Sentir-se bem consigo mesmo é um desafio nos dias de hoje. Como se não bastasse, além da mídia estar sempre reforçando a ideia do “corpo perfeito”, a sociedade também vive julgando a pessoa “bonita ou feia”. Associado à correria do dia a dia, acabamos perdendo o interesse e, sem perceber, passamos a evitar de olhar para o nosso próprio corpo e beleza.
Minto se disser que nunca tive problemas com autoestima, ainda mais após o acidente. Certo dia durante meu processo de reabilitação, meu professor (hoje um amigo muito querido) me viu em um momento muito delicado e mostrou várias fotos de uma cadeirante (a Mara Gabrilli!) que aprendeu a se valorizar apesar da deficiência e fez um ensaio fotográfico belíssimo.
(Isis Rezende).
– Thaíse, como foi fazer um ensaio fotográfico profissional?
Foi um trabalho de expectativa e realização que eu jamais teria conseguido sem a ajuda de “anjos” na minha vida que sempre estão comigo e topam todas as minhas ideias malucas (risos). Atrás de cada imagem tem muita transferência (cadeira de rodas, sofá, chão, cama… só faltou levitar kkkkkkkk), muito malabarismo pra colocar o pé no lugar e, inevitavelmente, muitas historias que só quem é cadeirante ou convive com algum de nós poderia entender.
Senti tudo (risos)… Adorei as imagens, os comentários, o cuidado com que cada ângulo foi escolhido pela Isis e pelo Rafael e, mais ainda, o olhar surpreso das pessoas ao saber que se trata de uma cadeirante, SIM! Tetraplégica, lesão C4 a C6… Por que não?– Você indica outras pessoas a fazerem também?
Acredito que primeiro você deve gostar de quem é (com nossos milhares de defeitos) e ter uma energia boa que queira passar para as pessoas que forem apreciar o trabalho. Assim, qualquer imagem vai ser capaz de transmitir o seu melhor através do seu olhar, do seu sorriso, da sua atitude. E isso, não há photoshop que agregue!
Fonte: Cantinho dos Cadeirantes