NÃO EXISTE VAGA PCD

Certamente você que procura emprego ou que se depara com vagas, já deve ter visto por aí, “vaga para PCD”, mas o que isso significa? Nada além de capacitismo e preguiça de escrever pessoa com deficiência.

PCD não é vaga, PCD não é cargo, PCD não é requisito, PCD não é critério de desempate ou plus para uma vaga.

PCD é apenas uma abreviação preguiçosa para Pessoa com Deficiência.

O fato é que lutamos tanto por uma representação que nos humanizasse, que não apagasse nossa personalidade. E acabamos caindo na vala comum de mais uma sigla mercadológica que preza pelos poucos caracteres.

TEIMOSIA EM EXISTIR

 Se tem algo que as pessoas com deficiência são é: teimosas!

Mas não é aquela teimosia que paralisa, que prega verdades absolutas ou dogmas.

E sim, uma teimosia altruísta, libertária, um orgulho incompreendido.

É por sermos teimosos que contrariamos a lógica, saindo por aí, fazendo o que queremos fazer.

É por ser teimosos que gritamos até ser ouvidos, que reivindicamos o básico.

É por ser teimosos que somos taxados de orgulhosos ao recusar ajuda quando não precisamos.

É por ser teimosos que batemos de frente com capacitistas disfarçados de inclusivos.

É por ser teimosos que ocupamos espaços que “não são para nós”, mas que mostramos que podemos estar onde quisermos.

É por ser teimosos que brigamos por acessibilidade e mostramos que a falta dela não é nossa culpa, e que nos podemos ser a solução e não um problema.

É por ser teimosos que não temos medo ou vergonha de ser quem somos, do jeito que somos e queremos ser.

Somos a teimosia que inclui.

 

A RECEITA DA INCLUSÃO

 

Alguns acham que incluir é similar a uma receita de bolo: mistura os ingredientes, mexe pra lá, mexe pra cá, enfeita, leve ao forno e depois saboreia os resultados. Seria fácil, lindo, metódico, mas não é! E é aí que está o valor.

A grande maioria das pessoas que me procuram querem a receita da inclusão, um passo a passo, uma cartilha, um guia… É possível? Em alguns momentos sim, mas quando falamos de pessoas falamos de diversidade, e ao falar de diversidade, falamos de unidade, ou seja, somos todos únicos, diferentes, diversos..

E isso implica justamente na impossibilidade da receita, pois podemos aprender sim sobre acessibilidade, sobre tecnologias assistivas, sobre estratégias de inclusão, mas só vamos aprender sobre pessoas, conversando com elas, convivendo com elas, perguntando para elas.

Então, se houvesse uma receita para incluir, ela seria: Conecte-se com as pessoas, acolha-as e deixe-as se expressarem.

 

CULTURA INCLUSIVA

Desenvolver uma cultura é um desafio, seja para uma organização ou para a sociedade. Mas ao pensarmos em cultura, logo pensamos em pessoas e movimento. E, por isso, que a cultura inclusiva deve ser exercida todos os dias.

É como plantar uma árvore: Tudo começa pela semente, depois é preciso regá-la, adubá-la, cuidar dela e fortalecerá. Assim ela criará raízes, dará frutos, e principalmente, multiplicá-las.

Uma cultura inclusiva é plantar uma semente de exemplo, de reciprocidade, de engajamento.

A inclusão é papel de todos e todas e a criação, manutenção e multiplicação da cultura inclusiva também.

 

 

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