A VITORIOSA ALICE DA SILVA

Vitórias e conquistas fazem parte da vida de uma mineira natural da cidade de Governador Valadares, Alice da Silva, 49 anos. Ela diante das limitações provenientes de uma Lesão Medular (nas vértebras T5,T6) adquirida aos 7 anos de idade, teve que aprender a lutar ainda criança e hoje trabalha numa empresa que comanda o mercado brasileiro no quesito de adaptação veicular.  

mulher - cadeirante

Como foi sua infância e adolescência?

Aos 09 anos de idade fui morar em um colégio interno de Padres e Freiras para reabilitação e instrução. Lá tive toda minha instrução formal e morei até 2007 onde sai e fui morar sozinha em um apartamento que adquiri.

Fale-nos de sua vida escolar e acadêmica.

 Após eu ter saído da instituição, me formei em Marketing pela UNIP. Foi tranquilo frequentar o curso, eu saia do trabalho às 18 horas e ia para a faculdade que é próxima ao meu trabalho.

MULHER COM DEFICIENCIA - CAVENAGHIQual a sua profissão?

Consultora/Supervisora. Desde 1994, na Cavenaghi In. Com. Equip. Especiais LTDA.

Como se deu sua entrada no mercado de trabalho?

Deu-se com uma grande vontade de conquistar minha independência de locomoção/transporte e financeira para sair da instituição e retomar o controle da minha vida.

Como é sua relação com os demais colegas de trabalho?

No começo me sentia muito observada por todos o tempo todo, e sentia que para ser considerada boa eu tinha que mostrar desempenho e resultado três vezes mais do que era cobrado dos outros funcionários que não tinham nenhuma deficiência. Hoje consegui inverter a situação, cobro muito deles (não deficientes) e eles falam que sou BRAVA.

Para você como é ser mulher com deficiência num país, cujo padrão de beleza é o da barbie ( que é ser magra, alta, peituda, saudável, jovem, loira e ter um corpo “perfeito”)?

Não é fácil ser mulher com deficiência. As pessoas naturalmente acham que o seu parceiro tem que ser pessoa que também faz uso de cadeira de rodas, eles são cheios de dúvidas a seu respeito, mas não perguntam nada, te tirando assim qualquer chance.

ALICE SILVA -CAVENAGHIQuando tenho oportunidade, falo para eles que eu não posso oferecer bunda e corpo bonito e que não preciso de homem para me dar presentes e pagar minhas contas, pois isso eu mesma faço por mim através do meu trabalho. Falo que eles precisam olhar para mim e ver além de tudo isso, deve ter alguma coisa lá no fundo que eles gostam e queiram.

E quando o assunto é a sexualidade das mulheres com deficiência, ainda existem muitos empecilhos?

Não acredito que existam empecilhos, claro que nunca poderei dar uma chave de perna no cara, mas ainda me restam mãos e boca para usar. Porém reconheço que o homem gaste um pouco mais de força física para me ajudar na performance das posições.

No tocante a saúde da mulher com deficiência, os consultórios ginecológicos estão preparados para nos receber?

De maneira geral as clinicas e os funcionários não são preparados para nos receber, sempre temos que dizer o que fazer e ir ao local com acompanhante, pois sempre tem alguns degraus ou lances de escadas.

ALICE SILVA- CAVENAGHI- CASADAPTADAQue recado você deixa para nossos gestores e para a sociedade em geral, incluindo os que visitam a Casadaptada?

Minha deficiência não me perturba nem um pouco, porém é bastante estressante ter que ficar se justificando o tempo todo para as pessoas, seria muito bom se elas nos vissem como elas próprias se veem.  Mas isso é uma utopia.

 

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