Por Kica de Castro
Marcio Monclair – modelo com deficiência visual. “O conceito estabelecido como padrão não existe, até as modelos renomadas passam por retoques de imagem antes de serem capas de revista.”
Se tem um tema que gera polêmica e boas manifestações feministas, são as tentativas infinitas de padronizar a beleza corporal.
Afinal, o que é padrão de beleza?
Essa é uma opção racional de responder a questão. A beleza virou produto e, como tal, tem a necessidade de gerar consumo diariamente para sobrevivência.
Quem trabalha nesse setor acha que tem o direito de ditar as regras, como um conjunto de características físicas que define o que é belo ou não.
O que de fato precisa ser questionado:
– Quem, de fato, define esse padrão conhece a diversidade?
 
– Por que essa definição, por um pequeno grupo da sociedade, é válida para considerar uma pessoa feia ou bonita para a maioria?  
Adriana Buzelin – modelo fotográfico com tetraplegia
“A beleza vai além de ser belo. É se sentir bem consigo mesmo.”

 

Vale a pena ressaltar que rótulos foram feitos para produtos e não para pessoas, assim como o gosto pessoal que não se discute.
 
Uma forma simples e bem rápida de responder os questionamentos acima é que o padrão de beleza é definido pela mudança cultural da evolução humana e a indústria da beleza: produtos cosméticos, procedimentos estéticos e o mundo conhecido como fashion/moda.
 
Caroline Marques – modelo com paraplegia.
“O padrão de beleza é o reflexo do espelho.”
Moda está diretamente ligada com a beleza , pois a roupa tem um papel importante nesse setor. A marca que vestimos é status para muitos, e acaba sendo a ditadora de regras, tendência e comportamento.
 
O que devemos ter consciência é que existem vários tipos de corpos e as variedades de beleza que mostram que cada pessoa é única, o que acaba afirmando que não é regra que TODOS sejam iguais.
 
As diferenças que fazem ser pessoas belas, aqui cai como uma luva o emprego do termo pessoas especiais, sedo com ou sem deficiência. Cada um precisa saber valorizar a sua beleza natural.
 
Paula Ferrari – modelo fotográfico com mielite
“Beleza é aquilo que te faz bem, te faz feliz. O conceito é percepção exclusivamente individual.”
A mídia entra nesse contexto como a grande vilã, uma vez que o tema beleza acaba ganhando destaque com o sucesso de pessoas públicas ou celebridades que estão em maior evidência.
 
Celebridades transformam a própria imagem em ferramentas de trabalho para o seu sustento em um mundo totalmente capitalista.
 
Uma outra opção em responder aos questionamentos apontados é o ponto de vista que o cirurgião plástico, Dr. Ivo Pitanguy, costumava dizer que nunca soube definir o que é conceito de beleza, mas sempre que a encontrou soube reconhecer.
Procedimentos estéticos devem ser feitos por questões pessoais e jamais por imposição de terceiros.
Autoestima, autoaceitação e amor próprio em primeiro lugar.
Somos um país miscigenado, por isso não existe UM ÚNICO padrão de beleza. O que existe é diversidade corporal que precisa ser reconhecida pela indústria da beleza e valorizada por todos.
 
Para fugir desses padrões, que às vezes agridem tantos os aspectos físicos quanto os emocionais, talvez seja necessário um exercício individual. Mudar seus conceitos do que é belo, priorizar seus pontos fortes e jamais esquecer sua identidade visual, além de ter estilo próprio e aceitar sua beleza natural.
 
Cuidar da aparência é importante, mas tudo com a devida moderação.
Texto e fotos: Kica de Castro
Fotógrafa e publicitária que tem uma agência de modelos  exclusiva para profissionais com alguma deficiência, desde 2007. São anos de trabalho provando que beleza e deficiência não são palavras opostas. 
Apresentadora do quadro Viver Eficiente, objetivo dar voz e visibilidade para as pessoas com deficiência. O quadro faz parte do programa Cotidiano, apresentando pelo renomado jornalista João Leite,  sábados às 14h: TV Artes, Rede Metrópole e canal no Youtube.
(0xx11) 98131-0154