Para quem pensa que um cadeirante jamais conseguirá colocar uma fralda no seu filho, niná-lo e dar a mamadeira. Alessandro que recentemente foi pai de gêmeos, mostra por meio de alguns vídeos e dos textos do seu blog que cuidar de dois recém-nascidos não é fácil para ninguém, ainda mais sendo pai de primeira viagem e cadeirante. Mas, ele mostra que com algumas adaptações é possível, sim.
Curiosos para saber mais sobre sobre a vida de Alessandro? Como surgiu a ideia de se tornar um blogueiro e vlogueiro? E quais os desafios de um pai, de gêmeos, cadeirante? Então, vejam a entrevista abaixo.
1- Quem é Alessandro?
É um cara bem humorado, que ama a família e a vida. Adora uma aventura e encontrar seus amigos. Não busca mais a felicidade, vive ela diariamente!
2- Fale-nos sobre sua deficiência e como você, seus pais, familiares e amigos “digeriram” tudo isso?
Virei deficiente devido a um acidente de moto em julho de 2006. No primeiro momento a gente fica muito assustado e apreensivo, mas logo que entendi a gravidade e as consequências, tratei de levar tudo numa boa e adaptar minha vida à nova condição, com meu bom humor de sempre, não fiquei triste em momento algum. Isto tranquilizou minha família e amigos, que deram todo apoio possível e também lidaram com a situação da forma possível.
3- Foi difícil o processo de reabilitação? Como você superou a nova
condição?
Enfrentei as dificuldades naturais da reabilitação, como controle do corpo e das necessidades fisiológicas. Passei um período no Hospital Sarah, que ajudou muito neste processo, e em seguida fiz fisioterapia em casa. Superei com tranquilidade, muito esforço, apoio da família e muito bom humor. Não tive dificuldade para superar porque percebi que era uma situação irreversível, não tinha o que fazer naquele momento, então tratei de tocar a vida!
4- O que mudou na sua vida após o acidente?
A forma como me locomovo e como vou ao banheiro, o que aumentou a necessidade de planejamento. Para quase tudo. Viajar, sair à noite, praticar esportes e realizar aventuras, as coisas que mais gosto de fazer, demandam hoje planejamento para que haja acessibilidade ou adaptação para cadeira de rodas. O banheiro é sempre um limitador, mas não deixo de fazer nada por causa disso, é só planejar e me adaptar!
5- Como surgiu a ideia de se tornar um blogueiro e vlogueiro?
Através de um amigo, que ao perceber que eu ficaria um bom tempo em casa após o acidente me recuperando, até voltar a trabalhar, deu a ideia de montar um blog e falar sobre algum assunto de meu interesse. Não pensei duas vezes e criei o Blog do Cadeirante. Com o tempo minhas experiências foram atraindo seguidores e fiquei estimulado a melhorar as postagens, daí veio a ideia de fazer vídeos, que publicava no meu canal pessoal. Recentemente criei um canal específico para o blog.
6- Para você o que é ser blogueiro e vlogueiro? E qual a sua visão sobre a blogosfera?
É ter a oportunidade de expor minhas experiências e opiniões e ainda interagir com os leitores e seguidores. Desta forma, todos ganham! Percebo que tem muita gente indo no embalo do sucesso de algumas pessoas sem preparo, o que gera conteúdo pobre. Porém, só quem investe nisso com seriedade e produz conteúdo de qualidade sobreviverá a longo prazo.
7- Quais os desafios de um pai, de gêmeos, cadeirante?
Muitos! Como lesado medular, tenho pouco controle de tronco e preciso fazer um esforço maior para segurá-los, além da dificuldade natural de transferência e “velocidade” para atender às demandas deles. Isto não seria problema se eu não sofresse de dor crônica, é esse meu maior desafio, lidar com ela diariamente para não atrapalhar minha relação com eles. Se conseguir minimizar estas dores, o único desafio será mostrar para eles que a diversidade pode conviver tranquilamente com a felicidade!
8- Que mensagem você deixa para os leitores e leitoras desse blog?
Pode parecer clichê, mas é o recado que tenho. Não desista jamais dos seus sonhos, não se deixe abater pelos obstáculos, eles estão aí para serem superados. Atitude positiva diante dos desafios é o que me faz acordar todo dia. É sempre um bom começo!