Foi ao som do Tema da Vitória, música que tantas vezes embalou Ayrton Senna no pódio, que um grupo de sete crianças com deficiência desceu a rampa de trás da Casa de Verão do Sesc/RS, em Tramandaí, rumo à areia. Usando andadores coloridos, feitos com canos de PVC e rodinhas de triciclos, os alunos do Educandário São João Batista, de Porto Alegre, experimentaram pela primeira vez um banho de mar sem os equipamentos metálicos ou as cadeiras de rodas.
Lucas Mallet, de 11 anos, foi um dos participantes da ação promovida pelo Projeto Tampinha Legal, criada pelo Congresso Brasileiro do Plástico (CBP). Eufórico, o menino não queria sair da beira da água.
— Água, água! — repetia para a mãe, Carine Mallet, e para o pai, Luciano Serrat, que o acompanhavam.
Antes, a família precisava usar a cadeira de rodas até um trecho e depois carregar o menino para a água no colo.
— Era bem cansativo — lembra o pai.
Emocionada, Carine vibrou com a liberdade que o andador plástico dá ao filho:
— Primeira coisa foi a emoção de tocar aquela música e ver ele descendo sozinho. Ele tem uma vibração genial. Ver ele fazendo isso sem ter que depender de alguém foi maravilhoso. Quando ele chegou na água foi mais emocionante ainda.
Mais leves, práticos e baratos — um andador de PVC custa, em média R$ 100, valor bem abaixo dos tradicionais — o equipamento tem ainda os benefícios de poder ser molhado na água salgada e de andar na areia com facilidade.
— A ideia é um andador que não degrade na água e que ande na areia fofa — diz o assessor técnico do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado Rio Grande do Sul (Sinplast), Manuel Gonzales.
Os equipamentos foram desenvolvidos durante uma oficina promovida em dezembro no próprio educandário e contou com a participação da terapeuta ocupacional Mariana Saar. Ela que ensinou como é possível criar um andador usando materiais simples e baratos.
— Queremos que as pessoas aprendam a fazer — destaca.
O projeto
Criado pelo Congresso Brasileiro do Plástico, o Projeto Tampinha Legal tem como objetivo arrecadar tampinhas e lacres que ficam no gargalo das garrafas, tanto para preservar o meio-ambiente quanto para reverter a sua venda em verba para entidades assistenciais.
Fonte: zh.clicrbs.com.br