A PARATLETA ALINE ROCHA 

Nossa “guerreira” de hoje não nega que é uma mulher resistente como uma rocha e carrega essa resistência tanto na profissão quanto no nome, Aline Rocha. Natural de Pinhão – PR, cresceu em Campos Novos – SC, e hoje vive em São Caetano do Sul – SP. Teve uma infância e adolescência como de muitas outras garotas.

Entretanto, em 2006, aos 15 anos de idade um acidente automobilístico a deixou paraplégica e a levou para o mundo do paratletismo. E aí, ficaram curiosos para conhecerem a história dessa obstinada mulher, né?! Então com vocês, Aline Rocha!

 Aline Rocha

Fale-nos da Aline Rocha adolescente.

Sempre fui tímida, não gostava de atividade física. Como sofri o acidente aos 15 anos, a fase mais difícil foi retornar os estudos na nova condição, de cadeirante, mas como conheci pessoas que me aceitaram como eu era, foi mais fácil a minha própria aceitação.

Como foi sua vida escolar e acadêmica?

Aline Rocha - paratletaQuando fiquei paraplégica estava no Ensino Médio, e sempre tive o sonho de ser médica. Mas quando virei atleta resolvi começar a faculdade de Educação Física e me apaixonei pelo curso. Pensava que seria impossível dar aulas em escola, mas nos estágios mudei minha visão, é possível sim.

Quando me mudei para São Caetano do Sul, tranquei a faculdade na última fase, mas pretendo transferir e concluir em breve. Também faço curso de inglês para que possa me comunicar melhor nas competições fora do Brasil.

Qual a sua profissão?

Eu sou atleta da modalidade de atletismo, participo de corrida em cadeira de rodas. Minha vida se resume ao esporte, treino de segunda a sexta na pista olímpica, aos domingos na rua, faço academia três vezes por semana. Ministro palestras relacionadas à atividade física e saúde, esporte adaptado, inclusão nas aulas de Educação Física.

 No Brasil, a maior dificuldade das corridas em cadeira de rodas é o alto custo dos materiais esportivos devido os impostos do Brasil, e a falta de incentivo de empresas, que não querem aliar as suas marcas com a pessoa com deficiência. Porém, eu tenho alguns patrocinadores que acreditaram em mim e tem orgulho de incentivar o esporte adaptado.

Aline Rocha - paraplégicaComo você cuida da sua beleza?

Na verdade eu nunca fui muito vaidosa, acho que é pelo fato de a minha família trabalhar com salão de beleza, sempre tive acesso a tudo isso dentro de casa. Minha mãe tem salão de beleza e minha sogra também. Porém, sempre procuro cuidar da minha imagem como atleta, principalmente uniforme e material esportivo.

Quando comecei a fazer academia, tive receio da aparência física não ficar legal, pouco feminina, mas com o tempo deixei isso de lado e até gosto dos meus músculos, 😀 😀  faz parte do esporte. Eu não acho que as pessoas me veem de má forma, e mesmo que vejam eu não me importo pois sou muito feliz da forma que estou.

E quando o assunto é a sexualidade das mulheres com deficiência, ainda existem muitos empecilhos?

Eu acho que os únicos empecilhos estão dentro da cabeça de algumas mulheres como o medo de não agradar, ou o receio de que algo de errado. Eu tenho uma vida normal em todos os aspectos e a autoconfiança é fundamental para fazer o que gosta e ser feliz.

No tocante a saúde da mulher com deficiência, os consultórios ginecológicos estão preparados para nos receber?

A saúde é um ponto que eu cuido muito. Tenho que fazer vários tipos de exames regularmente, pois existem muitos medicamentos que contém substâncias proibidas e podem interferir no exame antidoping nas competições. Nunca tive problemas em consultas e exames, sejam ginecológicos ou outros, mas não posso contar com o Sistema Público de Saúde para a realização de exames, devido a demora para agendamento.

Aline Rocha - lesão medularEntão, como acabo sempre fazendo consultas particulares, procuro os melhores profissionais para isso, e antes de agendar, por telefone explico o meu caso (que sou atleta, cadeirante, etc) para que eles já estejam preparados para me receber.

Falar do Brasil como um todo é difícil, no meu ver o País tem evoluído mas ainda está longe do ideal para poder atender as mulheres com deficiência, com eficiência.

Que recado você deixa para nossos gestores e para a sociedade em geral, incluindo os que visitam o Casadaptada?

Os profissionais de todas as áreas devem aprender ainda na graduação a trabalhar com diferentes tipos de público, isso é o básico. A sociedade não pode se contentar com um serviço mais ou menos e ficar calado diante de situações constrangedoras.

As mulheres precisam exigir um serviço de qualidade, pois tem direito de ter uma vida como qualquer outra, seja para ir a um salão de beleza ou em um consultório médico. E a sociedade precisa estar preparada para nos receber.

Não sinta vergonha, pensando que não tem um “padrão brasileiro”, todos somos diferentes, o que nos torna únicos. Não somos especiais por termos uma deficiência, somos especiais por sermos nós mesmas.

Aline Rocha - mulher- deficiencia

 

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