Por Kica de Castro
Se tem um tema que gera polêmica e boas manifestações feministas, são as tentativas infinitas de padronizar a beleza corporal.
Afinal, o que é padrão de beleza?
Essa é uma opção racional de responder a questão. A beleza virou produto e, como tal, tem a necessidade de gerar consumo diariamente para sobrevivência.
Quem trabalha nesse setor acha que tem o direito de ditar as regras, como um conjunto de características físicas que define o que é belo ou não.
O que de fato precisa ser questionado:
– Quem, de fato, define esse padrão conhece a diversidade?
– Por que essa definição, por um pequeno grupo da sociedade, é válida para considerar uma pessoa feia ou bonita para a maioria?
Vale a pena ressaltar que rótulos foram feitos para produtos e não para pessoas, assim como o gosto pessoal que não se discute.
Uma forma simples e bem rápida de responder os questionamentos acima é que o padrão de beleza é definido pela mudança cultural da evolução humana e a indústria da beleza: produtos cosméticos, procedimentos estéticos e o mundo conhecido como fashion/moda.
Moda está diretamente ligada com a beleza , pois a roupa tem um papel importante nesse setor. A marca que vestimos é status para muitos, e acaba sendo a ditadora de regras, tendência e comportamento.
O que devemos ter consciência é que existem vários tipos de corpos e as variedades de beleza que mostram que cada pessoa é única, o que acaba afirmando que não é regra que TODOS sejam iguais.
As diferenças que fazem ser pessoas belas, aqui cai como uma luva o emprego do termo pessoas especiais, sedo com ou sem deficiência. Cada um precisa saber valorizar a sua beleza natural.
A mídia entra nesse contexto como a grande vilã, uma vez que o tema beleza acaba ganhando destaque com o sucesso de pessoas públicas ou celebridades que estão em maior evidência.
Celebridades transformam a própria imagem em ferramentas de trabalho para o seu sustento em um mundo totalmente capitalista.
Uma outra opção em responder aos questionamentos apontados é o ponto de vista que o cirurgião plástico, Dr. Ivo Pitanguy, costumava dizer que nunca soube definir o que é conceito de beleza, mas sempre que a encontrou soube reconhecer.
Procedimentos estéticos devem ser feitos por questões pessoais e jamais por imposição de terceiros.
Autoestima, autoaceitação e amor próprio em primeiro lugar.
Somos um país miscigenado, por isso não existe UM ÚNICO padrão de beleza. O que existe é diversidade corporal que precisa ser reconhecida pela indústria da beleza e valorizada por todos.
Para fugir desses padrões, que às vezes agridem tantos os aspectos físicos quanto os emocionais, talvez seja necessário um exercício individual. Mudar seus conceitos do que é belo, priorizar seus pontos fortes e jamais esquecer sua identidade visual, além de ter estilo próprio e aceitar sua beleza natural.
Cuidar da aparência é importante, mas tudo com a devida moderação.
Texto e fotos: Kica de Castro
Fotógrafa e publicitária que tem uma agência de modelos exclusiva para profissionais com alguma deficiência, desde 2007. São anos de trabalho provando que beleza e deficiência não são palavras opostas.
Apresentadora do quadro Viver Eficiente, objetivo dar voz e visibilidade para as pessoas com deficiência. O quadro faz parte do programa Cotidiano, apresentando pelo renomado jornalista João Leite, sábados às 14h: TV Artes, Rede Metrópole e canal no Youtube.
Contato: vivereficiente@gmail. com
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