Por João Fontenelle

Sou andante. Arquiteto por formação e designer por vocação. Como designer fico sempre pensando em como melhorar as coisas que nos cercam. Sempre tive um prazer especial em trabalhar com mobiliários. Nos últimos anos, tenho me dedicado ao desafio de desenvolver mobiliários para cadeirantes, e pessoas com mobilidade reduzida. Melhor, com alcance reduzido, incluindo idosos e pessoas com nanismo.

Por que resolvi me dedicar a este público? Comecei simplesmente por empatia. Como eu poderia resolver este problema se não pudesse fazer isso? Foi me colocando no lugar que comecei a pensar em algumas ideias que poderiam resolver este problema.

Imaginando-me como cadeirante, me coloquei na situação de ter de acessar todas as manhãs os cabides mais elevados ou as gavetas mais baixas. A dificuldade em acessar os armários suspensos sobre as bancadas da cozinha, ou apanhar algum livro posicionado nas prateleiras mais altas.

Naturalmente pensei em soluções. Por algum motivo desconhecido, acabei pesquisando o que existia a disposição no mercado para atender a este público, e foi este contato que me levou a seguir em frente com minhas ideias. Achei uma carência de produtos que pudessem resolver esses problemas de um modo satisfatório e que simultaneamente fossem esteticamente bonitos como mobiliários que se pretende ter em casa.

Aprofundando estas soluções, comecei a perceber melhor o universo do cadeirante, e descobrindo outras questões que não nos damos conta: o imaginário do que é ser um cadeirante.

Construído por peças pequenas, como a repreensão do pai com o filho que brinca com a cadeira de rodas do avô enquanto este está deitado ou por mensagens subliminares de outdoors, pedindo doações para os infortunados cadeirantes. Acabamos com isso colocando estas pessoas em um espaço cercado, no qual, a não ser que seja cadeirante, parente ou tenha uma pessoa próxima nesta situação, não se tem incentivos para conhecer.

Simplesmente rotula-se como um grupo, atribuindo-se uma certa homogeneidade.
Cria-se a imagem coletiva de que o cadeirante é o inválido, dependente da doação de instituições de caridade, que se não fosse a lei da inclusão não seria capaz de conseguir um emprego por conta própria. Este imaginário se confirma quando falo para alguns andantes sobre o que faço, e percebo uma expressão de admiração, como se estivesse fazendo algum trabalho missionário.

A medida que fui me envolvendo com este público, fui percebendo a quanto esta imagem está longe da realidade. Descobri pessoas fantásticas! Pessoas alegres, divertidas espontâneas. Empreendedores competentes, profissionais qualificados, professores e grandes formadores de opiniões. Não quero também coloca-los no pedestal. São pessoas não heróis! E existem muitos cadeirantes extremamente chatos e inconvenientes também.

E por isso, ofereço o que posso oferecer de melhor: projeto de mobiliários para atender melhor às necessidades de que possui alguma restrição de alcance. Se isto for do agrado deste mercado, continuarei desenvolvendo novas soluções.

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