evolução uma vitória, andar, fortalecer, dirigir, caminhar sem as muletas, só bênçãos e vitórias em todos os desafios.

Em um retorno médico ele resolveu que não teria mais o que fazer para tirar minha dor, me explicou sobre a deficiência que eu adquiri e que era melhor procurar meus direitos de PCD ou pessoa com a mobilidade reduzida, nessa hora perdi um pouco o chão, precisei me aceitar, encarar as dificuldades, saber que aquele futsal que eu jogava já não mais faria parte da minha rotina, precisei chorar por 3 horas seguidas mas amadureci e fui em busca dos meus direitos.

A Unimed que busquei lá no começo dessa história foi imprescindível para minha recuperação, junto com recursos na justiça que conseguimos e estou ainda buscando melhorar sempre.

Hoje eu me trato com médicos excepcionais, que apesar de tudo são mais humanos e me olham com carinho antes de me dar qualquer diagnóstico, não foi fácil chegar até aqui, superar todas as dores, desafios diários de aceitação e adaptação, sempre tive muito apoio das pessoas, verdadeiros anjos da guarda que apareceram pra me ajudar, família, amigos, antigo namorado, serei eternamente grata a todos e principalmente a Deus por essa segunda chance.

Agradecer a Deus pela vida e pela guerreira que me tornei, e hoje entendo que talvez meu propósito seja esse contar minha história e ajudar algumas pessoas que por algum motivo estão sofrendo.

Decidi fazer um ensaio de fotos para mostrar que as minhas cicatrizes são sim minhas marcas de vitória e de vida. Apesar de ser mulher e vaidosa, me aceito como sou e tenho orgulho disso, estou feliz, estou viva e aos poucos retomando a vida. Aprendi a trocar uma lágrima por um sorriso mesmo sendo um ato de rebeldia contra fatos incompreensíveis da vida.

Essa frase foi do meu médico pra min …..Dr. João Ellera Gomes.

 

NOTA DO AUTOR

É incrível conhecer histórias assim, muitos não conhecem a trajetória, o degrau em degrau alcançado, a luta do dia a dia, a conquista, por isso acredito na beleza que as cicatrizes nos contam, como foi árduo o processo e como evoluímos como pessoas e seres humanos, só quem passa sabe o valor de cada passo, o deleite da evoluçao, tem uma história assim? escreva-nos ( casadaptada@gmail.com )